Assunção de Maria ao Céu
No dia 15 de
agosto a Igreja celebra a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, ou Nossa
Senhora da Glória.
Diz o Prefácio
da Solenidade que proclama maravilhosamente o mistério celebrado: “Hoje, a
Virgem Maria, Mãe de Deus, foi elevada à glória do céu. Aurora e esplendor da
Igreja triunfante, ela é consolo e esperança do vosso povo ainda em caminho,
pois preservastes da corrupção da morte aquela que gerou de modo inefável o
vosso próprio Filho feito homem, autor de toda a vida”.
Trata-se
de uma verdade de fé, um dogma, proclamada pelo Papa Pio XII, no dia 1º de
novembro de 1950: “Terminando o curso da sua vida terrena, foi assunta em corpo
e alma à glória celestial”. Ali a esperava o seu Filho Jesus, com o seu corpo
glorioso, tal como Ela o tinha contemplado depois da Ressurreição.
As
leituras contemplam esta realidade. A 1ª Leitura (Ap 11, 19; 12, 1-10)
apresenta uma mulher vestida com o sol, tendo a lua sob os pés, e do Filho que
ela deu à luz, um varão, que irá reger todas as nações. Nesta imagem a Mulher e
o Filho representam Jesus Cristo e a Igreja, mais a mulher confunde-se também
com Maria, pois nela realizou-se plenamente a Igreja.
A
2ª Leitura (1 Cor 15, 20-27) completa a idéia da 1ª. Paulo, falando de Cristo,
primícia dos ressuscitados, termina dizendo que, um dia, todos os que crêem
terão parte na Sua glorificação, mas em proporção diversa: “Primeiro, Cristo,
como os primeiros frutos da seara; e a seguir, os que pertencem a Cristo” (1
Cor 15, 23). Entre os cristãos, o primeiro lugar pertence, sem dúvida, a Nossa
Senhora, que foi sempre de Deus, porque jamais conheceu o pecado. É a única
criatura em quem o esplendor da imagem de Deus nunca se viu ofuscado; é a
Imaculada Conceição, a obra prima e intacta da Santíssima Trindade em quem o
Pai, o Filho e o Espírito Santo sentiram as suas complacências, encontrando
nela uma resposta total ao Seu amor.
A
resposta de Maria ao amor de Deus ressoa no Evangelho (Lc 1, 35-56), tanto nas
palavras de Isabel que exaltam a grande fé que levou Maria a aderir, sem
vacilação alguma à vontade de Deus, como nas palavras da própria Virgem, que
entoa um hino de louvor ao Altíssimo pelas maravilhas que realizou nela.
Ela
é a nossa grande intercessora junto do Altíssimo. Maria nunca deixa de ajudar
os que recorrem ao seu amparo: “Nunca se ouviu dizer que algum daqueles que
tivesse recorrido à vossa proteção fosse por Vós desamparado”, rezava São
Bernardo. Procuremos confiar mais na sua intercessão, persuadidos de que Ela é
a Rainha dos céus e da terra, o refúgio dos pecadores, e peçamos-lhe com
simplicidade: Mostrai-nos Jesus!
A
Assunção de Maria é uma preciosa antecipação da nossa ressurreição e baseia-se
na ressurreição de Cristo, que transformará o nosso corpo corruptível,
fazendo-o semelhante ao seu corpo glorioso. Por isso São Paulo recorda-nos (1
Cor 15, 20-26): “Se a morte veio por um homem (pelo pecado de Adão), também por
um homem, Cristo, veio a ressurreição. Por Ele, todos retornarão à vida, mas
cada um a seu tempo: como primícias, Cristo; em seguida, quando Ele voltar,
todos os que são de Cristo; depois , os últimos, quando Cristo devolver a Deus
Pai o seu reino...Essa vinda de Cristo, de que fala o Apóstolo, disse o Papa
João Paulo II, “não devia por acaso cumprir-se, neste único caso (o da Virgem),
de modo excepcional, por dizê-lo assim, imediatamente, quer dizer, no momento
da conclusão da sua vida terrena? Esse final da vida que para todos os homens é
a morte, a Tradição, no caso de Maria, chama-o com mais propriedade dormição. Para nós, a Solenidade de hoje é como uma
continuação da Páscoa, da Ressurreição e da Ascensão do Senhor. E é, ao mesmo tempo, o sinal e a fonte da
esperança da vida eterna e da futura ressurreição”.
A
Solenidade de hoje enche-nos de confiança nas nossas súplicas. Pois, diz São
Bernardo, “subiu aos céus a nossa Advogada para, como Mãe do Juiz e Mãe de
Misericórdia, tratar dos negócios da nossa esperança.” Ela alenta continuamente
a nossa esperança. Ensina São Josemaria Escrivá: “Somos ainda peregrinos, mas a
nossa Mãe precedeu-nos e indica-nos já o termo do caminho: repete-nos que é
possível lá chegarmos, e que lá chegaremos, se formos fiéis. Porque a
Santíssima Virgem não é apenas nosso exemplo: é auxílio dos cristãos. E ante a
nossa súplica – mostra que és Mãe – , não sabe nem quer negar-se a cuidar dos
seus filhos com solicitude maternal.
Fixemos
o nosso olhar em Maria, já assunta aos céus. Ela é a certeza e a prova de que
os seus filhos estarão um dia com o corpo glorificado junto de Cristo glorioso.
A nossa aspiração à vida eterna ganha asas ao meditarmos que a nossa Mãe
celeste está lá em cima, que nos vê e nos contempla com o seu olhar cheio de
ternura, com tanto mais amor quanto mais necessitados nos vê.
No
dia dedicado às Vocações Religiosas, Maria é apresentada como Modelo de pessoa
consagrada e um “sinal” de Deus no mundo de hoje.
Monsenhor José Maria Pereira
(Reitor do Seminário Diocesano Nossa Senhora do Amor Divino - SCE e Colaborador do Blog)
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