sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Homilía Dominical dia 30/08/2015 - Mc 7,1-8.14-15.21-23

O Que mancha o homem...
Mons. José Maria Pereira 

 

O Evangelho (Mc 7, 1-8. 14-15. 21-23) mostra quando os fariseus e alguns mestres da Lei se reuniram em torno de Jesus e lhe perguntaram por que os discípulos não seguiam a tradição dos antigos, mas comiam o pão sem lavar as mãos. Jesus, citando Isaías, lhes respondeu que eles eram um povo que O honrava com os lábios, mas seu coração estava longe dele. De nada adianta o culto que prestavam, pois as doutrinas que ensinavam eram preceitos humanos. E concluiu, dizendo que eles tinham abandonado o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens.
E, disse Jesus, que o que torna impuro o homem não é o que entra nele, vindo de fora, mas o que sai de seu interior. Pois é de dentro do coração humano que saem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, etc... 

Deus olha o interior das pessoas e não as práticas exteriores e formais.
É hipocrisia lavar escrupulosamente as mãos ou dar importância a qualquer outra exterioridade, se o coração estiver cheio de vícios.
As ações do homem procedem do coração. E se este está manchado, o homem inteiro fica manchado.
Jesus rejeita a mentalidade que se ocultava por trás daquelas prescrições desprovidas de conteúdo interior, e ensina-nos a amar a pureza de coração, que nos permitirá ver a Deus no meio das nossas tarefas. 

“Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8).
A pureza de alma – castidade e retidão interior nos afetos e sentimentos- tem que ser plenamente amada e procurada com alegria e com empenho, apoiando-nos sempre na graça de Deus. Só pode ser alcançada mediante uma luta positiva e constante, prolongada ao longo de uma vida que se mantém vigilante pelo exame de consciência diário; também fruto de um grande amor à Confissão frequente bem feita, mediante a qual o Senhor nos purifica e nos “lava” o coração, cumulando-nos da sua graça.
Com a ajuda da graça, é tarefa de todos os cristãos mostrar, com uma vida limpa e com a palavra, que a castidade é uma virtude essencial a todos – homens e mulheres, jovens e adultos-, e que cada um deve vivê-la de acordo com as exigências do estado a que o Senhor o chamou; “é exigência de amor. É a dimensão da sua verdade interior no coração do homem, e sem ela não seria possível amar nem a Deus nem aos outros” (São João Paulo II). 

Essa pureza cristã, a castidade, sempre constituiu uma das glórias da Igreja e uma das manifestações mais claras da sua santidade. Hoje, como nos tempos dos
primeiros cristãos, muitos homens e mulheres procuram viver a virgindade e o celibato no meio do mundo – sem serem mundanos -, por amor do Reino dos Céus (Mt 19,12). E uma grande multidão de esposos cristãos vivem santamente a castidade segundo o seu estado matrimonial. Como ensina a Igreja: “tanto o matrimônio como a virgindade e o celibato são dois modos de expressar e de viver o único mistério da Aliança de Deus com o seu povo” (Familiaris Consortio, 16).
Façamos como oração, como jaculatória, a prece que a liturgia dirige ao Espírito Santo, na festa de Pentecostes: “Limpa na minha alma o que está sujo, rega o que se tornou árido, sem fruto, cura o que está doente,dobra o que é rígido, aquece o que está frio, dirige o que se extraviou.”
Sozinhos nós não somos capazes de purificar nosso coração das intenções más e de nos abrirmos de modo justo à novidade do Espírito: devemos confiar-nos, para tanto, à força redentora de Cristo que se torna operante em nós, na Eucaristia... Graças à Eucaristia, podemos dizer com ainda maior razão aquilo que dizia Moisés: “Qual é a grande nação cujos deuses lhe são tão próximos, como o Senhor nosso Deus?” (Dt 4,7). 

Intensifiquemos a leitura, a meditação da Palavra de Deus!
Possamos acolhê-La e colocá-La em prática! Ensina São Tiago: “Sede praticantes da Palavra e não meros ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tg 1,22).
Como ensinava S. Francisco de Assis: “O homem vale o que é diante de Deus e nada mais.” Jesus desloca todo o sentido da lei do exterior para o interior, da boca para o coração, de “fora” do homem para “dentro” do homem, como diz retomando uma expressão de Isaías: “Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim...” (Mc 7,6).
A quem dirige Jesus todas essas observações? Somente aos fariseus de seu tempo? Não! Diz-nos Jesus: “Escutai, TODOS, e compreendei...” (Mc 7,14).

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário