UMA GRAÇA QUE SANTIFICA O CASAL
Espiritualidade
significa viver segundo o Espírito. Espiritualidade conjugal é aprender, do
Espírito, como viver conjugado, unido, é para ser vivida na carne, situada no
tempo e no espaço, é concreta, dinâmica. É uma espiritualidade encarnada, uma
graça que santifica o casal não apesar da vida conjugal, mas por meio dela. A
vida conjugal torna-se instrumento e meio de vivência e expressão da
espiritualidade.
Podemos falar em
espiritualidade conjugal exatamente porque foi o próprio Deus que, ao longo das
páginas da Sagrada Escritura, se apropriou dessa imagem para expressar e
manifestar seu infinito amor pela humanidade. O amor conjugal precisa ser
anúncio explícito do amor apaixonado de Deus pela humanidade.
Não existe
nenhum amor mais intenso e profundo do que o amor conjugal. O envolvimento
amoroso de um casal é o mais pleno que existe, pois implica corpo, alma,
coração, sentimentos, emoções, sangue e sonhos. Tudo isso porque Deus o fez
instrumento de revelação do seu amor por nós.
O maior objetivo
da espiritualidade conjugal é ajudar o casal a vencer a indiferença religiosa
do ser humano moderno. Não existe praga pior do que a indiferença, que é sempre
egocêntrica e infantilizadora. O indiferente religioso não é contra Deus nem
contra as religiões, ele é sempre a favor de si mesmo. Pior do que a idolatria
é a egolatria.
Muitos
pensadores e filósofos previram o fim das religiões. Os grandes pensadores
ateus anunciavam para breve o fim da era da dependência religiosa, ópio do
povo, cachaça de má qualidade, infantilismo psicológico, instrumento de
dominação capitalista e reflexo do primitivismo humano, que não conseguia
explicações e soluções científicas para os problemas. Freud, Marx, Nietzsche,
Ferbauch, Comte, Simone de Beauvoir e tantos outros que apregoaram o fim dessa
praga chamada religião.
Todas as suas
previsões deram em nada. Nunca o mundo buscou tanto o alimento para sua alma.
Apesar de todos os progressos tecnológicos e científicos, o homem do século XXI
é profundamente religioso, embora, muitas vezes, sua experiência religiosa não
vá além de princípios irresponsáveis de autoajuda. Não tenho dúvida de que toda
busca desenfreada pela autoajuda é transferência imatura da busca pela ajuda do
Alto.
A
espiritualidade conjugal, e como consequência a espiritualidade familiar, tem a
grande missão de ajudar o ser humano moderno a encontrar os caminhos para essa
ajuda do Alto.
A falta de uma
espiritualidade conjugal tornou-se um dos grandes assassinos do amor. Sem a
força do Alto, ninguém persevera no amor. Sem a força do Alto ninguém passa da
paixão ao amor. Sem a força do Alto é impossível achar sentido para a vida
conjugal.
Padre Léo, scj
Conteúdo
extraído do livro "Famílias Restauradas".
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