quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Homilía Dominical dia 11/10/2015 - Mc 10, 17-30



O uso das Riquezas...
Mons. José Maria Pereira




O Evangelho (Mc 10, 17-30), narra a escolha do jovem rico.
            Quando Jesus saiu com os seus discípulos, a caminho de Jerusalém, apareceu um jovem que se ajoelhou diante d’Ele e lhe perguntou: “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?” O Senhor indica-lhe os Mandamentos como caminho seguro e necessário para alcançar a salvação. O jovem, com grande simplicidade, respondeu-lhe que os cumpria desde a infância. Então Jesus, que conhecia a pureza daquele coração e o fundo de generosidade e de entrega que existe em cada homem e em cada mulher, “olhou para ele com amor” e convidou-o a segui-Lo, pondo à parte tudo o que possuía.
Neste texto podemos situar dois casos: do jovem rico que não vende tudo para seguir Jesus e dos apóstolos que, ao invés abandonam tudo para segui-lo. A tônica deste trecho evangélico não é “vender tudo”, mas “vem e segue-me”; ele não fala em primeiro lugar da pobreza voluntária, mas da suprema riqueza que é possuir Jesus. Pode-se aproximar esta passagem do Evangelho à parábola do homem que descobriu um tesouro no campo e vende tudo para compra-lo, e do homem que cede toda uma coleção de pedras preciosas para adquirir a pérola de grande valor (Mt 13, 44-46).
            Como gostaríamos de contemplar esse olhar de Jesus! Umas vezes, imperioso; outras, de pena e de tristeza, por exemplo ao ver a incredulidade dos fariseus (Mc 2,5); outras, de compaixão, como à entrada de Naim, quando passou o enterro do filho da viúva (Lc 7,13). É esse olhar que comunica uma força persuasiva às palavras com que convida Mateus a deixar tudo e segui-Lo (Mt 9,9); ou com que se faz convidar a casa de Zaqueu, levando-o à conversão (Lc 19,5).
            Mas o jovem prefere a “segurança” da riqueza e recusa o convite de Jesus!
            Ao recusar o convite, diz o Evangelho:” quando ele ouviu isso, ficou abatido e foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico” (Mc 10,22). “A tristeza deste jovem deve fazer-nos refletir. Podemos ter a tentação de pensar que possuir muitas coisas, muitos bens neste mundo, pode fazer-nos felizes. E no entanto, vemos no caso deste jovem do Evangelho que as muitas riquezas se converteram em obstáculo para aceitar o chamamento de Jesus. Não estava disposto a dizer Sim a Jesus e não a si próprio, a dizer Sim ao amor e não á fuga!
            O amor verdadeiro é exigente. O amor exige esforço e compromisso pessoal para cumprir a vontade de Deus. Significa disciplina e sacrifício, mas significa também alegria e realização humana. Não tenhais medo a um esforço honesto e a um trabalho honesto; não tenhais medo à verdade. Queridos jovens, com a ajuda de Cristo e através da oração, vós podeis responder ao Seu chamamento, resistindo às tentações, aos entusiasmos passageiros e a toda a forma de manipulação de massas.
            Segui a Cristo! Vós, esposos, tornai-vos participantes reciprocamente, do vosso amor e das vossas cargas, respeitai a dignidade humana do vosso cônjuge; aceitai com alegria a vida que Deus vos confia; tornai estável e seguro o vosso matrimônio por amor aos vossos filhos.
            Segui a Cristo! Vós solteiros ou que estais se preparando para o matrimônio!
            Em nome de Cristo estendo a todos vós o chamamento, o convite, a vocação: Vem e segue-Me” (São João Paulo II).
            A reflexão da passagem bíblica sobre o jovem rico leva-nos a entender o uso dos bens materiais. Jesus não os condena por si mesmos; são meios que Deus pôs à disposição do homem para o seu desenvolvimento em sociedade com os outros. O apego indevido a eles é o que faz que se convertam em ocasião pecaminosa. O pecado consiste em “confiar” neles, como solução única da vida, voltando as costas à divina Providência. São Paulo diz que a ganância é uma idolatria (Cl 3,5). Cristo exclui do Reino de Deus a quem cai nesse apego às riquezas, constituindo-as em centro da sua vida, ou melhor disto, ele mesmo se exclui.
            Quem é esse jovem do Evangelho?
            Posso ser eu. Pode ser você... São muitas pessoas que observam os Mandamentos e até desejariam fazer mais... Mas quando Deus pede algo mais... se retiram tristes, porque estão apegadas a muitas coisas, que prendem o seu coração e impedem de dar esse passo a mais. As vezes são medíocres, querem ficar satisfeitas apenas com o mínimo necessário!...
            Cristo nos dirige, ainda hoje, o mesmo convite: “Vai e vende tudo o que tens e dá aos pobres... e depois, vem e segue-Me.”  Todos nós temos alguma coisa para “vender”...
            Quais são as “riquezas”, de que devemos nos desfazer para esse algo mais e que tornam o nosso coração materializado e insensível às coisas de Deus?
            Cristo continua nos olhando com amor!
            Com esforço devemos seguir o Mestre. “Neste esforço de identificação com Cristo, costumo distinguir como que quatro degraus: procurá-Lo, encontrá-Lo, tratá-Lo, amá-Lo. Talvez vos sintais como que na primeira etapa. Procurai o Senhor com fome, procurai-O em vós mesmos com todas as forças. Atuando com este empenho, atrevo-me a garantir que já O tereis encontrado, e que tereis começado a tratá-Lo e a amá-Lo” (São Josemaria Escrivá, Amigos de Deus, nº 300).
           




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