Ressuscitou
dos mortos...!
Mons.
José Maria Pereira
“Este é o dia que Senhor fez para nós, alegremo-nos e
nele exultemos!” (Sl 117).
O
Senhor ressuscitou verdadeiramente, aleluia!
A Ressurreição gloriosa do Senhor é a chave para
interpretarmos toda a sua vida e o fundamento da nossa fé. Sem essa vitória
sobre a morte, diz S. Paulo, vazia seria a nossa pregação e vã a nossa fé. (Cf.
1 Cor 15,14).
A Ressurreição do Senhor é uma realidade central da nossa
fé católica, e como tal foi pregada desde os começos do cristianismo. A
importância deste milagre é tão grande que os Apóstolos são, antes de mais
nada, testemunhas da Ressurreição de Jesus. Este é o núcleo de toda pregação, e
isto é o que, depois de mais de vinte séculos nós anunciamos ao mundo: Cristo vive! A Ressurreição é a prova suprema da divindade
de Cristo.
A Liturgia Pascal lembra, na primeira leitura, um dos
mais comoventes discursos de Pedro sobre a Ressurreição de Jesus: “Deus O
ressuscitou no terceiro dia, concedendo-lhe manifestar-se... às testemunhas que
Deus havia escolhido: a nós que comemos e bebemos com Jesus, depois que
ressuscitou dos mortos” (At 10,40-41). Surge nestas palavras a vibrante emoção
do chefe dos Apóstolos pelos grandes acontecimentos de que foi testemunha, pela
intimidade com Cristo ressuscitado, sentando-se à mesma mesa, comendo e bebendo
com Ele.
A
Ressurreição é a grande luz para todo o mundo: “Eu sou a luz” (Jo 8,10),
dissera Jesus; luz para o mundo, para cada época da história, para cada
sociedade, para cada homem.
No
evangelho (Jo 20,1-9) vemos que a Boa Nova da Ressurreição provocou, num
primeiro momento, um temor e espanto tão fortes, que as mulheres “saíram e
fugiram do túmulo... e não disseram nada a ninguém, porque tinham medo”. Entre
elas, porém encontrava-se Maria Madalena que viu a pedra retirada do túmulo e
correu a dar a notícia a Pedro e João: “Tiraram o Senhor do túmulo, e não
sabemos onde O colocaram” (Jo 20,2). “Os dois saem correndo para o sepulcro e,
entrando no túmulo, observaram as faixas que estavam no chão e o lençol...” (Jo
20,6-7). “Ele viu e acreditou” (Jo 20,8).
É o primeiro ato de fé da igreja nascente em Cristo Ressuscitado,
originado pela solicitude de uma mulher e pelos sinais do lençol, das faixas de
linho, no sepulcro vazio. Se se tratasse de um roubo, quem se teria preocupado
em despir o cadáver e colocar o lençol com tanto cuidado? Deus serve-se de
coisas bem simples para iluminar os discípulos que “ainda não tinham entendido
a Escritura, segunda a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos” (Jo 20,9), nem
compreendiam ainda o que o próprio Jesus tinha predito acerca da Sua
ressurreição.
Ainda
que sob outro aspecto, os “sinais” da Ressurreição vêem-se ainda presentes no
mundo: a fé heróica, a vida evangélica da tanta gente humilde e escondida; a
vitalidade da igreja que as perseguições externas e as lutas internas não
chegam a enfraquecer; a Eucaristia, presença viva de Jesus ressuscitado que
continua a atrair a Si todos os homens. Pertence a cada um dos homens
vislumbrar e aceitar estes sinais, acreditar como acreditam os Apóstolos e
tornar cada vez mais firme a sua fé.
A
Ressurreição do Senhor é um apelo muito forte: lembra-nos sempre que vivemos
neste mundo como peregrinos e que estamos em viagem para a verdadeira pátria, a
eterna. Cristo ressuscitou para levar consigo os homens, na Sua Ressurreição,
para onde Ele vive eternamente, fazendo-os participantes da Sua glória.
Maria,
a mãe de Jesus, que acompanhou o Filho nas terríveis e duras horas da paixão;
junto da Cruz, emudecida de dor, não soubera o que dizer; agora, com a
Ressurreição, emudecida de alegria, não consegue falar. Procuremos estar unidos
a essa imensa alegria da nossa Mãe. Toda a esperança na Ressurreição de Jesus
que restava sobre a terra tinha-se refugiado no seu coração. Com toda a igreja,
neste tempo pascal, saudemos a Virgem Maria: “Rainha do céu, alegrai-vos,
aleluia! Por que aquele que merecestes trazer em vosso seio ressuscitou como
disse, aleluia!...”
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