quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Homilía Dominical dia 26/01/2014 Mt. 4,12-23




Conversão e Testemunho

  Mons. José Maria Pereira

Jesus, depois de ter deixado Nazaré e de ter sido batizado no Jordão, vai a Cafarnaum para iniciar o seu ministério público.
Ele é apresentado como grande luz (cf. Mt 4, 12-23) de que fala o Profeta Isaías (Is 9, 1-4).
No caminho do mar, junto ao lago, que Jesus começa a pregar e a dizer: “Convertei-vos, porque está próximo o Reino dos Céus” (           Mt 4, 17). Da pregação em geral, Jesus passa ao convite pessoal: “Segui-Me e Eu vos farei pescadores de homens. Eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram”.
O Evangelho nos apresenta o chamamento dos primeiros Apóstolos: “Ele chamou enquanto caminhava junto ao mar da Galiléia. Estes homens experimentaram o fascínio da luz secreta que emanava dele e seguiram-na sem demora para que iluminasse com o seu fulgor o caminho das suas vidas. Mas essa luz de Jesus resplandece para todos.
Jesus Cristo, luz do mundo, chamou primeiro uns homens simples da Galiléia, iluminou as suas vidas, ganhou-os para a sua causa e pediu-lhes uma entrega sem condições. Aqueles pescadores da Galiléia saíram da penumbra de uma vida sem relevo nem horizonte para seguirem o mestre, tal como outros o fariam logo após, e depois já não cessariam de fazê-lo inúmeros homens e mulheres ao longo dos séculos. Seguiram-no até darem a vida por Ele. Nós também o seguimos!
O Senhor chama-nos agora para que O sigamos e para que iluminemos a vida dos homens e as suas atividades nobres com a luz da fé; sabemos bem que o remédio para tantos males que afetam a humanidade é a fé em Jesus Cristo, nosso Mestre e Senhor, razão de ser de nossa existência; sem ele, os homens caminham às escuras e por isso tropeçam e caem. E a fé que devemos comunicar é luz na inteligência, uma luz incomparável: fora da fé estão as trevas, a escuridão natural diante da verdade sobrenatural...”
Jesus inicia o seu ministério e prega a conversão: “Convertei-vos, porque o reino dos céus está próximo” (Mt 4, 17). A conversão, diz o Doc. de Aparecida, nº 278b, “é a resposta inicial de quem escutou o Senhor com admiração, crê nele pela ação do Espírito, decide ser seu amigo e ir após Ele, mudando a sua forma de pensar e de viver, aceitando a cruz de Cristo, consciente de que morrer para o pecado é alcançar a vida. No Batismo e no sacramento da Reconciliação se atualiza para nós a redenção de Cristo”.
As palavras chegarão ao coração dos nossos amigos se antes lhes tiver chegado o exemplo da nossa atuação: as virtudes humanas próprias do cristão – o otimismo, a cordialidade, a firmeza de caráter, a lealdade... Não iluminaria com a sua fé o cristão que não fosse exemplar no seu trabalho ou no seu estudo, que perdesse o tempo, que não fosse sereno no meio das dificuldades, perfeito no cumprimento do seu dever, que lesasse algum aspecto da justiça nas relações profissionais...
A mensagem de Cristo sempre entrará em choque com uma sociedade contagiada pelo materialismo e por uma atitude conformista e aburguesada perante a vida.
“Sê forte” (Sl 26, 14). Poderíamos perguntar-nos hoje se no nosso círculo de relações somos conhecidos por essa coerência de vida, pelo exemplo na atuação profissional, ou no estudo, se somos estudantes; pelo exercício diário das virtudes humanas e sobrenaturais, com a coragem e o esforço perseverante a que nos incita o Espírito Santo.
Deus chama-nos a todos para que sejamos luz do mundo, e essa luz não pode ficar escondida: “Somos lâmpadas que foram acesas com a luz da verdade” (Santo Agostinho).
Se somos cristãos que vivem imersos na trama da sociedade, santificando-nos em e através do trabalho, devemos conhecer muito bem os princípios da ética profissional, e aplicá-los depois no exercício diário da profissão, ainda que esses critérios sejam exigentes e nos custe levá-los à prática. Para isso são necessárias vida interior e formação doutrinal.
Peçamos à Virgem Maria coragem e simplicidade para vivermos no meio do mundo sem sermos mundanos, como os primeiros cristãos, para sermos luz de Cristo na nossa profissão e em todos os ambientes de que participamos. “Como discípulos e missionários de Jesus, queremos e devemos proclamar o Evangelho, que é o próprio Cristo. Nós cristãos, somos portadores de boas novas para a humanidade, não profetas de desventuras” (Aparecida nº 30).

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