quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Homilía Dominical dia 26/10/2014 - Mt 22,34-40



Mandamento da Alegria
Mons. José Maria Pereira



Os fariseus, em grupos, continuam preparando armadilhas para Jesus; querem provocar afirmações polêmicas de Jesus, para poder acusá-lo e condená-lo.
Os fariseus perguntam: “Qual é o maior dos mandamentos?” Alguns afirmavam que o maior de todos os mandamentos era guardar o sábado. Outros diziam que todos os mandamentos tinham o mesmo valor. Além disso, os Judeus tinham 613 mandamentos (a maioria proibições).
Jesus responde, buscando fundamentação em duas passagens da Bíblia: “Amarás o Senhor teu Deus com todas...” (Dt 6,5). E, “amarás o teu próximo como a ti mesmo...”
(Lv 19,18).
Define o Amor de Deus e ao próximo como o centro essencial da Lei. Esses dois mandamentos são a expressão maior da vontade de Deus. É o resumo de toda a Bíblia. Podemos dizer que Jesus convida à alegria, porque é um apelo ao amor. O mandamento do amor é ao mesmo tempo o da alegria, pois esta virtude ensina São Tomás: “não é diferente da caridade, mas um certo ato e efeito seu”. Por isso, um dos elementos mais claros para medirmos o grau da nossa união com Deus é verificarmos o nível de alegria e bom humor que pomos no cumprimento do dever, no trato com os outros, à hora de enfrentarmos a dor e as contrariedades.
Quando os fariseus se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram qual era o principal mandamento da Lei, Jesus respondeu-lhes: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças. O segundo é semelhante a ele: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. É disto que precisamos: de procurar o rosto de Deus com tudo o que temos e somos, e de servir o nosso próximo, abrindo-nos a ele e esquecendo-nos de nós mesmos, fugindo da preocupação obsessiva pelo conforto, abandonando a nossa vaidade e orgulho, colocando o olhar longe de nós mesmos..., amando.
Muitos pensam que serão mais felizes quando possuírem mais coisas, quando forem mais admirados..., e se esquecem de que só necessitamos de “um coração enamorado”. O nosso coração foi feito por Deus para alcançar a sua plenitude, a sua completa realização, nos bens eternos, no seu Criador! Portanto nenhum amor pode saciar o nosso coração, se vier a faltar o Amor com maiúscula! Os outros amores limpos –se não forem limpos, não serão amor- só adquirem o seu verdadeiro sentido quando se procura o Senhor sobre todas as coisas. É por isso que nem o egoísta, nem o invejoso, nem quem tem colocada a sua alma nos bens da terra... podem saborear a alegria que Jesus prometeu aos seus discípulos, porque não saberão amar, no sentido mais profundo e nobre da palavra. Ensina Santa Teresa: “Quando é perfeito, o amor tem esta força: leva-nos a esquecer o nosso próprio contentamento para contentar Aquele a quem amamos. E verdadeiramente é assim, porque, ainda que sejam grandíssimos os trabalhos, se nos afiguram doces quando percebemos que contentamos a Deus” (Fundações, 5,10).
Exorta S. Paulo: “Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito, alegrai-vos!” (Fl 4,4). Quando a alma está alegre, abre-se e ganha asas para voar para Deus e para exceder-se no serviço aos outros; um coração alegre está mais perto de Deus, dispõe-se a levar a cabo grandes tarefas e é estímulo para os seus irmãos.
Quando se diz em linguagem figurada que esta ou aquela casa “parece um inferno”, vem-nos à mente um lar sem amor, sem alegria, sem Cristo. Um lar cristão deve ser alegre, porque nele está o Senhor que o preside, e porque ser discípulo seu significa, entre outras coisas, viver essas virtudes humanas e sobrenaturais a que está tão intimamente unida a alegria: generosidade, cordialidade, espírito de sacrifício, simpatia, empenho por tornar mais amável a vida de todos...
Fujamos da tristeza! A alma entristecida cai com facilidade no pecado e fica sem forças para o bem; caminha com certeza para a derrota. “Assim como a traça corrói o vestido, e o caruncho a madeira, assim a tristeza prejudica o coração do homem.” (São Bernardo). Se alguma vez sentimos que esta doença da alma nos ronda ou já se introduziu em nós, examinemos onde está colocado o nosso coração.
Ensina Sto. Agostinho: “O pecado é o motivo de tua tristeza. Deixa que a santidade seja o motivo de tua alegria. A busca de Deus é a busca da alegria. O encontro com Deus é a própria alegria. O que mais Deus odeia depois do pecado é a tristeza, porque nos predispõe ao pecado”.
Diz o Doc. De Aparecida, nº 29: “Desejamos que a alegria que recebemos no encontro com Jesus Cristo chegue a todos os homens e mulheres feridos pelas adversidades. A alegria do discípulo é antídoto frente a um mundo aterrorizado pelo futuro e oprimido pela violência e pelo ódio. Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria.”
Nesse Dia Mundial das Missões, a Igreja nos lembra que todo cristão deve ser missionário.
Vivendo intensamente os dois amores (a Deus e ao próximo), crescerá também em nós um novo ardor missionário.
“O Dia Mundial das Missões reavive em cada um o desejo e a alegria de ir ao encontro da humanidade levando Cristo a todos” ( Papa Emérito Bento XVI).
“Quando a Igreja faz apelo ao compromisso evangelizador, não faz mais do que indicar aos cristãos o verdadeiro dinamismo da realização pessoal: “Aqui descobrimos outra profunda lei da realidade: ‘A vida se alcança e amadurece à medida que é entregue para dar vida aos outros’. Isto é, definitivamente, a missão”.
São João Paulo ll  convidou-nos a reconhecer que “não se pode perder a tensão para o anúncio” àqueles que estão longe de Cristo, “porque esta é a tarefa  primária da Igreja”
(Carta Redemptoris Missio, 34).
A atividade missionária “ainda hoje representa o máximo desafio para a Igreja e a causa missionária deve ser a primeira de todas as causas”
( R. Misssio,40 e 86 ).

Nesta linha, os Bispos latino- americanos afirmaram que “não podemos ficar tranquilos, em espera passiva, em nossos templos,” sendo necessário passar “de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária.” ( Doc. de Aparecida, 548 e 370 ) e Evangelii Gaudium. 10 e 15 ).
“Cada cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho.”
( Evangelii Gaudium, 20 ).
 

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