Resposta de Pedro
Mons. José Maria Pereira
O Evangelho (Mc 8, 27-35) nos apresenta Jesus com os seus discípulos
em Cesareia de Filipe. Enquanto caminham, Jesus pergunta aos Apóstolos:
“Quem dizem os homens ser o Filho do homem?” E depois que eles
apresentaram as várias opiniões que as pessoas tinham, Jesus
pergunta-lhes diretamente: “E vós, quem dizeis que eu sou?”.
Disse
São João Paulo II, em 1980: “Todos nós conhecemos esse momento em que
já não basta falar de Jesus repetindo o que os outros disseram, em que
já não basta referir uma opinião, mas é preciso dar testemunho,
sentir-se comprometido pelo testemunho dado e depois ir até aos extremos
das exigências desse compromisso. Os melhores amigos, seguidores,
apóstolos de Cristo, foram sempre aqueles que perceberam um dia dentro
de si a pergunta definitiva, incontornável, diante da qual todas as
outras se tornam secundárias e derivadas: “Para você, quem sou Eu?” Todo
o futuro de uma vida “depende da nossa resposta nítida e sincera, sem
retórica nem subterfúgios, que se possa dar a essa pergunta”.
Essa
pergunta encontra particular ressonância no coração de Pedro, que,
movido por uma graça especial, respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do
Deus vivo”. Jesus chama-o bem-aventurado (Feliz és tu, Simão...) por
essa resposta cheia de verdade, na qual confessou abertamente a
divindade dAquele em cuja companhia andava há vários meses. Esse foi o
momento escolhido por Cristo para comunicar ao seu Apóstolo que sobre
ele recairia o Primado de toda a sua Igreja: “Por isso eu te digo que tu
és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do
inferno nunca poderá vencê-la...”.
Pedro confessou sua fé no
Cristo, Filho de Deus vivo, graças à escuta de sua palavra e à cotidiana
convivência. O Discípulo reconheceu o Messias porque a revelação do Pai
encontrou nele abertura e acolhida. Quer dizer, descobre a verdade dos
desígnios de Deus quem se deixa iluminar pela luz da fé. Com razão,
reconhece o Documento de Aparecida: “A fé em Jesus como o Filho do Pai é
a porta de entrada para a Vida.” Como discípulos de Jesus, confessamos
nossa fé com as palavras de Pedro: “Tu és o Messias, o Filho do Deus
vivo” (DAp, 100). A fé é um dom de Deus, é uma adesão pessoal a Ele.
Crer só é possível pela graça e pelos auxílios interiores do Espírito
Santo.
Para dar uma resposta convincente de fé, os cristãos
precisam conhecer a fundo Jesus Cristo, saber sempre mais sobre sua
pessoa e obra, pela leitura e meditação dos Evangelhos e pelos encontros
com Ele por meio da ação litúrgica, em particular, dos sacramentos.
“Tu
és Pedro...”. Pedro será a rocha, o alicerce firme sobre o qual Cristo
construirá a sua Igreja, de tal maneira que nenhum poder poderá
derrubá-la. E foi o próprio Senhor que quis que ele se sentisse apoiado e
protegido pela veneração, amor e oração de todos os cristãos. Se
desejamos estar muito unidos a Cristo, devemos estar sim, em primeiro
lugar,
a quem faz as suas vezes aqui na terra. Ensinava São Josemaria Escrivá:
“Que a consideração diária do duro fardo que pesa sobre o Papa e sobre
os bispos, te leve a venerá-los, a estimá-los com a tua oração” (Forja,
136).
O nosso amor pelo Papa não é apenas um afeto humano,
baseado na sua santidade, simpatia, etc. Quando vamos ver o Papa,
escutar a sua palavra, fazemo-lo para ver e ouvir o Vigário de Cristo, o
“doce Cristo na terra”, na expressão de Santa Catarina de Sena, seja
ele quem for. O Romano Pontífice é o sucessor de Pedro; unidos a ele,
estamos unidos a Cristo.
Jesus continua perguntando-nos: “quem
dizeis que eu sou?” para responder, não basta procurar na memória alguma
fórmula que aprendemos no catecismo, ou ouvimos de outros ou lemos nos
livros. É preciso procurar no coração, em nossa fé vivida e
testemunhada. Assim descobriremos o que Jesus representa, de fato, em
nossa vida.
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