Mãe de Deus e Nossa
Mons. José Maria Pereira
No oitavo dia de Natal, a Igreja celebra a Solenidade de Maria, Mãe de
Deus. É o dia 1º de janeiro, abertura de um ano civil e celebra-se também o DIA
MUNDIAL DA PAZ.
A piedade cristã plasmou de mil formas diferentes a festa da Mãe de
Deus que celebramos hoje! Um exemplo disso é que inúmeras são as imagens de
Maria com o Menino nos braços. A Maternidade de Maria é o fato central que
ilumina toda a vida da Virgem e é o fundamento dos outros privilégios com que
Deus quis adorná-la.
Maria é a Senhora, cheia de graça e de virtudes, concebida sem pecado,
que é Mãe de Deus e Mãe nossa, e está nos céus em corpo e alma. A Bíblia
fala-nos dela como a mais excelsa de todas as criaturas, a bendita, a mais
louvada entre as mulheres, a cheia de graça (Lc 1,28), Aquela que todas as
gerações chamarão bem-aventurada (Lc 1,48).
A Igreja ensina-nos que Maria ocupa, depois de Cristo, o lugar mais
alto e o mais próximo de nós, em função da sua maternidade divina. Diz o
Concilio Vaticano II, na Lumen Gentium, 63: “Ela, pela graça de Deus, depois do
seu Filho, foi exaltada sobre todos os anjos e todos os homens.”
Ensina S. Paulo: “Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o
seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei...” (Gl 4,4). Jesus não
apareceu de repente na terra vindo do céu, mas fez-se realmente homem, como
nós, tomando a nossa natureza humana nas entranhas puríssimas da Virgem Maria.
Enquanto Deus, é eternamente gerado, não feito, por Deus Pai. Enquanto homem,
nasceu, “foi feito”, de Santa Maria. “Muito me admira –diz por isso São Cirilo-
que haja alguém que tenha alguma dúvida de que a Santíssima Virgem deve ser
chamada Mãe de Deus. Se Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus, por que a Santíssima
Virgem, que o deu à luz, não há de ser chamada Mãe de Deus? Esta é a fé que os
discípulos do Senhor nos transmitiram, ainda que não tenham empregado essa
expressão. Assim nos ensinaram os Santos Padres”.
“Quando a Virgem respondeu livremente Sim àqueles desígnios que o
Criador lhe revelava, o Verbo divino assumiu a natureza humana: a alma racional
e o corpo formado no seio puríssimo de Maria. A natureza divina e a natureza
humana uniam-se numa única Pessoa: Jesus Cristo, verdadeiro Deus e, desde
então, verdadeiro Homem; Unigênito eterno do Pai e, a partir daquele momento,
como Homem, filho verdadeiro de Maria. Por isso Nossa Senhora é Mãe do Verbo
encarnado, da segunda pessoa da Santíssima Trindade que uniu a si para sempre
–sem confusão- a natureza humana. Podemos dizer bem alto à Virgem Santa, como o
melhor dos louvores, estas palavras que expressam a sua mais alta dignidade:
Mãe de Deus” (São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 274).
“Concebendo Cristo, gerando-o, alimentando-o, apresentando-o ao Pai no
templo, padecendo com seu Filho quando morria na Cruz, cooperou da forma
inteiramente ímpar com a obra do Salvador mediante a obediência, a fé, a
esperança e a ardente caridade, a fim de restaurar a vida sobrenatural das
almas. Por isso Ela é nossa Mãe na ordem da graça” (LG,61).
Jesus deu-nos Maria como Mãe nossa no momento em que, pregado na Cruz,
dirigiu à sua Mãe estas palavras: “Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao
discípulo: Eis aí a tua mãe” (Jo 19,26-27). Desde aquele dia, toda a Igreja a
tem por Mãe; e todos os homens a têm por Mãe. Todos entendemos como dirigidas a
cada um de nós as palavras pronunciadas na Cruz.
Quando Cristo dá a sua Mãe por Mãe nossa, manifesta o amor aos seus até
o fim. Quando a Virgem Maria aceita o Apóstolo João como seu filho, mostra o
seu amor de Mãe para com todos os homens.
Hoje também é o Dia Mundial da Paz, dedicado ao tema: “Educar os jovens
para a justiça e para a paz”.
Diz o Santo Padre Bento XVI: “O início de um NOVO ANO, dom de Deus à
humanidade, induz-me a desejar a todos com grande confiança e estima, de modo
especial que este tempo, que se abre diante de nós, fique marcado concretamente
pela justiça e a paz.” Continua o Papa: “Com qual atitude devemos olhar para o
novo ano? No Salmo 130, encontramos uma imagem muito bela. O salmista diz que o
homem de fé aguarda pelo Senhor “mais do que a sentinela pela aurora” (v. 6),
aguarda por Ele com firme esperança, porque sabe que trará luz, misericórdia,
salvação.” O Papa diz que queria revestir a Mensagem duma perspectiva
educativa: “Educar os jovens para a justiça e a paz”, convencido de que eles
podem, com o seu entusiasmo e idealismo, oferecer uma nova esperança ao mundo.
Hoje, primeiro dia do ano, rezemos com salmista: Deus nos dê a sua
graça e nos abençoe! Sim fomos abençoados. E se abençoados, somos chamados a
sermos fonte de benção para nosso próximo. Que a saudação Feliz Ano Novo
desperte em nós o propósito de comunicar a paz e a alegria a todos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário