terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Festa da Sagrada Família de Nazaré



Inimigo da Família

Mons. José Maria Pereira




            A Igreja, ao celebrar a festa da Sagrada Família de Nazaré, no domingo da Oitava de Natal, quis evidenciar sua solenidade e sua dignidade. A Sagrada Família se apresenta hoje no momento mais íntimo e mais feliz próprio de cada família: aquele em que se alegra e se completa com o nascimento do primeiro filho. Mesmo diante do clima de mistério em que acontecia o nascimento de seu filho, Maria e José viveram os eventos de sua família de maneira semelhante àquela em que vivem dois esposos pobres comuns, mas que se querem bem.

            Com esta festa, a Igreja quer, antes de tudo, exaltar e reafirmar a dignidade da família da qual ela mesma recebeu o Salvador; quer, além disso, ajudar-nos a refletir como cristãos sobre esta realidade no seio da qual todos nós vivemos, à qual, aliás, devemos a própria vida. Quero refletir com vocês sobre qual é a vontade de Deus em relação à família, vontade que nenhum referendo pode anular e nenhuma lei humana pode mudar; a qual é, em outras palavras, a ideia de família que tinha em mente Deus quando, no princípio criou o homem e a mulher e os abençoou dizendo “Frutificai – disse Ele – e multiplicai-vos [...] O homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne” (Gn 1, 28; 2, 24).

            A família deveria ser, pelo desígnio de Deus, a continuação da Criação. É possível, hoje, crer e cultivar uma ideia tão alta da família sem passarmos por uns iludidos que vivem fora de seu tempo? É possível ver ainda na família o berço da vida e a fonte do amor, numa época em que esta tão frequentemente é posta no banco dos réus, tão frequentemente teatro de fatos horríveis? Nós, cristãos, devemos responder: Sim, é possível. Aliás, é necessário! É exatamente este testemunho de otimismo que os crentes devem hoje dar aos valores da Criação pela Palavra de Deus.

            É possível que uma moça e um rapaz se conheçam e percebam que se querem bem, um bem especial, diferente de qualquer outro sentimento até então experimentado. É possível que seu amor amadureça até tomar posse de todo o seu ser e os transforme da mesma maneira como o fogo torna incandescente aquilo que aquece.

            Alguém poderá dizer “qual é o preço desta conquista?” Não será, talvez, o heroísmo ou até mesmo a santidade? Em certo sentido, sim, porque cada vida cristã autêntica é um chamado ao heroísmo, à santidade. Mas o real segredo é este: não perder nunca o contato e não se separar nunca da raiz da qual nasceu um dia a família, isto é, o amor. Este, o amor, é a realidade que faz nascer e que somente pode manter em vida a família. O amor parece impossível porque se pensa logo, mas sem razão, num tipo de amor que por si mesmo é instável, finito, efêmero, isto é, destinado a perecer como todas as coisas e todos os sentimentos humanos. Mas não é assim se o amor é “alimentado” progressivamente pela caridade. Sim, a caridade, aquela do próximo, aquela que constitui “o primeiro e o maior dos mandamentos” deve encontrar o primeiro e o principal campo de ação da família. Por amor ao próximo deve se entender o amor pelo próximo mais próximo, isto é, por aquele que está ao nosso lado.

            Quando a caridade (aquela que a Bíblia chama “ágape”) vem completar o amor humano (aquele que os gregos chamam “eros”), então os frutos são maravilhosos. São Paulo os elenca numa de suas cartas (1Cor 13, 4ss): “A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa, não se irrita”. Recorda isso, em forma de conselho, na carta aos Colossenses 3, 12-21: “Revesti-vos de sincera misericórdia, de bondade, humildade, doçura, paciência. Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, toda vez que tiverdes queixa contra outrem”.

            Só este tipo de amor – que não é mais apenas atração física nem sentimentalismo, mas verdadeiro dom de si mesmo – é capaz de superar a crise em que hoje em dia estão vivendo tantas famílias e que divide uma geração de outra, isto é, os filhos dos pais.

            Nossas famílias sejam sustentadas pelo amor e vivam no amor, pois assim existirá o perdão. Como proceder para conseguir esta atitude que sabe perdoar, que sabe dar em silêncio e sabe esquecer-se? Ela não é apenas efeito de escolha acertada ou de sorte, também se a escolha do próprio cônjuge não deixe de ser muito importante. É fruto, sobretudo, de generosidade; é a vitória contra o egoísmo, inimigo invisível, mas fatal, do amor e, portanto, da família. Mas também, e, sobretudo, fruto da graça e da ajuda de Deus. Há um hino que se canta na Igreja que diz: “Onde reina o amor, Deus aí está”. O inverso também é verdadeiro: onde está Deus, ali reina o amor. Na família onde Deus está presente pela fé dos pais, porque se ouve a Palavra de Deus, reza-se junto, observa-se sua lei, o amor não faltará, ou poderá renascer depois de cada crise. Essa é a verdadeira razão de nosso otimismo. Por isso, rezemos todos à Sagrada Família de Nazaré: “Ó Deus de bondade, que nos destes a Sagrada Família como exemplo, concedei-nos imitar em nossos lares as suas virtudes para que, unidos pelos laços do amor, possamos chegar um dia às alegrias da vossa casa. Amém!”.




terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Feliz Natal, Equipistas!




Há dois mil anos nascia em Belém, numa pequena gruta, aquele que viria revolucionar toda a lei antiga.
Reconhecendo a necessidade da justiça, Ele trouxe também a Paz, Compreensão, Perdão, Amor.
Viveu ensinando bondade, simplicidade, humildade, sinceridade, doação, entrega.
Morreu para nos trazer o perdão.
Morreu e ressuscitou para poder continuar sempre conosco.
É esse nascimento que comemoramos no mês de Dezembro.
O nascimento do Verbo que se fez carne. Do Deus que, por amar tanto os homens, torna-se um deles, despoja-se de Sua divindade para viver integralmente Sua humanidade.
Sendo Deus, vive como homem para melhor compreendê-lo, para melhor mostrar-lhe Seu amor, para ensiná-lo a amar, para salvá-lo.
Será que pensamos no verdadeiro sentido do Natal, quando preparamos nosso próprio presépio, nossa árvore, nossos enfeites, nossos presentes, nossas ceias?
Será que nos lembramos que o Menino Deus nasceu sem pompas e sem festas?… Nasceu numa humilde estrebaria?…
Será que lembramos que, enquanto nos reunimos entre enfeites, uísque, champanha, que existe muita gente que não tem nada para comer?…
Será que nesse dia lembramos daqueles que estão sofrendo?… Dos doentes, dos sem famílias, dos pobres, dos presos, dos angustiados?
E Jesus pensou em todos eles. Amou a todos eles.
Então, para termos um Natal feliz, vamos reunir nossa família. Isso é importante aos olhos de Deus.
Mas vamos mostrar a ela o verdadeiro sentido do Natal, o carinho que temos por aquele Pequenino que, sendo Deus, se fez criança por amor a todos nós.
É, vamos procurar tornar mais alguém feliz. Alguém que não pertença à nosa família, alguém que não tenha condições de se reunir festivamente.
Vamos levar um pouco de calor humano a alguém talvez desconhecido, mas que também é nosso irmão e tem direito à felicidade.
Vamos comemorar nosso Natal, pensando em toda a humanidade, rezando por ela, dando um pouco de conforto a um necessitado, uma palavra amiga a um sofredor, um sorriso a um decepcionado.
Vamos comemorar nosso Natal, vivendo o amor.
E assim estaremos festejando com dignidade o nascimento do Menino Jesus e permitindo que Ele renasça em nosso coração, a fim de que possamos nos renovar, crescer, caminhar para a Suprema Felicidade de um dia vê-lo face a face.
                                                                                                                                                       (Fonte: Canção Nova)


Desejamos a todos os equipistas um Santo Natal, que o Menino Jesus renasça em seus corações!!!

Janete e Marco Antônio  - CRS  

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

PARABÉNS! EQUIPE 02 – Nª Sª DO AMOR DIVINO




 
    Comemoramos nossos 10 anos de Equipe no dia 20/12/14, com uma missa de ação de graças celebrada por nosso SCE Monsenhor José Maria, na capela de Nª Sª de Fátima em Águas Lindas. Monsenhor José Maria nos benzeu e como sempre com muito carinho, nos falou sobre a importância desse movimento para as famílias.

     Agradecemos a Deus  sob a intercessão de Nª Sª, por todos esses anos que participamos do Movimento das Equipes de Nª Sª, por todo bem e todas as graças que recebemos enquanto casal e família, por todo crescimento espiritual e pela busca constante da santidade dentro de nosso matrimônio e de nossa família. 

Muito obrigado Nosso Senhor Jesus Cristo, por esta oportunidade, por este presente, que é fazer parte deste Movimento, por cada casal de nossa equipe, por cada SCE que o Senhor colocou ao nosso lado, pelo seu amor misericordioso por cada um de nós! Que saibamos Senhor lhes ser gratos, assumindo o Movimento e agindo a cada dia mais de acordo com o que ele nos ensina e oferece.
Janete e Marco Antônio  - CRS





















sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Homilía Dominical dia 21/12/2014 - Lc 1,26-38



A Virgem e o Emanuel
Mons. José Maria Pereira



No Quarto Domingo do Advento entra em cena Maria. Seu Filho é o Deus conosco e já se faz presente, ainda de modo velado, mas real, no seio da Virgem, que concebeu por obra do Espírito Santo (cf. Lc.1,26-38)
            A liturgia da palavra apresenta-nos hoje uma das mais importantes profecias messiânicas e a sua realização. O rei Davi desejava construir uma casa, um templo para o Senhor; mas o Senhor manda-lhe dizer, pelo profeta Natã, que a Sua vontade é diferente: o próprio Senhor se preocupará da casa de Davi, isto é, prolongando a sua descendência, porque dela nascerá o Salvador. A tua casa e a tua realeza permanecerão diante de Mim para sempre. O teu trono será consolidado eternamente (2 Sam 7,16). Muitas vezes, através das vicissitudes da história, pareceu que a linhagem davídica esteve prestes a extinguir-se, mas Deus salvou-a sempre até que dela nasceu José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama Cristo (Mt 1,16). O Senhor Deus dar-Lhe-á o trono do Seu Pai Davi, reinará eternamente... e o Seu reino não terá fim (Lc 1, 32-33). Tudo o que Deus tinha prometido se cumpriu apesar dos acontecimentos adversos da historia, dos pecados dos homens e das culpas e impiedade dos próprios sucessores de Davi. Deus é sempre fiel: Fiz uma aliança com o meu eleito, jurei a Davi, Meu servo... Eternamente lhe assegurarei o Meu favor e a Minha aliança com ele será fiel (Sl 89, 4.29).
            Paralela à fidelidade de Deus, a liturgia apresenta-nos a fidelidade de Maria, em quem se cumpriram as Escrituras. Tudo estava previsto nos planos eternos de Deus e tudo estava já preparado para a encarnação do Verbo no seio de uma virgem descendente da casa de Davi; mas, no momento em que este projeto devia fazer-se historia, o Pai das misericórdias quis que a aceitação, por parte da que Ele predestinara para mãe, precedesse a encarnação (LG. 56). S. Lucas refere o diálogo sublime entre o anjo e Maria e que termina com a humildade e incondicional aceitação da Virgem: Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). O faça-se de Deus criou do nada todas as coisas; o faça-se de Maria deu origem à redenção de todas as criaturas. Maria é o templo da Nova Aliança, imensamente mais precioso do que aquele que Davi desejava construir ao Senhor, templo vivo que encerra em si, não a arca santa, mas o Filho de Deus. Maria é a fidelíssima, totalmente disponível à vontade do Altíssimo; e, precisamente pela sua fidelidade, atualiza-se o mistério da salvação universal em Cristo Jesus.
Nossa Senhora fomenta na alma a alegria, porque, quando procuramos a sua intimidade, leva-nos a Cristo. Ela é Mestra de esperança. Maria proclama que a chamarão bem-aventurada todas as gerações (Lc. 1, 18).
Dentro de poucos dias veremos Jesus reclinado numa manjedoura, o que é uma prova de misericórdia e do amor de Deus. Poderemos dizer: “Nesta noite de Natal, tudo pára dentro de mim. Estar diante dEle; não há nada mais do que Ele na branca imensidão. Não diz nada, mas está aí... Ele é o Deus amando-me. E se Deus se faz homem e me ama, como não procurá-Lo? Como perder a esperança de encontrá-Lo, se é Ele que me procura? Afastemos todo o possível desalento; as dificuldades exteriores e a nossa miséria pessoal não podem nada diante da alegria do Natal que se aproxima.
Faltam poucos dias para que vejamos no presépio Aquele que os profetas predisseram, que a Virgem esperou com amor de mãe, que João anunciou estar próximo e depois mostrou presente entre os homens.
Desde o presépio de Belém até o momento da sua Ascensão aos céus, Jesus Cristo proclama uma mensagem de esperança. Ele é a garantia plena de que alcançaremos os bens prometidos. Olhamos para a gruta de Belém, em vigilante espera, e compreendemos que somente com Ele poderemos aproximar-nos confiadamente de Deus Pai.
Nas festas que celebramos por ocasião do Natal, lutemos com todas as nossas forças, agora e sempre, contra o desânimo na vida espiritual, o consumismo exagerado, e a preocupação quase exclusiva pelos bens materiais. Na medida em que o mundo se cansar da sua esperança cristã, a alternativa que lhe há de restar será o materialismo, do tipo que já conhecemos; isso e nada mais. Por isso, nenhuma nova palavra terá atrativo para nós se não nos devolver à gruta de Belém, para que ali possamos humilhar o nosso orgulho, aumentar a nossa caridade e dilatar o nosso sentimento de reverência com a visão de uma pureza deslumbrante.
O Espírito do Advento consiste em boa parte em vivermos unidos à Virgem Maria neste tempo em que Ela traz Jesus em seu seio.
A devoção a Nossa Senhora é a maior garantia de que não nos faltarão os meios necessários para alcançarmos a felicidade eterna a que fomos destinados. Maria é verdadeiramente “porto dos que naufragam, consolo do mundo, resgate dos cativos, alegria dos enfermos” (Santo Afonso M. de Ligório). Nestes dias que precedem o Natal e sempre, peçamos-lhes a graça de saber permanecer, cheios de fé, à espera do seu Filho Jesus Cristo, o Messias anunciado pelos Profetas.