quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Homilía Dominical dia 28/08/2016





A Virtude da Humildade
Mons. José Maria Pereira

            A virtude da humildade constitui o alicerce de todas as outras virtudes.
A humildade atrai sobre si o amor de Deus e o apreço dos outros, ao passo que a soberba os repele. Por isso, a primeira leitura (Eclo 3,19-21. 30-31) aconselha-nos: “Nos teus assuntos, procede com humildade, e haverão de amar-te mais que ao homem generoso. E na mesma passagem: Torna-te pequeno nas grandezas humanas, e alcançarás o favor de Deus, e Ele revela os seus segredos aos humildes”.
O homem humilde compreende melhor a vontade divina e sabe o que Deus lhe vai pedindo em cada circunstância. O humilde respeita os outros, as suas opiniões e as suas coisas; possui uma especial fortaleza, pois apóia-se constantemente na bondade e onipotência de Deus: “Quando sou fraco, então sou forte”, proclama São Paulo.
No Evangelho (Lc 14, 1. 7-14) no banquete na casa do fariseu, o Senhor diz: “Quando fores convidado, vai tomar o último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo vem mais para cima. Então serás honrado na presença de todos os convivas. Porque todo aquele que se exalta será humilhado; e aquele que se humilha será exaltado”.
A ambição, uma das formas de soberba, é causa freqüente de mal-estar em quem se deixa levar por ela. “Por que ambicionas os primeiros lugares? Para estar por cima dos outros?”, pergunta-nos       São João Crisóstomo.
A virtude da humildade não tem nada a ver com a timidez ou a mediocridade. A humildade leva-nos a ter plena consciência dos talentos que Deus nos deu, mas para fazê-los render com o coração reto.
A humildade faz que tenhamos consciência clara de que os nossos talentos e virtudes, tanto naturais como na ordem da graça, pertencem a Deus, porque da sua plenitude, todos recebemos. Tudo o que é bom vem de Deus; a deficiência e o pecado, esses, sim, são nossos. Humildade é reconhecer que valemos pouco – nada -, e ao mesmo tempo sabermo-nos “portadores de essências divinas de um valor inestimável”.
A humildade elimina os complexos de inferioridade – que com freqüência resultam da soberba ferida -, torna-nos alegres e serviçais, sequiosos de amor de Deus: Nosso Senhor porá em nós tudo o que nos faltar.
Só o humilde procura a sua felicidade e a sua fortaleza no Senhor. Um dos motivos pelos quais os soberbos andam à cata de louvores e se sentem feridos por qualquer coisa que possa rebaixá-los na sua própria estima ou na dos outros, é a falta de firmeza interior; o seu único ponto de apoio e de esperança são eles próprios.
Os maiores obstáculos que o homem encontra para caminhar no seguimento de Cristo têm a sua origem no amor desordenado de si próprio, que o leva umas vezes a supervalorizar as suas forças e, outras, a cair no desânimo e no desalento.
São Bernardo indica diferentes manifestações progressivas da soberba: a curiosidade, o querer saber tudo de todos; a frivolidade de espírito, por falta de profundidade na oração e na vida; a alegria tola e deslocada, que se alimenta freqüentemente dos defeitos dos outros e os ridiculariza; a jactância; o prurido de singularidade; a arrogância; a presunção; o não reconhecer jamais as falhas próprias, ainda que sejam notórias; a relutância em abrir a alma ao sacerdote na Confissão, por parecer que não tem faltas...O soberbo é pouco amigo de conhecer a autêntica realidade do seu coração e muito amigo de calcar os outros aos pés, seja em pensamento, seja pelas suas atitudes externas.
Juntamente com a oração, que é sempre o primeiro meio de que devemos socorrer-nos, procuremos ocasiões de praticar habitualmente a virtude da humildade: nos nossos afazeres, na nossa vida familiar, quando estamos sozinhos..., sempre!
A humildade é tão necessária para a salvação que Jesus aproveita qualquer circunstância para colocá-la em relevo.
Procuremos, na medida do possível, falar pouco de nós mesmos, dos nossos assuntos, daquilo que nos exaltaria aos olhos dos outros...; procuremos evitar sempre a ostentação de qualidades, bens materiais, conhecimentos...
Aceitemos as contrariedades com paciência, sem mau-humor, oferecendo-as com alegria ao Senhor; aceitemos sobretudo as pequenas humilhações e injustiças que se produzem na vida diária, pensando sinceramente: “Que é isso para o que eu mereço?” (Caminho, nº 690).
Cuidemos de não insistir nas nossas opiniões, a não ser que a verdade ou a justiça o exijam, e empreguemos então a moderação unida à firmeza.
Passemos por alto os erros alheios, desculpando-os e ajudando-os com uma caridade delicada a superá-los; cedamos à vontade dos outros sempre que não esteja envolvido o dever ou a caridade.
Aceitemos ser menosprezados, esquecidos, não consultados nesta ou naquela matéria em que nos consideramos mais experientes ou em mais conhecimentos; fujamos de ser admirados ou estimados, retificando a intenção perante os louvores e elogios. Devemos procurar alcançar o maior prestígio profissional possível, mas por Deus, não por orgulho, nem para pisar os outros.
Aprenderemos a ser humildes se nos relacionarmos sempre mais intimamente com Jesus.  

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Setor Itaipava tem um novo SCE , o querido Pe. Alexandre Brandão


























          Pe. Brandão SCE Setor Itaipava, Paulane e Roney CRS  e Monsenhor Jose Maria SCERRio2.



     Reunião Equipe 7 Nossa Senhora de Fátima


Catarina a mais nova integrante da equipe 7, participou da reunião ativamente!

























Os casais ficarão felizes com a escolha do novo SCE do Setor Itaipava (Pe. Brandão) que também é SCE de sua equipe.





Nossa Senhora de Fátima, rogai por todos nós!

domingo, 21 de agosto de 2016

Homilía Dominical dia 21/08/2016



Assunção de Maria ao Céu
Mons. José Maria Pereira

No dia 15 de agosto a Igreja celebra a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, ou Nossa Senhora da Glória. Neste ano, no Brasil, celebraremos no domingo, dia 21.
Diz o Prefácio da Solenidade que proclama maravilhosamente o mistério celebrado: “Hoje, a Virgem Maria, Mãe de Deus, foi elevada à glória do céu. Aurora e esplendor da Igreja triunfante, ela é consolo e esperança do vosso povo ainda em caminho, pois preservastes da corrupção da morte aquela que gerou de modo inefável o vosso próprio Filho feito homem, autor de toda a vida”.
            Todos irão ressuscitar! Cada qual, porém, em sua ordem: como primícias, Cristo; em seguida, os que forem de Cristo, na ocasião de sua vinda (1Cor 15,23).
            Entre aqueles que são do Cristo há uma pessoa que é “de Cristo” de modo único e inigualável: sua Mãe, aquela que O gerou como homem, que viveu com ele, partilhando a oração, as alegrias, os trabalhos e, sobretudo, ficando a seu lado ao pé da cruz. Para essa criatura Jesus não esperou o fim dos tempos para uni-la a si na glória; imediatamente depois de sua morte ela foi ao céu em corpo e alma. É esta uma convicção da Igreja, celebrada com uma festa muito antiga, mas a partir de 1º de novembro de 1950 a festa se tornou mais solene com a proclamação do Dogma da Assunção, pelo papa Pio XII.
             O que diz para nós o mistério da Assunção? Maria é, também ela, de um modo diferente de Cristo, o primeiro fruto: as primícias da ressureição e da Igreja. Nela Deus traçou como que um esboço daquilo que, ao final, acontecerá para toda a Igreja. Porque toda a Igreja, no fim, tornada como ela imaculada e santa, será elevada ao céu!
            Em Maria, Deus quis mostrar quão grande e profunda foi a redenção operada por Cristo e a que tamanha glória pode conduzir a criatura que se deixa envolver inteiramente. Maria, por sua vez, nos ensina como chegar à glória que hoje contemplamos e nos abre o caminho. É um caminho traçado, em todo seu percurso, por duas linhas retas: “a fé e a humildade”.
            Bem-aventurada és tu que creste. Maria foi uma pessoa de fé, sempre; acreditou na encarnação e disse: Fiat- seja feita a vossa vontade; acreditou apesar do longo silêncio de Nazaré; acreditou no Calvário. Acreditou também quando tudo parecia estar sendo desmentindo pelos fatos, também quando não compreendia; deixou-se conduzir docilmente por Deus, como uma ovelha que segue o Cordeiro conduzido à imolação, como é definida num hino da liturgia bizantina (Romano, o Mélode).
            A humildade é a explicação do mistério de Maria e da sua eleição. Ela foi “cheia de graça” porque era vazia de si.
             Para que Deus possa realizar “grandes coisas” também em nós, para que possa conduzir-nos àquela glória final alcançada por Maria, é necessário, portanto, que nós também apresentemos estes dois requisitos: a fé e a humildade.
            Quem poderá ter uma fé pura e forte como a da Mãe de Jesus? Quem poderá alcançar a profundidade e a sinceridade da sua humildade? Ninguém! Podemos, porém, aproximar-nos dela, imitar-lhe a docilidade e a abertura a Deus. Podemos, sobretudo, rezar a ela: Aumentai nossa fé; ensinai-nos a permanecer na humildade “sob a poderosa – e paterna- mão de Deus”. É a oração que, levantando o olhar, lhe dirigimos neste dia, em que a liturgia no-la apresenta como Rainha sentada à direita do Rei.
            As leituras contemplam esta realidade. A 1ª Leitura (Ap 11, 19; 12, 1-10) apresenta uma mulher vestida com o sol, tendo a lua sob os pés, e do Filho que ela deu à luz, um varão, que irá reger todas as nações. Nesta imagem a Mulher e o Filho representam Jesus Cristo e a Igreja, mais a mulher confunde-se também com Maria, pois nela realizou-se plenamente a Igreja.
            A 2ª Leitura (1 Cor 15, 20-27) completa a idéia da 1ª. Paulo, falando de Cristo, primícia dos ressuscitados, termina dizendo que, um dia, todos os que crêem terão parte na Sua glorificação, mas em proporção diversa: “Primeiro, Cristo, como os primeiros frutos da seara; e a seguir, os que pertencem a Cristo” (1 Cor 15, 23). Entre os cristãos, o primeiro lugar pertence, sem dúvida, a Nossa Senhora, que foi sempre de Deus, porque jamais conheceu o pecado. É a única criatura em quem o esplendor da imagem de Deus nunca se viu ofuscado; é a Imaculada Conceição, a obra prima e intacta da Santíssima Trindade em quem o Pai, o Filho e o Espírito Santo sentiram as suas complacências, encontrando nela uma resposta total ao Seu amor.
            A resposta de Maria ao amor de Deus ressoa no Evangelho (Lc 1, 35-56), tanto nas palavras de Isabel que exaltam a grande fé que levou Maria a aderir, sem vacilação alguma à vontade de Deus, como nas palavras da própria Virgem, que entoa um hino de louvor ao Altíssimo pelas maravilhas que realizou nela.
            Ela é a nossa grande intercessora junto do Altíssimo. Maria nunca deixa de ajudar os que recorrem ao seu amparo: “Nunca se ouviu dizer que algum daqueles que tivesse recorrido à vossa proteção fosse por Vós desamparado”, rezava São Bernardo. Procuremos confiar mais na sua intercessão, persuadidos de que Ela é a Rainha dos céus e da terra, o refúgio dos pecadores, e peçamos-lhe com simplicidade: Mostrai-nos Jesus!
            A Assunção de Maria é uma preciosa antecipação da nossa ressurreição e baseia-se na Ressurreição de Cristo, que transformará o nosso corpo corruptível, fazendo-o semelhante ao seu corpo glorioso. Por isso São Paulo recorda-nos (1 Cor 15, 20-26): “Se a morte veio por um homem (pelo pecado de Adão), também por um homem, Cristo, veio a ressurreição. Por Ele, todos retornarão à vida, mas cada um a seu tempo: como primícias, Cristo; em seguida, quando Ele voltar, todos os que são de Cristo; depois , os últimos, quando Cristo devolver a Deus Pai o seu reino...Essa vinda de Cristo, de que fala o Apóstolo, disse São João Paulo II, “não devia por acaso cumprir-se, neste único caso (o da Virgem), de modo excepcional, por dizê-lo assim, imediatamente, quer dizer, no momento da conclusão da sua vida terrena? Esse final da vida que para todos os homens é a morte, a Tradição, no caso de Maria, chama-o com mais propriedade dormição.  Para nós, a Solenidade de hoje é como uma continuação da Páscoa, da Ressurreição e da Ascensão do Senhor.  E é, ao mesmo tempo, o sinal e a fonte da esperança da vida eterna e da futura ressurreição”.
            A Solenidade de hoje enche-nos de confiança nas nossas súplicas. Pois, diz São Bernardo, “subiu aos céus a nossa Advogada para, como Mãe do Juiz e Mãe de Misericórdia, tratar dos negócios da nossa esperança.” Ela alenta continuamente a nossa esperança. Ensina São Josemaria Escrivá: “Somos ainda peregrinos, mas a nossa Mãe precedeu-nos e indica-nos já o termo do caminho: repete-nos que é possível lá chegarmos, e que lá chegaremos, se formos fiéis. Porque a Santíssima Virgem não é apenas nosso exemplo: é auxílio dos cristãos. E ante a nossa súplica – mostra que és Mãe – , não sabe nem quer negar-se a cuidar dos seus filhos com solicitude maternal.
            Fixemos o nosso olhar em Maria, já assunta aos céus! Ela é a certeza e a prova de que os seus filhos estarão um dia com o corpo glorificado junto de Cristo glorioso. A nossa aspiração à vida eterna ganha asas ao meditarmos que a nossa Mãe celeste está lá em cima, que nos vê e nos contempla com o seu olhar cheio de ternura, com tanto mais amor quanto mais necessitados nos vê.

            No dia dedicado às Vocações Religiosas, Maria é apresentada como Modelo de pessoa consagrada e um “sinal” de Deus no mundo de hoje.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

NOVO CASAL RESPONSÁVEL SETOR ITAIPAVA



                                           
                                               Alegria compartilhada é alegria multiplicada!

                                 Estamos muito felizes com o SIM do casal Paulane Roney.

                                           Nossa Senhora do Amor divino, rogai por nós!

  CRR  Janete e Marco Antônio

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Homilia Dominical dia 14/08/2016





Monsenhor José Maria Pereira

O Fogo do Amor Divino
O fogo aparece frequentemente na Sagrada Escritura como símbolo do Amor de Deus, que purifica os homens de todas as suas impurezas. O amor, como fogo, nunca diz basta, tem a força das chamas e ateia-se no trato com Deus: Ardia-me o coração dentro do peito, ateava-se o fogo na minha meditação, exclama o Salmista... No dia de Pentecostes, o Espírito Santo – o Amor Divino- derrama-se sobre os Apóstolos sob a forma de línguas de fogo que lhes purificam o coração, os inflamam e os preparam para a missão de estender o Reino de Cristo por todo o mundo.
Jesus diz-nos hoje no Evangelho da Missa: Vim trazer fogo à terra e que hei de querer senão que arda? Em Cristo, o amor divino alcança a sua máxima expressão: Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu o seu Filho Unigênito. Jesus entrega voluntariamente a sua vida por nós, e ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos. Por isso confidencia-nos também a impaciência santa que o domina enquanto não vir cumprido o seu batismo, a sua própria morte na Cruz pela qual nos redime e nos eleva: Tenho que ser batizado com um batismo, e como me sinto ansioso enquanto não se realizar!
O Senhor quer que o seu amor se ateie no nosso coração e provoque um incêndio que o invada por completo. Ama-nos com um amor pessoal e individual, como se cada um de nós fosse o único objeto da sua caridade. Em nenhum instante cessou de amar-nos, de ajudar-nos, de proteger-nos, de comunicar-se conosco; não só quando correspondíamos às suas graças, mas também quando nos afastávamos dEle, entregues à pior de todas as ingratidões que é o pecado. O Senhor sempre nos mostrou a sua benevolência.
O amor reclama amor, e este demonstra-se por meio de obras, pelo empenho diário em chegar ao trato íntimo com Deus e por identificar a vontade própria com a dEle. A segunda leitura anima-nos a esta luta diária, sabendo que estamos rodeados por uma tão grande nuvem de testemunhas: os santos, que presenciam o nosso combate, e todos aqueles que temos ao nosso lado e a quem tanto podemos ajudar com o nosso exemplo. Sacudindo todo o lastro que nos detém e o pecado que nos envolve- continua a Leitura-, corramos com perseverança pelo caminho que nos é proposto pondo os olhos no autor e consumador da fé, Jesus. É nEle que cravamos os olhos, como o corredor que, uma vez começada a corrida , não se deixa distrair por nada que lhe desvie a atenção da mente; assim, afastaremos com decisão e energia toda e qualquer ocasião de pecado, pois ainda não resististes até o sangue , combatendo contra o pecado. Temos de chegar até esse ponto, se for preciso, mesmo que se trate apenas de não cometer um simples pecado venial. É melhor morrer do que ofender a Deus, por mais leve que seja a ofensa.
Temos que dizer sim ao Amor; temos que dar-lhe uma resposta afirmativa nas mil pequenas situações diárias: ao negarmo-nos a nós mesmos para servir os que convivem ou trabalham conosco, na mortificação pequena, que nos ajuda a dominar a impaciência e a irritação; na pontualidade em todos os nossos compromissos espirituais e humanos; no esforço com que procuramos melhorar o recolhimento interior nos tempos dedicados à oração mental; na aceitação alegre dos contratempos, quando a vontade de Deus não confirma os nossos planos ou o nossos querer...Assim se forjam as pequenas vitórias que Deus espera todos os dias daqueles que o amam. Mas também por amor temos que dizer não muitas vezes: à curiosidade da vista; ao corpo que pede mais conforto e menos sacrifício; ao desejo de encerrar o expediente antes da hora... Muitas são as sugestões, as moções do Espírito Santo que nos convidam a corresponder a esse Amor infinito com que Jesus nos ama.
O amor expressa-se na dor dos pecados, na contrição, pois tantas vezes- sem o percebermos- dizemos não ao amor e sim aos nossos caprichos... São ocasiões para fazermos um ato de dor mais profundo pelas coisas em que não soubemos corresponder, e para desejarmos muito essa confissão frequente na qual sempre encontramos a Misericórdia divina e o remédio para os nossos males. “Quem não se arrepende de verdade não ama de verdade; é evidente que, quanto mais estimamos um pessoa, tanto mais nos dói tê-la ofendido. É este ,pois, mais um dos efeitos do amor”, diz São Tomás de Aquino.
Nós, cristãos, devemos ser fogo que queime os outros, como Jesus abrasou os seus discípulos. Ninguém que nos tenha conhecido deverá permanecer indiferente; o nosso amor tem de ser fogo vivo que converta em pontos de ignição, em outras fontes de amor e de apostolado, todos aqueles com quem convivemos. O Espírito Santo soprará, através de nós, em muitos que pareciam apagados, e do seu rescaldo de vida cristã sairão chamas que se propagarão em ambientes que de outro modo teriam permanecidos frios e mortos.
Pouco importa que pareça que valemos pouco, que não podemos fazer quase nada, que não sabemos, que nos falta formação. O Senhor só quer contar totalmente com cada um. Não esqueçamos que uma faísca minúsculas pode dar início a uma grande fogueira. Como é grato ao Senhor que lhe digamos na intimidade da nossa alma que somos inteiramente dEle, que pode contar com o pouco que somos!
O verdadeiro amor a Deus manifesta-se imediatamente numa intensa atividade apostólica , em desejos de que muitos outros conheçam e amem a Jesus Cristo. “Com a maravilhosa normalidade do divino, a alma contemplativa expande-se em ímpetos de ação apostólica: Ardia-me o coração dentro do peito, ateava-se o fogo na minha meditação. Que fogo é este, senão o mesmo de que fala Cristo: Fogo vim trazer à terra e que hei de querer senão que arda? Fogo de apostolado, que se robustece na oração, no trato íntimo com Cristo.
É aí que se alimentam as ânsias apostólicas, Junto do Sacrário, teremos luz e forças; falaremos a Jesus dos filhos, dos pais, dos irmãos, dos amigos, dos colegas da Universidade ou do colégio, daquela pessoa que acabamos de conhecer, das que encontraremos hoje por motivos profissionais ou nos pequenos acasos da vida diária.   Nenhuma pessoa deverá partir de mãos vazias; a todas, de um modo ou e outro, com a palavra, com o exemplo, com a oração, deveremos anunciar-lhes Cristo que as procura, que as espera e que se serve de nós como instrumentos.
“Ainda ressoa do mundo aquele clamor divino: Vim trazer fogo à terra, e que quero senão que arda?- E bem vês: quase tudo está apagado...
“Não te animas a propagar o incêndio?”
Dizemos a Jesus que conte conosco, com as nossas poucas forças e os nossos escassos talentos: aqui me tens porque me chamaste. E pedimos a Santa Maria, que saibamos ser audazes nesta tarefa de dar a conhecer o amor de Cristo.


sábado, 6 de agosto de 2016

Homilia Dominical dia 07/08/2016



Esperar o Senhor
Mons. José Maria Pereira

A Palavra de Deus deste Domingo convida os cristãos a não colocarem sua esperança em falsas seguranças. Convoca-os a viverem sempre no serviço, à espera do Senhor.
            A 2ª leitura (Hb 11, 1 - 2. 8 - 12) fala da fé que tinham as grandes figuras do Antigo Testamento, sobretudo Abraão. A fé que guia os nossos passos é precisamente o fundamento das coisas que se esperam. A fé dá-nos a conhecer com certeza que o nosso destino é o Céu e, por isso, todas as coisas devem ordenar-se para esse fim supremo e subordinar-se a ele.
            No evangelho (Lc 12, 32 - 48) Jesus exorta-nos à vigilância: “Estejam cingidos os vossos rins e as lâmpadas acesas. Sede como homens que estão esperando o seu Senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrirem, imediatamente, a porta, logo que Ele chegar e bater” (Lc 12, 36).
            Ter as roupas cingidas é uma imagem expressiva utilizada para indicar que alguém se preparava para realizar um trabalho, para empreender uma viagem, para entrar em luta. Ter lâmpadas acesas indica a atitude própria daquele que está de vigia ou espera a chegada de alguém. Quando o Senhor vier no final da nossa vida, deve encontrar-nos assim: em estado de vigília, como quem vive ao dia; servindo por amor e empenhados em melhorar as realidades terrenas, mas sem perder o sentido sobrenatural da vida, o fim para que tudo se dirige.
            Essa vigilância há de ser contínua, perseverante, porque contínuo é o ataque do demônio que, “como um leão que ruge, dá voltas buscando a quem devorar” (1 Pd 5, 8). “Vela com o coração, vela com a fé, com a caridade, com as obras; prepara as lâmpadas, cuida de que não se apaguem, alimenta-as com o azeite interior de uma reta consciência; permanece unido ao Esposo pelo Amor, para que Ele te introduza na sala do banquete, onde a tua lâmpada nunca se extinguirá” (Santo Agostinho).
            Estaremos vigilantes no amor e longe da tibieza e do pecado se nos mantivermos fiéis a Deus nas pequenas coisas que preenchem o dia. As pequenas coisas são a ante-sala das grandes, tanto no sentido negativo como positivo.
            São Francisco de Sales fala-nos da necessidade de lutar nas pequenas tentações, pois são muitas as ocasiões em que se apresentam num dia corrente e, se se vencem, essas vitórias são mais importantes – por serem muitas – do que se se tivesse vencido uma tentação mais grave. É fácil, ensina o Santo, “não cometer um homicídio; mas é difícil repelir os pequenos ímpetos de cólera, que se apresentam com bastante facilidade. É fácil não furtar os bens do próximo, mas é difícil não os desejar. É fácil não levantar falsos testemunhos em juízo; mas é difícil não mentir numa conversa; é fácil não embriagar-se, mas é difícil ser sóbrio”!
            As pequenas vitórias diárias fortalecem a vida interior e despertam a alma para as coisas divinas. São ocasiões que se apresentam com muita freqüência: trata-se de viver a pontualidade à hora de levantar-se ou de começar o trabalho; de deixar de lado uma leitura inútil que leva à perda de tempo; trata-se de fazer um pequeno sacrifício à hora das refeições; de dominar a língua num encontro de amigos ou numa reunião social, etc;
            Se formos fiéis nas pequenas coisas, permaneceremos cingidos, vigilantes, à espera do Senhor que está para chegar.
            Disse Jesus: “onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Lc 12, 34). O Senhor quer nos ensinar que nenhuma coisa criada pode ser o “tesouro”, o fim último do homem. Pelo contrário, o homem, usando retamente das coisas nobres da terra, percorre o caminho para Deus, santifica-se e dá ao Senhor toda a glória: “quer comais ou bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Cor 10, 31).
“...vai chegar na hora em que menos esperardes” (Lc 12, 40). Não devemos ficar preocupados com o dia ou a hora da morte. Deus quis ocultar o momento da morte de cada um e do fim do mundo. Imediatamente depois da morte, todo homem comparece para o juízo particular: “Assim, está estabelecido que os homens morram uma só vez; e depois disto, o juízo” (Hb 9, 27). Daí o cristão não poder aceitar a reencarnação! Quem morre não volta mais! Morre-se uma só vez! Estejamos preparados para esse encontro definitivo com o Senhor. Ele pedirá contas a cada um segundo as suas circunstâncias pessoais: todo o homem tem nesta vida uma missão para cumprir; dela teremos de responder diante do tribunal divino e seremos julgados segundo os frutos, abundantes ou escassos, que tenhamos dado.

            O Senhor espera de nós uma conversão sincera e uma correspondência cada vez mais generosa: espera que estejamos vigilantes para que não adormeçamos na tibieza, para que andemos sempre despertos.