quinta-feira, 11 de junho de 2015

Homilía Dominical dia 14/06/2015 - Mc 4,26-34


       O Grão de Mostarda
Mons. José Maria Pereira





              As duas Parábolas de Jesus, a Semente e o Grão de Mostarda (Mc 4, 26-34), mostram que o Reino de Deus não é obra dos homens, é obra de Deus e que a comunidade cristã deve ter confiança total na ação de Deus.
            “O Reino de Deus é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes da terra, mas depois brota e torna-se maior do que todas as hortaliças, e estende ramos tão grandes, que os pássaros do céu podem abrigar-se à sua sombra” (Mc 4, 31-32).
            Importa, pois, que o ser humano seja a terra boa, colaborando com a graça de Deus.
            O Senhor escolheu um punhado de homens para instaurar o seu reinado no mundo. A maioria deles eram humildes pescadores, de pouca cultura, cheios de defeitos e sem meios materiais: “o que é fraco no mundo, Deus o escolheu para confundir os fortes” (1 Cor 1, 27). Considerando humanamente, é incompreensível que esses homens tivessem chegado a difundir a doutrina de Cristo por toda a terra, em tempo tão curto e tendo que enfrentar tantos obstáculos e contradições.
            Com a parábola do grão de mostarda -comenta São João Crisóstomo-, o Senhor moveu-os à fé e fez-lhe ver que a pregação do Evangelho se propagaria apesar de todas as dificuldades.
            Nós também somos esse grão de mostarda em relação à tarefa que o Senhor nos confia no meio do mundo. Não devemos esquecer a desproporção entre os meios ao nosso alcance- os nossos poucos talentos- e a vastidão do apostolado que devemos realizar; mas também não podemos esquecer que sempre teremos a ajuda do Senhor. Surgirão dificuldades, e então seremos mais conscientes da nossa insignificância e não teremos outro remédio senão confiar mais no Mestre e no caráter sobrenatural da obra que nos encomenda.
            Ensina São Josemaria Escrivá: “Nas horas de luta e contradição, quando talvez “os bons” encham de obstáculos o teu caminho, levanta o teu coração de apóstolo; ouve Jesus que fala do grão de mostarda e do fermento. E sentirás a alegria de contemplar a vitória futura: aves do céu à sombra do teu apostolado, agora incipiente; e toda a massa fermentada” (Caminho, 695).
            Se não perdermos de vista a nossa pouca valia e a ajuda da graça, permaneceremos sempre firmes às expectativas do Senhor em relação a cada um de nós. Com Ele, podemos tudo.
            As parábolas da semente e do grão de mostarda, ainda que sejam um apelo à humanidade, único terreno apto para o desenvolvimento do Reino de Deus, são também um convite a um são otimismo, baseado na eficácia infalível da ação divina.
            Mesmo quando os homens estão pervertidos, ao ponto de negar a Deus e de O considerar “morto”, vivendo como se não existisse, Ele está sempre presente e atuante na história humana e continua a espalhar a semente do Seu Reino.
            A própria Igreja, que colabora nesta sementeira, não vê, a maior parte das vezes, os seus frutos; mas é certo que um dia amadurecerão as espigas. Porém, é preciso esperar com paciência a hora marcada por Deus, como o lavrador, sem inquietação, espera que passe o inverno e que o grão germine. E se isto serve para a Igreja, deve servir também para cada um em particular, porque no coração do homem se desenvolve, ocultamente, o Reino de Deus e a santidade. Por isso, não deve haver lugar para desânimos, se, depois de esmerados esforços, um se encontra fraco e defeituoso. É preciso perseverar no esforço, mas confiando apenas em Deus, porque somente Ele pode tornar eficaz a ação do homem.
            O anúncio do Evangelho, feito na maioria das vezes entre os companheiros de trabalho ou entre os vizinhos, significou nos primeiros tempos uma mudança radical de vida e a salvação eterna para famílias inteiras.
            Que o Senhor nos dê forças para sermos cristãos autênticos vivendo a fé que professamos, em todos os momentos e situações da vida. Serão ocasiões para mostrarmos o nosso amor a Deus, deixando de lado os respeitos humanos, a opinião do ambiente, etc; “pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de sabedoria. Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor...”(2 Tm 1 ,7-8).

            Somos convidados a continuar semeando com fé e confiança. A força vital de Deus age, garantindo o sucesso da colheita, da Missão. Os frutos não dependem de quem semeou, mas da força da semente. O crescimento do Reino depende da ação gratuita de Deus.
            Deus vale-se do pouco para as suas obras.
            Nunca nos faltará também a sua ajuda.
            E também nós encontraremos na Cruz o poder e a valentia de que necessitamos.




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