sábado, 24 de novembro de 2012

LITURGIA - FESTA DE CRISTO REI


Um Rei diferente
Mons. José Maria Pereira
      A solenidade de hoje, Jesus Cristo, Rei do Universo, no último domingo do ano litúrgico, é como uma síntese de todo o mistério salvífico. Com ela encerra-se o ano litúrgico: depois de termos celebrado todos os mistérios da vida do Senhor, apresenta-se agora à nossa consideração Cristo glorioso, Rei de toda a criação e das nossas almas. Ainda que as festas da Epifania, Páscoa e Ascensão sejam também festas de Cristo Rei e Senhor de todas as coisa criadas, a de hoje foi especialmente instituída para nos mostrar Jesus como único soberano de uma sociedade que parece querer viver de costas para Deus.
    Os textos bíblicos salientam o amor de Cristo-Rei, que veio estabelecer o seu reinado, não com a força de um conquistador, mas com a bondade e a mansidão do pastor: “Eis que eu mesmo buscarei minhas ovelhas e tomarei conta delas. Como o pastor toma conta do rebanho quando ele próprio se encontra no meio das ovelhas dispersadas, assim irei visitar as minhas ovelhas e as resgatarei de todos os lugares em que foram dispersas em dia de nuvens e de escuridão” (Ez 34, 11-12).
    Foi com esta solicitude que o Senhor veio em busca dos homens dispersos e afastados de Deus pelo pecado. Tanto os amou que deu a vida por eles. Disse o Beato João Paulo II: “Como Rei, vem para revelar o amor de Deus, para ser o Mediador da Nova Aliança, o Redentor do homem. O Reino instaurado por Jesus Cristo atua como fermento e sinal de salvação a fim de construir um mundo mais justo, mais fraterno, mais solidário, inspirado nos valores evangélicos da esperança e da futura bem-aventurança a que todos estamos chamados. Por isso, no Prefácio da Missa de hoje, fala-se de Jesus que ofereceu ao Pai um reino de verdade e de vida, de santidade e de graça, de justiça, de amor e de paz.”
   Assim é o Reino de Cristo, do qual somos chamados a participar e que somos convidados a dilatar mediante um apostolado fecundo. O Senhor deve  estar presente nos nossos familiares, amigos, vizinhos, companheiros de trabalho...
      A atitude do cristão não pode ser de mera passividade em relação ao reinado de Cristo no mundo. Nós desejamos ardentemente esse reinado. “Venha a nós o vosso Reino”, rezamos na oração do Pai-Nosso. É necessário que Cristo reine em primeiro lugar na nossa inteligência, mediante o conhecimento da sua doutrina e o acatamento amoroso dessas verdades reveladas. É necessário que reine na nossa vontade, para que se identifique cada vez mais plenamente com a vontade divina. É necessário que reine no nosso coração, para que nenhum amor anteponha ao amor de Deus. É necessário que reine no nosso corpo, templo do Espírito Santo; no nosso trabalho profissional, caminho de santidade.
     No Evangelho (Jo 18, 33-37), Jesus respondeu a Pilatos: “O meu reino não é deste mundo... Para isso nasci e para isso vim ao mundo...” Não sendo deste mundo, o Reino de Cristo começa já nesta terra. O seu reinado expande-se entre os homens quando eles se sentem filhos de Deus, quando se alimentam d’Ele (na Eucaristia) e vivem para Ele.
     Um ladrão foi o primeiro a reconhecer a sua realeza: “Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino” (Lc 23, 42).
      Hoje ouvimos o Senhor dizer-nos na intimidade do nosso coração: “Eu tenho sobre ti desígnios de paz e não de aflição” (Jr 29,11). E fazemos o propósito de corrigir no nosso coração o que não estiver de acordo com o querer de Cristo.
   Ao mesmo tempo, pedimos-lhe que nos reforce a vontade de colaborar na tarefa de estender o seu reinado ao nosso redor e em tantos lugares em que ainda não o conhecem.
     “Venha a nós o vosso Reino”.
      Que esse Reino venha de fato ao nosso coração e ao coração de todos os homens: Reino de Verdade e de Vida; Reino de Santidade e de Graça; Reino de Justiça, de Amor e de Paz...
     Sejamos mensageiros desse Reino, na família, na rua, na sociedade, no ambiente de trabalho...

Nenhum comentário:

Postar um comentário