sábado, 14 de abril de 2018

HOMILIA DOMINICAL


III DOMINGO DA PÁSCOA – ANO B
(15/04/2018)


TESTEMUNHAS DE CRISTO

    

            No Tempo Pascal a liturgia oferece – nos numerosos estímulos para fortalecer a nossa fé em Cristo ressuscitado.

          No Evangelho (Lc 24, 35-48), São Lucas narra  como os dois discípulos de Emaús, depois de O terem reconhecido “ao partir o pão”, se dirigiram cheios de alegria a Jerusalém para informar os outros de quanto tinha acontecido. E precisamente quando estavam a falar, o próprio Senhor fez – se presente mostrando as mãos e os pés com os sinais da Paixão. Diante da admiração incrédula dos Apóstolos, Jesus pediu peixe assado e comeu – o diante deles. Cristo vai ao encontro deles para fortalecer-lhes a fé e dizer-lhes: “Vós sereis testemunhas de tudo isso” (Lc 24,48).

          A seguir passa a interpretar as Escrituras: “Era preciso que se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”. Então abriu-se-lhes a mente para que entendessem as Escrituras, e disse-lhes: “Assim está escrito que o Messias devia sofrer e ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, e que, em seu nome, fosse proclamada a conversão para a remissão dos pecados a todas as nações, a começar por Jerusalém. Vós sois testemunhas disso”.

          O Salvador garante – nos a sua Presença Real entre nós, por meio da Palavra e da Eucaristia. Por conseguinte, assim como os discípulos de Emaús reconheceram Jesus ao partir o Pão ( Lc 24, 35 ), também nós encontramos o Senhor na Celebração Eucarística. Explica São Tomás de Aquino que “é necessário reconhecer segundo a fé católica, que Cristo está inteiramente Presente neste Sacramento, (...) porque a divindade deixou o corpo que adquiriu” ( S. Tomás, lll, q. 76, a. 1).

          A Eucaristia, o lugar privilegiado no qual a Igreja reconhece “o Autor da Vida” ( At 3, 15 ), é “a Fração do Pão”, como é chamada nos Atos dos Apóstolos. Nela, mediante a fé, entramos em  comunhão com Cristo, que é “altar, vítima e sacerdote” e está no meio de nós. Reunimo–nos em volta  d’Ele para fazer memória de suas palavras e dos acontecimentos contidos na Escritura; revivemos a sua Paixão, Morte e Ressurreição. Celebrando a Eucaristia comunicamos com Cristo, vítima de expiação, e d’Ele obtemos perdão e vida. O que seria a nossa vida de cristãos sem a Eucaristia? A Eucaristia é a herança perpétua e viva que o Senhor nos deixou no Sacramento do  seu Corpo e do seu Sague, que devemos constantemente reconsiderar e aprofundar para que, como afirmava o Papa, agora São Paulo Vl, possa “imprimir a sua inexaurível eficácia sobre todos os dias da nossa vida mortal”.

          Jesus aponta a MISSÃO: “Sereis minhas testemunhas”.

          Esta missão impossível é aquilo que vemos realizar-se no trecho bíblico de At 3, 13-19. Na manhã de Pentecostes, Pedro diz ao povo de Jerusalém: Matastes o Príncipe da Vida, mas Deus o ressuscitou dentre os mortos: disso nós somos testemunhas […]. 

         Arrependei-vos, portanto, convertei-vos, para que vossos pecados sejam apagados. Embora tendo ficado poucos e sozinhos, com o encargo de pregar o Evangelho em todo o mundo (Mc 16,15), os apóstolos não desanimam; sabiam que sua missão era uma só: dar testemunho do que tinham ouvido e visto cumprir-se em Jesus de Nazaré; o resto o teria feito Ele mesmo agindo junto com eles e confirmando Sua Palavra com os prodígios (At 1,22). A este Jesus, Deus o ressuscitou: do que todos nós somos testemunhas é o resumo de sua pregação (At 2,32; 5,15; 10, 40). Nós vimos a Vida e lhe damos testemunho ( 1Jo 1,2).

          Esse testemunho levou a todos, um depois do outro, ao martírio; no entanto, porém, em poucos decênios se cumpriu aquilo que antes parecia uma missão impossível aos homens a divulgação do Evangelho em todo o mundo, fazendo discípulos todos os povos.
Os apóstolos não demoraram a descobrir que não estavam sozinhos para dar testemunho de Jesus; outra testemunha, silenciosa, mas irresistível, se unia a eles toda vez que falavam de Jesus, o Espírito Santo: Deste fato nós somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus deu a todos aqueles que lhe obedecem (At 5,32). O Espírito da Verdade, que procede do Pai- tinha predito Jesus -, ele dará testemunho de mim. Também vós dareis testemunho (Jo 15,26).

         Ser testemunha é conhecer, viver e anunciar a mensagem de amor, que Cristo trouxe.
A Ressurreição de Jesus, no Evangelho, aparece como um fato real, mas assim mesmo os apóstolos não conseguiam acreditar facilmente. O caminho foi longo, difícil, penoso, carregado de dúvidas e incertezas.

         O caminho espiritual para chegar à fé continua o mesmo. Tocai em mim”, diz Jesus. O gesto de tocar nos ensina que o encontro dos discípulos com Jesus ressuscitado foi um fato real e palpável.

         Também o Ressuscitado revela o sentido profundo das Escrituras.

         Cada um de nós, a comunidade, deve reunir-se com Jesus ressuscitado para escutar a Palavra, que sempre ilumina a nossa vida e nos ajuda a descobrir os caminhos de Deus na história…

        Os discípulos recebem a MISSÃO de serem testemunhas de tudo isso. A raiz da Missão é o Encontro com o Ressuscitado e a compreensão das Escrituras. Cristo continua precisando, ainda hoje, de testemunhas.

         O Concílio Vaticano II fala dos bispos e sacerdotes como “testemunhas de Cristo e do Evangelho” (LG, 21.25).

     Porém, quando refere-se aos leigos diz que eles também são testemunhas da ressurreição de Cristo. “Cada leigo deve ser diante do mundo uma testemunha da ressurreição e da vida de Jesus, um sinal do Deus vivo” (LG 38).

          Todos somos chamados a ser testemunhas da presença do Ressuscitado, através de nossas palavras e ações.

     Cristo, ainda hoje, continua nos lembrando: “Vocês também devem ser minhas testemunhas!”
    
         Nos dias seguintes à Ressurreição do Senhor, os Apóstolos permaneceram reunidos entre si, confortados pela presença de Maria, e depois da Ascensão perseveraram juntamente com Ela em orante expectativa do Pentecostes. Nossa Senhora foi para eles mãe e mestra, papel que continua a desempenhar para os cristãos de todos os tempos.

       Que a Mãe de Deus nos ajude a escutar com atenção a Palavra do Senhor e a participar dignamente da Mesa do Sacrifício Eucarístico, para nos tornarmos testemunhas da humanidade nova.

        Confiemos a Maria as necessidades da Igreja e do mundo inteiro, especialmente neste momento marcado por não poucas sombras.

        Que Maria, Rainha do Céu, interceda a Deus Pai por nosso país, pelo mundo inteiro!
Rainha da Paz: Rogai por nós!


MONSENHOR JOSÉ MARIA PEREIRA
SCE REGIÃO RIO II

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