A Força da Eucaristia
Mons. José Maria
Pereira
Jesus, Pão Vivo descido do céu,
ocupa o lugar central da Liturgia da Palavra de hoje, toda ela orientada para a
Eucaristia. A primeira leitura (1Rs 19, 4-8) fala do Profeta Elias que para se
salvar do furor da rainha Jezebel, foge para o deserto. Durante a longa e
difícil viagem, sentiu-se cansado e quis morrer. “Agora basta, Senhor! Tira
minha vida, porque eu não sou melhor do que os meus pais. E, deitando-se no
chão, adormeceu à sombra de uma árvore. Mas o Anjo do Senhor o despertou,
ofereceu-lhe pão e disse-lhe: Levanta-te e come! Ainda tens um caminho longo a
percorrer. Elias levantou-se, comeu e bebeu, e, com a força desse alimento,
andou quarenta dias e quarenta noites, até chegar ao monte de Deus.” O que não
teria conseguido com as suas próprias forças, conseguiu-o com o alimento que o
Senhor lhe proporcionou quando mais desanimado se sentia.
O
monte santo para o qual o Profeta se dirige é imagem do Céu, e o trajeto de
quarenta dias representa a longa viagem que vem a ser a nossa passagem pela
terra; uma viagem semeada também de tentações, cansaços e dificuldades que por
vezes nos fazem fraquejar o ânimo e a esperança. Mas, de maneira semelhante ao
Anjo, a Igreja convida-nos a alimentar a nossa alma com um pão totalmente
singular, que é o próprio Cristo, presente na Sagrada Eucaristia. Nele
encontramos sempre as forças necessárias para chegarmos até o Céu, apesar da
nossa fraqueza.
“Eu
sou o Pão da Vida, diz-nos Jesus no Evangelho (Jo 6, 41-51). “Quem comer deste
pão viverá eternamente. E o pão que Eu darei e a minha carne, dada para a vida
do mundo” (Jo 6,51).
Hoje,
o Senhor recorda-nos vivamente a necessidade que temos de recebê-Lo na Sagrada
Comunhão para podermos participar da vida divina, para vencermos as tentações,
para que a vida da graça recebida no Batismo se desenvolva em nós. Quem comunga
em estado de graça, além de participar dos frutos da Santa Missa, obtém uns
bens próprios e específicos da Comunhão eucarística: recebe, espiritual e
realmente, o próprio Cristo, fonte de toda a graça. A Eucaristia é, por isso, o
maior sacramento, o centro e cume de todos os demais. A presença real de Cristo
dá a este sacramento uma eficácia sobrenatural infinita.
Na
Comunhão, o poder divino ultrapassa todas as limitações humanas, porque sob as
espécies eucarísticas recebemos o próprio Cristo indiviso. O amor atinge a
máxima expressão neste sacramento, pois é a plena identificação com Aquele que
tanto se ama a quem tanto se espera. “Assim como quando se juntam dois pedaços
de cera e com o fogo se derretem, dos dois se forma uma só coisa, assim também
é o que acontece pela participação do Corpo de Cristo e do seu precioso Sangue”
(São Cirilo de Alexandria). É o que diz Jesus: “Como o Pai, que vive, me
enviou, e eu vivo por meio do Pai, assim aquele que de mim se alimenta viverá
por meio de mim” (Jo 6, 57).
A
alma nunca deixará de dar graças se se recordar com frequência da riqueza deste
sacramento. A Eucaristia produz na vida espiritual efeitos parecidos aos do alimento
material, em relação ao corpo. Fortalece-nos e afasta de nós a debilidade e a
morte: o alimento eucarístico livra-nos dos pecados veniais, que causam a
debilidade e a doença da alma, e preserva-nos dos mortais, que ocasionam a
morte. Disse o Papa Paulo VI: “A Comunhão frequente ou diária torna a vida
espiritual exuberante, enriquece a alma com uma maior efusão de virtudes e dá
àquele que comunga um penhor seguro da felicidade eterna” (Enc. Mysterium
Fidei). Tal como o alimento natural permite que o corpo cresça, a Eucaristia
aumenta a santidade e a união com Deus, “porque a participação do corpo e do
sangue de Cristo não faz outra coisa senão transfigurar-nos naquilo que
recebemos” (São Cirilo de Alexandria).
A
Comunhão ajuda-nos a santificar a vida familiar; incita-nos a realizar o
trabalho diário com alegria e perfeição; fortalece-nos para enfrentarmos com
garbo humano e sentido sobrenatural as dificuldades e tropeços da vida diária.
Que
Jesus, o Pão Vivo descido do Céu, fortaleça os pais! Que os pais não desanimem
como Elias diante de situações difíceis e complicadas. Pois, ser pai é uma
Missão (é uma vocação) sublime! É participar do maravilhoso mistério da
criação, é iluminar o mundo com uma nova e insubstituível centelha de vida.
Hoje
iniciamos a Semana Nacional da Família, com a qual a Igreja pretende fazer
redescobrir os valores da família; uma família, que a exemplo da Sagrada
Família de Nazaré, seja a família que Deus quer; uma família, onde os filhos
encontram a paz e a segurança tão desejada e tão necessária...
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