Conversão e Testemunho
Mons. José Maria Pereira
Jesus, depois de ter deixado Nazaré e de ter sido batizado no
Jordão, vai a Cafarnaum para iniciar o seu ministério público.
Ele é apresentado como grande luz (cf. Mt 4, 12-23) de que
fala o Profeta Isaías (Is 9, 1-4).
No caminho do mar, junto ao lago, que Jesus começa a pregar e
a dizer: “Convertei-vos, porque está próximo o Reino dos Céus” ( Mt 4, 17). Da pregação em geral,
Jesus passa ao convite pessoal: “Segui-Me e Eu vos farei pescadores de homens.
Eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram”.
O Evangelho nos apresenta o chamamento dos primeiros
Apóstolos: “Ele chamou enquanto caminhava junto ao mar da Galiléia. Estes
homens experimentaram o fascínio da luz secreta que emanava dele e seguiram-na
sem demora para que iluminasse com o seu fulgor o caminho das suas vidas. Mas
essa luz de Jesus resplandece para todos.
Jesus Cristo, luz do mundo, chamou primeiro uns homens
simples da Galiléia, iluminou as suas vidas, ganhou-os para a sua causa e
pediu-lhes uma entrega sem condições. Aqueles pescadores da Galiléia saíram da
penumbra de uma vida sem relevo nem horizonte para seguirem o mestre, tal como
outros o fariam logo após, e depois já não cessariam de fazê-lo inúmeros homens
e mulheres ao longo dos séculos. Seguiram-no até darem a vida por Ele. Nós
também o seguimos!
O Senhor chama-nos agora para que O sigamos e para que
iluminemos a vida dos homens e as suas atividades nobres com a luz da fé;
sabemos bem que o remédio para tantos males que afetam a humanidade é a fé em
Jesus Cristo, nosso Mestre e Senhor, razão de ser de nossa existência; sem ele,
os homens caminham às escuras e por isso tropeçam e caem. E a fé que devemos
comunicar é luz na inteligência, uma luz incomparável: fora da fé estão as
trevas, a escuridão natural diante da verdade sobrenatural...”
Jesus inicia o seu ministério e prega a conversão:
“Convertei-vos, porque o reino dos céus está próximo” (Mt 4, 17). A conversão,
diz o Doc. de Aparecida, nº 278b, “é a resposta inicial de quem escutou o
Senhor com admiração, crê nele pela ação do Espírito, decide ser seu amigo e ir
após Ele, mudando a sua forma de pensar e de viver, aceitando a cruz de Cristo,
consciente de que morrer para o pecado é alcançar a vida. No Batismo e no
sacramento da Reconciliação se atualiza para nós a redenção de Cristo”.
As palavras chegarão ao coração dos nossos amigos se antes
lhes tiver chegado o exemplo da nossa atuação: as virtudes humanas próprias do
cristão – o otimismo, a cordialidade, a firmeza de caráter, a lealdade... Não
iluminaria com a sua fé o cristão que não fosse exemplar no seu trabalho ou no
seu estudo, que perdesse o tempo, que não fosse sereno no meio das
dificuldades, perfeito no cumprimento do seu dever, que lesasse algum aspecto
da justiça nas relações profissionais...
A mensagem de Cristo sempre entrará em choque com uma
sociedade contagiada pelo materialismo e por uma atitude conformista e
aburguesada perante a vida.
“Sê forte” (Sl 26, 14). Poderíamos perguntar-nos hoje se no
nosso círculo de relações somos conhecidos por essa coerência de vida, pelo
exemplo na atuação profissional, ou no estudo, se somos estudantes; pelo
exercício diário das virtudes humanas e sobrenaturais, com a coragem e o
esforço perseverante a que nos incita o Espírito Santo.
Deus chama-nos a todos para que sejamos luz do mundo, e essa
luz não pode ficar escondida: “Somos lâmpadas que foram acesas com a luz da
verdade” (Santo Agostinho).
Se somos cristãos que vivem imersos na trama da sociedade,
santificando-nos em e através do trabalho, devemos conhecer muito bem os
princípios da ética profissional, e aplicá-los depois no exercício diário da
profissão, ainda que esses critérios sejam exigentes e nos custe levá-los à
prática. Para isso são necessárias vida interior e formação doutrinal.
Peçamos à Virgem Maria coragem e simplicidade para vivermos
no meio do mundo sem sermos mundanos, como os primeiros cristãos, para sermos
luz de Cristo na nossa profissão e em todos os ambientes de que participamos.
“Como discípulos e missionários de Jesus, queremos e devemos proclamar o Evangelho,
que é o próprio Cristo. Nós cristãos, somos portadores de boas novas para a
humanidade, não profetas de desventuras” (Aparecida nº 30).
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