quinta-feira, 28 de setembro de 2017

HOMILIA DOMINICAL






 XXVI Domingo do Tempo Comum – Ano A




O Patrão Generoso

“Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, e vossos caminhos não são os meus”, diz o Senhor (Is 55,8).


     O homem não pode reduzir Deus à medida dos seus pensamentos, nem condicionar o comportamento do Altíssimo às suas categorias de justiça e de bondade. 

            Deus está muito acima do homem, muito mais do que está o céu acima da terra (Is 55,9); por isso, muitas vezes os projetos da sua providência são incompreensíveis à inteligência humana, que os deve aceitar com humildade, sem pretender adivinhá-los ou julgá-los. 

          Quantas vezes ficamos aquém das maravilhas que Deus nos preparou! Quantas vezes os nossos planos se revelam tão estreitos!
É este o ensinamento profundo contido na parábola dos trabalhadores da vinha (Mt 20,1-16).

           Trata-se de um patrão que saiu de manhã cedo para contratar trabalhadores para a sua vinha.Combina com eles um denário por dia.Torna a sair pelas nove,pelo meio dia, pelas três da tarde e pelas cindo da tarde.Chegado o fim do dia, manda pagar a todos o mesmo salário, a começar pelos últimos. Os primeiros murmuraram, pensando que haviam de receber mais. O patrão mostra que não é injusto para com os primeiros, e defende o direito de fazer o bem.

         Esta parábola pode aplicar-se ao povo judeu, que passou para o último lugar porque não reconheceu o dom de Deus.Depois chamou também os gentios.Todos são chamados com o mesmo direito a fazer parte do novo Povo de Deus, que é a Igreja. 

          Para todos o convite é gratuito.Por isso, os Judeus, que foram chamados primeiro, não teriam razão ao murmurar contra Deus pela escolha dos últimos, que têm o mesmo prêmio: fazer parte do Seu Povo. À primeira vista, o protesto dos trabalhadores da primeira hora parece justo. E parece-o, porque não compreendeu que poder trabalhar na vinha do Senhor é um dom divino.Jesus deixa claro com a parábola que são diversos os caminhos pelos quais chama, mas que o prêmio é sempre o mesmo: o Céu!

          Com esta parábola o Senhor não deseja dar-nos uma lição de moral salarial ou profissional, mas sublinhar que, no mundo da Graça, tudo é um puro dom, mesmo o que parece ser um direito que nos assiste pelas nossas boas obras.


          Os que fomos chamados a diferentes horas para trabalhar na vinha do Senhor, só temos motivos de agradecimento.A chamada, em si mesma, já é uma honra.”Não há ninguém, afirma São Bernardo,que, por pouco que reflita, não encontre em si mesmo poderosos motivos que o obriguem a mostrar-se agradecido a Deus.E especialmente nós, porque o Senhor nos escolheu para si e nos guardou para o servirmos somente a Ele”.



       O patrão insiste com mais energia no seu convite: “Ide vós também para a minha vinha”.

         Podemos ficar indiferentes diante de tantos que não conhecem a figura de Cristo? No campo do Senhor há trabalho para todos! Deus não chega nem demasiado cedo nem demasiado tarde às nossas vidas. O que Ele quer é que, a partir do momento em que nos visitou na sua misericórdia, nos sintamos verdadeiramente comprometidos a trabalhar na sua vinha, com todas as forças e com todo o entusiasmo, sem nos esquivarmos com promessas futuras, nem desanimarmos com o tempo perdido.

         Não são gratas ao Senhor as queixas estéreis, que revelam falta de fé, ou mesmo um sentido negativo e cético do ambiente que nos rodeia. Esta é a vinha e este é o campo em que o Senhor quer que estejamos inseridos nessa sociedade que apresenta os seus valores e deficiências. 

        É na nossa própria família, e não em outra, que devemos santificar-nos , e é essa família que devemos levar a Deus; e o trabalho que nos espera hoje, na Universidade ou no escritório, e não outro, que devemos converter em trabalho de Deus…Esta é a vinha do Senhor, onde Ele quer que trabalhemos sem falsas desculpas, sem saudosismos, sem exagerar as dificuldades, sem esperar oportunidades melhores.

            Para levarmos a cabo este apostolado, temos todas as graças necessárias. É nisto que se fundamenta todo o nosso otimismo.Deus chama-me e envia-me como trabalhador para a sua vinha; chama-me e envia-me a trabalhar para o advento do seu Reino na história: esta vocação e missão pessoal define a dignidade e a responsabilidade de cada fiel leigo e constitui o ponto forte de toda a ação formativa.

           O Senhor quer nos mostrar que no mundo da Graça não se podem fazer valer quaisquer direitos. É certo que o homem deve colaborar na sua salvação eterna, mas esta é um bem tão sublime que jamais deixa de ser um dom, até mesmo para as almas mais santas.

            Deus pode chamar a qualquer hora e o homem deve estar sempre pronto para responder ao Seu chamamento. “Buscai o Senhor, enquanto pode ser achado; invocai-o, enquanto Ele está perto” (Is 55,6).



         
    Mons. José Maria Pereira

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

MISSA MENSAL

No dia 16 de setembro aconteceu a Missa Mensal das ENS do Setor Itaipava, na Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes em Araras.

Presidida pelo Monsenhor Paulo Daher, nosso querido sacerdote exortou-nos como casais equipistas a praticarmos, sempre, o perdão e o amor diante de um mundo tão violento e pecador.


         Perdoar de coração o irmão torna-se a exigência para fazer parte do Reino dos Céus.


sábado, 16 de setembro de 2017

HOMILIA DOMINICAL



Homilia do Mons. José Maria
 XXIV Domingo do Tempo Comum - Ano A

A Terapia do Amor


Hoje a Palavra de Deus nos propõe o grande tema do perdão. 
Diz o Senhor no livro do Eclesiástico:“Quem se vingar  encontrará a vingança do Senhor, que pedirá severas contas dos seus pecados.Perdoa a injustiça cometida por teu próximo: assim quando orares, teus pecados serão perdoados. Se alguém guarda raiva contra o outro, como poderá pedir a Deus a cura? Senão tem compaixão do seu semelhante, como poderá pedir perdão dos seus pecados?” (Eclo 28, 1-4.)
Quem não perdoa o irmão, não poderá exigir o perdão de Deus.
O pensamento da morte nos faz pensar diferente:”Lembra-te do teu fim e deixa de odiar; pensa na destruição e na morte e persevera nos mandamentos” (Eclo 28, 6-7).
A felicidade do homem não está em cultivar sentimentos de ódio e de rancor, mas sim em cultivar sentimentos de perdão e misericórdia.
No Evangelho (Mt 18, 21-35) Jesus revela um caminho de Reconciliação.
Pedro consulta Jesus sobre os limites do perdão: “Quantas vezes devemos perdoar”? Jesus responde: “70×7”, isto é, SEMPRE e todos, um perdão sem limites, inclusive aos inimigos que os judeus não incluíam.
O perdão não deve ficar na quantidade, mas na qualidade, de coração.
Jesus conta a parábola de um empregado que devia uma fortuna imensa e, por compaixão, foi perdoado.Em seguida, ele, sem compaixão, se recusa a perdoar um companheiro que lhe devia uma quantia irrisória : “Paga-me o que me deves”. O Rei indignado o castiga severamente…
E Jesus conclui dizendo:”Assim agirá meu Pai com quem não perdoar seu irmão de todo o coração…”
A parábola é um exame de consciência para nós; convida-nos a analisar as nossas atitudes para com os irmãos que erram.
Jesus nos ensina que o mal, os ressentimentos, o rancor, o desejo de vingança devem ser vencidos por uma caridade ilimitada que se há de manifestar no perdão incansável das ofensas alheias.
Para perdoar de coração, com absoluto esquecimento da injúria recebida, é necessária por vezes uma grande fé, alimentada pela caridade.
Perdoar, portanto, porque Deus nos perdoou e para que Deus nos perdoe! Mas esta não é a única motivação. O próprio Jesus deu outra motivação mais íntima e desinteressada: a misericórdia, um sentimento feito de compreensão,  de identificação com o irmão, de solidariedade e de humildade.
Perdoar é, portanto, de verdade, um gesto cheio de nobreza, digno do homem e indispensável para viver juntos e em paz.
São Paulo, seguindo o Mestre, exortava os Cristãos de Tessalônica: “Vede que ninguém pague a outro mal por mal.Antes, procurai sempre praticar o bem entre vós e para com todos” (1Ts 5,15). E pedia aos Colossenses: “Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos  mutuamente sempre que tiverdes motivo de queixa contra alguém.Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai vós também” (Col. 3,13).
Viveríamos mal o nosso caminho de discípulos de Cristo se, ao menor atrito  – no lar, no escritório, no trânsito… – , a nossa caridade se esfriasse e nos sentíssemos ofendidos e desprezados. Às vezes –  em matérias mais graves, em que a desculpa se torna mais difícil-,  faremos nossa a oração de Jesus:Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem (Lc 23,34). Em outros casos, bastará um sorriso , retribuir o cumprimento, ter um pormenor amável para restabelecer a amizade ou a paz perdida. As ninharias diárias não podem ser motivo para perdemos a alegria, que deve ser profunda e habitual na nossa vida.
O Senhor, depois de responder a Pedro sobre a capacidade ilimitada de perdão que devemos ter, expôs a parábola dos dois devedores para nos mostrar o fundamento desta manifestação da caridade. Devemos perdoar sempre e tudo porque é muito –  sem medida  –  o que Deus nos perdoou e nos perdoa. E diante dessa prova da misericórdia do Senhor, tudo o que devemos perdoar aos outros é simplesmente insignificante.
Ensina São JosemariaEscrivá: “Esforça- te, se é preciso, por perdoar sempre aos que te ofenderem, desde o primeiro instante, já que, por maior que seja o prejuízo ou a ofensa que te façam, mais te tem perdoado Deus a ti”(Caminho, nº 452).
O perdão é a expressão maior do amor. É  aceitar e querer bem ao próximo assim como ele é; é agir como Deus; é agir a exemplo de Cristo. Perdoando, é para o Senhor que vivemos e para o Senhor que morremos (cf. Rm 14, 7-9).
Sem perdão não existe vida fraterna, vida conjugal, vida familiar ou vida comunitária.
Deus nos perdoa, na mesma medida com que nós perdoamos… O amor é o distintivo do cristão.
A falta de perdão leva a muitos outros sofrimentos, doenças, provoca uma vida azeda e estressante. Só o perdão alivia e restitui a alegria… É a chamada “terapia do perdão”.

Senhor, ensina – nos a perdoar!


Mons. José Maria Pereira

sábado, 9 de setembro de 2017

HOMILIA DOMINICAL



Homilia do Mons. José Maria
 XXIII Domingo do Tempo Comum - Ano A

Correção Fraterna e Oração

A Palavra de Deus, neste Domingo, pode ser desenvolvida,como meditação, refletindo sobre dois aspectos importantes da vida cristã: a correção fraterna e a oração em família.
Diz Jesus:”Se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo”(Mt 18,15).Este primeiro momento demonstra o respeito e o amor para com o próximo. Muitas vezes acontece que se espalha o erro da pessoa aos quatro ventos… Esta atitude não é cristã! É necessário rezar, pedindo as luzes do Espírito Santo para saber quando se deve calar… quando se deve falar… e como falar…
Caso o irmão não queira ouvir, Jesus ensina que se deve pedir a ajuda de outras pessoas, que tenham sensibilidade cristã e sabedoria…
Não se trata de condenar, mas de fazer a correção fraterna para que se restabeleça o amor (cf. Mt. 18,15-20).O grande  critério é o amor mútuo(Rm 13,8-10) para que a comunhão se restabeleça.
Se essa tentativa também falhar, levar o assunto à Igreja (Comunidade) para recordar à pessoa que errou as exigências do caminho cristão. Como se percebe, recomenda-se que fique tudo em casa…
O importante é colocar-se de acordo no bem. Deve sobressair o amor fraterno, o ágape,pois, “não fiqueis devendo nada a ninguém, a não ser o amor mútuo, pois quem ama o próximo está cumprindo a Lei”(Rm 13,8). Isto vale também para a correção individual entre irmãos... Santo Agostinho aplicou exatamente à correção fraterna as palavras de São Paulo sobre a caridade: “Ama e faze o que queres. Seja que cales, cala por amor, seja que fales, fala por amor; seja que corrijas, corrige por amor;  seja que perdoes, perdoa por amor. Esteja em ti a raiz do amor, porque  desta raiz não pode nascer outra coisa a não ser o bem”.
É importante observar o valor da oração em comunidade, em família.
“Se dois estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está nos Céus. Pois, onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, Eu estarei no meio deles”(Mt. 18,19-20).
A Igreja viveu desde sempre a prática da oração em comum (cf. At. 12,5).De modo particular, é muito agradável ao Senhor a oração que a família faz em comum!
“A oração familiar, ensina São João Paulo II, tem como conteúdo original a própria vida de família: alegrias e dores, esperanças e tristezas, nascimento e festas de anos, aniversário de casamento dos pais, partidas, ausências e regressos, escolhas importantes e decisivas, a morte de pessoas queridas, etc., assinalam a intervenção do amor de Deus na história da família, assim como devem marcar o momento favorável para a ação de graças, para a súplica, para o abandono confiante da família ao Pai comum que está nos Céus. A dignidade e a responsabilidade da família cristã, como Igreja doméstica, só podem ser vividas com a ajuda incessante de Deus, que será concedida, sem falta, a todos os que a implorarem com humildade e confiança na oração.” (Exortação Apostólica FamiliarisConsortio, 59).
A oração em comum comunica uma particular fortaleza a toda a família, pois fomenta o sentido sobrenatural, que permite compreender o que acontece ao nosso redor e no seio do lar, e nos ensina a ver que nada é alheio aos planos de Deus: Ele se mostra sempre como um Pai que nos diz que a família é mais sua do que nossa!
“Onde há caridade e amor, ali está Deus”. Quando nós, cristãos, nos reunimos para orar, Cristo encontra-se entre nós.Ele escuta com prazer essa oração alicerçada na unidade.Assim faziam também os Apóstolos:”Perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as mulheres,  entre elas Maria, a mãe de Jesus, e os irmãos dele”(At 1,14). Era a nova família de Cristo.
Em família, no mês da Bíblia e sempre, intensificar a leitura orante da Bíblia.
Outra fórmula de oração, que é um belo ato de piedade e de oração familiar, por excelência, é o terço.Ensina São João Paulo II:”A família cristã encontra-se e consolida a sua  identidade na oração. Esforçai-vos por dispor todos os dias de um tempo para dedicá-lo juntos a falar com o Senhor e a escutar a sua voz.Que bonito quando numa família se reza, ao anoitecer, nem que seja uma só parte do Rosário!Uma família que reza unida permanece unida, uma família que ora é uma família que se salva.
A Igreja quis conceder inúmeras graças e indulgências aos que rezam o terço em família. Esforcemo – nos por fomentar esta oração tão grata ao Senhor e à sua Santíssima Mãe, e que é, no dizer de São João XXlll, “uma grande oração pública e universal em face das necessidades ordinárias da Igreja santa, das nações e do mundo inteiro”.  É um bom ponto de  apoio para a unidade familiar e a melhor ajuda para enfrentar as necessidades de toda a família.
Comportai-vos de tal maneira que as vossas casas sejam lugares de fé cristã e de virtude, mediante a oração em comum”.

“Estarei no meio deles”, diz Jesus.Tratando-se da correção fraterna através dos meios indicados por Jesus, quando a mesma não for possível, ainda poderá ser possível pela Oração, feita em comum, em nome de Jesus.