A Quem iremos?
Mons. José Maria Pereira
Jesus,
ao concluir o discurso do Pão da Vida (Jo 6, 60-69), propõe aos seus discípulos
uma decisão sobre quem seguir. Os discípulos entraram em crise.
Diante
de Jesus e de suas palavras, são levados a fazer uma escolha! Cristo havia
feito o milagre da multiplicação dos pães; o povo entusiasmado quer proclama-Lo rei! Cristo pede um gesto de
fé: crer ou não nele... aceitar ou não a sua proposta...
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apenas o pão material ou acolher o Dom do Pão do Céu, Pão da Vida.
O
povo foi alimentado pelo pão material... assim também Ele daria um outro pão
que seria o próprio corpo (a Eucaristia).
E
o povo se escandaliza, não aceita; até os discípulos murmuram: “Esta palavra é
dura. Quem consegue escutá-la?”
Muitos
se retiram e O abandonam. Porém, Jesus não muda o discurso, exige fé.
A
fé pode ser aceita ou recusada, mas não negociada. Sem a fé não entenderiam
aquelas palavras e aqueles sinais... “Ora, sem a fé é impossível agradar a
Deus...” (Hb 11,6).
Jesus
questionava os doze: “Vós também quereis ir embora?”
Diante
desse desafio, aparece o belo testemunho de Pedro:”A quem iremos, Senhor? Tu
tens palavras de vida eterna.”
A
atitude forte de Pedro dissipa as dúvidas dos demais apóstolos, e todos
permanecem fiéis junto ao seu Mestre.
Pedro
exprimiu os sentimentos dos Apóstolos, que, ao perseverarem junto do Mestre, O
iam conhecendo mais profundamente e iam unindo as suas vidas à dele. Disse São
João Paulo II: “Buscai a Jesus esforçando-vos por conseguir uma fé pessoal profunda
que informe e oriente toda a vossa vida; mas sobretudo que seja o vosso
compromisso e o vosso programa amar Jesus, com um amor sincero, autêntico e
pessoal. Ele deve ser vosso amigo e vosso apoio no caminho da vida. Só Ele tem
palavras de vida eterna” (Discurso aos estudantes).
O
mistério de Cristo é indivisível: ou se aceita integralmente, ou recusando um
aspecto, tudo se rejeita. Nem mesmo a
compaixão pelos incrédulos ou o desejo de atrair os irmãos afastados
pode legitimar uma mutilação daquilo que
Jesus disse sobre a Eucaristia.
Quem
se decidiu por Cristo só tem que dizer com Pedro: “A quem iremos, Senhor? Tu
tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que Tu és o
Santo de Deus.”
A
fé no mistério eucarístico continuará distinguindo, através dos séculos, os
verdadeiros seguidores de Cristo.
O
mistério da Eucaristia exige um especial ato de fé. Por isso, já São João
Crisóstomo aconselhava: “ Inclinemo-nos diante de Deus; não O contradigamos,
mesmo quando o que Ele diz possa parecer contrário à nossa razão e à nossa
inteligência. Observemos esta mesma conduta relativamente ao mistério
(eucarístico), não considerando somente o que cai debaixo dos sentidos, mas
atendendo às Suas palavras. Porque a Sua palavra não pode enganar.”
Enquanto
cada um dos dias em que seguimos o Senhor nos faz experimentar com mais força a
alegria da nossa escolha e a expansão da nossa liberdade, vemos ao nosso redor como vivem na escravidão os que um dia
voltaram as costas a Deus e não quiseram conhecê-Lo.
“Escravidão
ou filiação divina: eis o dilema da nossa vida. Ou filhos de Deus ou escravos
da soberba, da sensualidade, desse egoísmo angustiante em que tantas almas
parecem debater-se.
O
Amor de Deus marca o caminho da verdade, da justiça e do bem. Quando nos decidimos
a responder ao Senhor: a minha liberdade para Ti, ficamos livres de todas as
cadeias que nos haviam atado a coisas sem importância, a preocupações
ridículas, a ambições mesquinhas” (São Josemaria Escrivá, Amigos de Deus,
nº38). Ao escolhermos Cristo como fim da nossa vida, acabamos por ganhar tudo.
Há
momentos em que devemos fazer a nossa escolha! Cristão é quem escolhe Cristo e
O segue...
Tenhamos
a convicção firme de Josué: “Nem que todos te abandonem, eu e minha família,
não...” (Js 24,15); ou a firmeza de Pedro: “A quem iremos, Senhor? Só Tu tens
palavras de vida eterna.”
Reafirmemos
hoje o nosso seguimento de Cristo, com muito amor, confiantes na sua ajuda
cheia de misericórdia! Dizer sim ao Senhor em todas as circunstâncias significa
também dizer não a outros caminhos, a outras possibilidades. Ele é o Amigo; só
Ele tem palavras de vida eterna!
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