sábado, 27 de fevereiro de 2016

Homilía Dominical dia 28/02/2016

                                                Homilía Dominical  Monsenhor José Maria




Apelo à conversão.
O chamamento à conversão constitui o tema central do terceiro domingo da Quaresma.
O Profeta Ezequiel diz: “Convertei-vos, senão vós morrereis” (Ez 33,11). Deste modo uma questão se impõe: Que significa converter-se? Trata-se, antes de tudo, da conformidade das ações com a vontade divina, à qual cumpre uma adesão total. É a obediência da fé.
No texto de Ex3, 1-15 aparece indicado o relato da vocação de Moisés para ser o guia do seu povo e organizar a sua saída do Egito. O êxodo do povo escolhido é figura do itinerário de desapego e de conversão que o cristão está chamado a realizar, de modo muito particular, no tempo da Quaresma.
O Papa Bento XVI assim se expressou: “converter-se significa não viver como todo mundo vive, não fazer o que todo mundo faz, não se sentir justificado fazendo ações duvidosas, ambíguas ou más pelo fato de que outros assim procedem; começar a olhar a própria vida com os olhos de Deus, portanto, procurar o bem, mesmo se isto contesta a sociedade. Não se submeter ao julgamento dos homens, mas, sim, à avaliação de Deus, ou em outras palavras: procurar um novo estilo de vida, uma vida nova”. Não se trata assim de um falso moralismo, mas de não se perder de vista a essência da mensagem de Cristo, mantendo firmemente o dom da nova amizade, o dom da comunhão com Jesus.
No Evangelho (Lc 13, 1-9) é forte o apelo à conversão: o texto fala de dois acontecimentos trágicos daqueles dias: a matança de Pilatos… e a queda da torre de Siloé: 18 mortos.
Jesus não concorda que a desgraça é sinal do castigo de Deus, pelo contrário, é um apelo de conversão aos sobreviventes: “Vocês pensam que eles eram mais pecadores do que vocês? Se vocês não se converterem, morrerão todos do mesmo modo…” (Lc 13, 2-3). Palavras severas que nos fazem compreender que, com Deus, não se pode brincar; e, no entanto, palavras que procedem do amor de Deus que, por todos os meios, quer a salvação de todas as suas criaturas.
Conversão não é apenas uma penitência externa, ou um simples arrependimento dos pecados; é um convite à mudança de vida, de mentalidade, de atitudes, de forma que Deus e os seus valores passem a estar em primeiro lugar. Significa abraçar a Cruz!
Já ensinava o Mestre: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16,24). Não existe verdadeira conversão, nem autêntico seguimento do Senhor sem a Cruz. As palavras de Jesus Cristo têm plena vigência em todos os tempos, uma vez que foram dirigidas a todos os homens, pois quem não carrega a sua cruz e me segue – diz – nos Ele a cada um – não pode ser meu discípulo.
Carregar a Cruz – aceitar a dor e as contrariedades que Deus permite para nossa purificação, cumprir com esforço os deveres próprios, assumir voluntariamente a mortificação cristã – é condição indispensável para seguir o Mestre.
“Que seria de um Evangelho, de um cristianismo sem Cruz, sem dor, sem o sacrifício da dor?, perguntava-se o Papa Paulo VI. Seria um Evangelho, um cristianismo sem Redenção, sem salvação, da qual – devemos reconhecê-lo com plena sinceridade temos necessidade absoluta. O Senhor salvou-nos por meio da Cruz; com a sua morte, devolveu-nos a esperança, o direito à vida…” Seria um cristianismo desvirtuado que não serviria para alcançar o Céu, pois “o mundo não pode salvar-se senão por meio da Cruz de Cristo” (São Leão Magno).
São Paulo escrevia que a Cruz é escândalo para os judeus, loucura para os gentios (cf. 1Cor 1,23).  E mesmo os cristãos, na medida em que perdem o sentido sobrenatural das suas vidas, não conseguem entender que só podemos seguir o Senhor através de uma vida de sacrifício, junto da Cruz.
O Cristão que vive fugindo sistematicamente do sacrifício, que se revolta com a dor, afasta-se também da santidade e da felicidade, que se encontra muito perto da Cruz, muito perto de Cristo Redentor. “Se não te mortificas, nunca serás alma de oração” (Caminho, 172). E Santa Teresa ensina: “Pensar que (o Senhor) admite na sua amizade gente regalada e sem trabalhos é disparate”.
Devemos perder o medo ao sacrifício, à mortificação voluntária, pois quem quer a Cruz para cada um de nós é um Pai que nos ama e que sabe o que mais nos convém.
O Senhor quer sempre o melhor para nós: “Vinde a mim todos os que estais fatigados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei…” (Mt 11,28). Ao lado de Cristo, as tribulações e penas não oprimem, não pesam, e, pelo contrário, levam a alma a orar, a ver a Deus nos acontecimentos da vida.
Jesus expôs aos seus ouvintes a parábola da figueira estéril. Quando vai buscar frutos, não os encontra. E o Senhor insiste na necessidade de produzir frutos abundantes (Lc 8,11-15) correspondendo às graças recebidas (Lc 12,48). Junto a este imperativo profundo, Jesus Cristo põe em relevo a paciência de Deus, na espera desses frutos. Ele não quer a morte do pecador mas que se converta e viva (Ez 33,11) e, como ensina São Paulo, “usa de paciência convosco, não querendo que alguns pereçam, mas que todos cheguem à conversão” (2Pd 3,9).Esta clemência divina, porém, não nos pode levar a descuidar os nossos deveres, adotando uma posição de preguiça e de comodidade, que tornaria estéril a própria vida. Deus, ainda que seja misericordioso, também é justo, e castigará as faltas de correspondência à sua graça.
Ensinava São JosemariaEscrivá: “Há um caso que nos deve doer sobremaneira: o daqueles cristãos que podiam dar mais e não se decidem; que podiam entregar-se totalmente, vivendo todas as consequências da sua vocação de filhos de Deus, mas resistem a ser generosos. Deve-nos doer, porque a graça da Fé não se nos dá para ficar oculta, mas para brilhar diante dos homens (Mt 5, 15-16); porque, além disso, está em jogo a felicidade temporal e eterna dos que procedem assim. A vida cristã é uma maravilha divina, com promessa de imediata satisfação e serenidade, mas com a condição de sabermos apreciar o dom de Deus (Jo 4,10), sendo generosos sem medida ” (Cristo que passa,147).
Rumo à Páscoa, o Senhor nos conceda a graça de uma verdadeira conversão!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Homilía Dominical dia 21/02/2016




Descer do Monte
Mons. José Maria Pereira.


            O Evangelho ( Lc 9, 28-36 ) apresenta a fé dos Apóstolos, fortalecida na Montanha, pela Transfiguração de Jesus.
            Na Caminhada para Jerusalém, o primeiro anúncio da Paixão e Morte de Jesus abalou profundamente a fé dos apóstolos. Desmoronaram seus planos de glória e de poder.
            Para fortalecer essa fé ainda tão frágil... Cristo tomou três deles... subiu ao Monte Tabor e “Transfigurou-se...”
            A transfiguração de Jesus é uma catequese que revela aos discípulos e a nós Quem é Jesus: O Filho Amado de Deus!
            Em nossa caminhada para a Páscoa somos também convidados a subir com Jesus a montanha e, na companhia dos três discípulos, viver a alegria da comunhão com Ele. As dificuldades da caminhada não podem nos desanimar. No meio dos conflitos, o Pai nos mostra desde já sinais da Ressurreição e do alto daquele monte Ele continua a nos gritar: “Este é o Meu Filho Amado, escutai-O”.
            Não desanimemos diante das dificuldades! Os Planos de Deus não conduzem ao fracasso, mas à Ressurreição, à vida definitiva, à felicidade sem fim!
            São Leão Magno diz que “o fim principal da transfiguração foi desterrar das almas dos discípulos o escândalo da Cruz”. Os Apóstolos jamais esquecerão esta “gota de mel” que Jesus lhes oferecia no meio da sua amargura. Jesus sempre atua assim com os que o seguem. No meio dos maiores padecimentos, dá-lhes o consolo necessário para continuarem a caminhar.
            Esta centelha da glória divina inundou os Apóstolos de uma felicidade tão grande que fez Pedro  exclamar: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas...” Pedro quer prolongar a situação! O que é bom, o que importa, não é estar aqui ou ali, mas estar sempre com Cristo, em qualquer parte, e vê-Lo por trás das circunstâncias em que nos encontramos. Se estamos com Ele, tanto faz que estejamos rodeados dos maiores consolos do mundo ou prostrados na cama de um hospital, padecendo dores terríveis. O que importa é somente isto: Vê-Lo e viver sempre com Ele! Esta é a única coisa verdadeiramente boa e importante na vida presente e na outra. Desejo ver-Te, Senhor, e procurarei o Teu rosto nas circunstâncias habituais da minha vida!
            A vida dos homens é uma caminhada para o Céu, que é a nossa morada (2 Cor 5,2). Uma caminhada que, às vezes, se torna áspera e difícil, porque com freqüência devemos remar contra a corrente e lutar com muitos inimigos interiores ou de fora.Mas o Senhor quer confortar-nos com a esperança do Céu, de modo especial nos momentos mais duros ou quando se torna mais patente a fraqueza da nossa condição: “À hora da tentação, pensa no Amor que te espera no Céu. Fomenta a virtude da esperança, que não é falta de generosidade” (São Josemaria Escrivá, Caminho, nº 139).
            O pensamento da glória que nos espera deve animar-nos na nossa luta diária. Nada vale tanto como ganhar o Céu. Ensina Santa Teresa: “ E se fordes sempre avante com esta determinação de antes morrer do que desistir de chegar ao termo da jornada, o Senhor, mesmo que vos mantenha com alguma sede nesta vida, na outra, que durará para sempre, vos dará de beber com toda a abundância e sem perigo de que vos venha a faltar” (Caminho de Perfeição, 20,2).
            “Este é o meu Filho amado, no qual pus o meu agrado. Escutai-O!” ( Lc 9, 35 ). E Deus Pai fala através de Jesus Cristo a todos os homens de todos os tempos. A sua voz faz-se ouvir em todas as épocas, sobretudo através dos ensinamentos da Igreja...
            Nós devemos encontrar esse Jesus na nossa vida corrente, no meio do trabalho, na rua, nos que nos rodeiam, na oração, quando nos perdoa no Sacramento da Penitência (Confissão), e sobretudo na Sagrada Escritura, onde se encontra verdadeira, real e substancialmente presente. Devemos, aprender a descobri-Lo nas coisas ordinárias, correntes, fugindo da tentação de desejar o extraordinário.
            Escutar e anunciar!...
            Não podemos ficar no Monte... de braços cruzados... O seguidor de Cristo deve descer do monte para enfrentar o mundo e os problemas dos homens!
            Cada domingo, ao participar da Santa Missa, subimos a Montanha, para contemplar o Cristo transfigurado (ressuscitado) e escutar a sua voz.
            Depois, ao descer a Montanha (sair da Igreja) devemos prosseguir a nossa caminhada, sendo sal da Terra e luz do mundo.
            Somos convidados a ser Missionários da Transfiguração!
Rezemos coma Igreja: “Ó Deus, que nos mandastes ouvir o vosso Filho amado, alimentai nosso espírito com a vossa palavra, para que,  purificado o olhar de nossa fé, nos alegremos com a visão da vossa glória.”( Coleta da Missa ).

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Homilía Dominical dia 14/02/2016




 Tentações e conversão!
   Mons. José Maria Pereira

O 1º Domingo da Quaresma nos apresenta todos os anos o mistério do jejum de Jesus no deserto, quando foi tentado pelo diabo (Lc4, 1-13).
Quaresma é para nós um tempo forte de conversão e renovação, em preparação à Páscoa. É tempo de rasgar o coração e voltar ao Senhor. Tempo de retomar o caminho e de se abrir à graça do Senhor, que nos ama e nos socorre. É um tempo sagrado para aprofundar o Plano de Deus e rever a nossa vida cristã. E nós somos convidados pelo Espírito ao DESERTO da Quaresma para nos fortalecer nas TENTAÇÕES, que freqüentemente tentam nos afastar dos planos de Deus.
A Quaresma comemora os quarenta dias que Jesus passou no deserto, como preparação para esses anos de pregação que culminam na CRUZ e na glória da Páscoa. Quarenta dias de oração e de penitência que, ao findarem, desembocam na cena que São Lucas narra no cap. 4, 1-13. É uma cena cheia de mistério, que o homem em vão pretende entender – Deus que se submete à tentação, que deixa agir o Maligno –, mas que pode ser meditada se pedirmos ao Senhor que nos faça compreender a lição que encerra.
É a primeira vez que o demônio intervém na vida de Jesus, e faz isto abertamente. Põe à prova Nosso Senhor; talvez queira averiguar se chegou a hora do Messias. Jesus deixa-o agir para nos dar exemplo de humildade e para nos ensinar – diz São João Crisóstomo –, quis também ser conduzido ao deserto e ali travar combate com o demônio a fim de que os batizados, se depois do batismo sofrem maiores tentações, não se assustem com isso, como se fosse algo de inesperado. Se não contássemos com as tentações que temos de sofrer, abriríamos a porta a um grande inimigo: o desalento e a tristeza.
A narrativa das tentações que Jesus sofreu mostra que Jesus “foi experimentado em tudo” (Hb 4, 15), comprovando também a veracidade da Encarnação do Verbo de Deus.
Diz Santo Agostinho que, na sua passagem por este mundo nossa vida não pode escapar à prova da tentação, dado que nosso progresso se realiza pela prova. De fato, ninguém se conhece a si mesmo sem ser experimentado, e não pode ser coroado sem ter vencido, e não pode vencer, se não tiver combatido e não pode lutar se não encontrou o inimigo e as tentações.
Por isso, a existência do ser humano nesta terra é uma batalha contínua contra o mal. É esta luta contra o pecado, a exemplo de Cristo, que devemos intensificar nesta Quaresma; luta que constitui uma tarefa para a vida toda.
O demônio promete sempre mais do que pode dar. A felicidade está muito longe das suas mãos. Toda a tentação é sempre um engano miserável! Mas, para nos experimentar, o demônio conta com as nossas ambições. E a pior delas é desejar a todoo custo a glória pessoal; a ânsia de nos procurarmos sistematicamente a nós mesmos nas coisas que fazemos e projetamos. Muitas vezes, o pior dos ídolos é o nosso próprio eu. Temos que vigiar, em luta constante, porque dentro de nós permanece a tendência de desejar a glória humana, apesar de termos dito ao Senhor que não queremos outra glória que não a dEle. Jesus também se dirige a nós quando diz: “Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás”. E é isto o que nós desejamos e pedimos: servir a Deus, alicerçados na vocação a que Ele nos chamou.
O Senhor está sempre ao nosso lado, em cada tentação, e nos diz afetuosamente: “Confiai: Eu venci o mundo” (Jo16, 33). E com o salmista podemos dizer: “O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei?” (Sl 26, 1).
“Procuremos fugir das ocasiões de pecado, por pequenas que sejam, pois aquele que ama o perigo nele perecerá” (Eclo 3, 27). Como Jesus nos ensinou na oração do Pai Nosso: “Não nos deixeis cair em tentação”; é necessário repetir muitas vezes e com confiança essa oração!
Contamos sempre com a graça de Deus para vencer qualquer tentação. Usemos as armas para vencermos na batalha espiritual, que são: a oração contínua, a sinceridade com o diretor espiritual, a Eucaristia, o sacramento da Confissão (Penitência), um generoso espírito de mortificação cristã, a humildade de coração e uma devoção terna e filial a Nossa Senhora.
Vale a pena fazer nossa, a oração da coleta do 1° Domingo da Quaresma: “Concedei-nos, ó Deus onipotente, que, ao longo desta Quaresma, possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder a seu amor por uma vida santa.”


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Homilía dominical dia 07/02/2016 - Lc 5, 1-11



Três Vocações
Mons. José Maria Pereira



Deus tem um plano para cada um de nós! Ao longo da história, Deus sempre chama pessoas e as envia para realizar o seu plano de amor.
            A Isaías, Deus se revelou quando ele estava em oração no templo (cf. Is 6, 1-8). Inicialmente, Isaias se sente pequeno e indigno. Deus então pergunta: “Quem vou enviar?” Isaías, sensível ao apelo de Deus, aceita: “Eis-me aqui, envia-me.”
            Vemos aqui os passos da vocação: A iniciativa é sempre de Deus.
            A primeira reação é sempre a mesma: “não sou capaz.” “Não sou digno.”
            Mas, quando confiamos em Deus e nos colocamos numa atitude de disponibilidade, Deus nos purifica e fortalece, e acabamos, com a graça de Deus, dando conta do recado.
            Outra vocação é a de São Paulo.
            Em 1cor 15, 1-11, Paulo conta a sua vocação (seu chamado).
            Ele se considera o “último” dos apóstolos... como um “abortivo.”
            Mas no encontro com Cristo, a caminho de Damasco, responde: “Senhor, que queres que eu faça?”
            No Evangelho (Lc 5, 1-11) temos o chamado dos primeiros apóstolos.
            Jesus entra na barca de Pedro e fala ao povo.
            Pedro se sente indigno... e Jesus: “Não tenhas medo!” Jesus convida: “De hoje em diante tu serás pescador de homens.”
            Pedro, Tiago e João largam tudo e O seguem.
            Pedro diz a Jesus que tinham trabalhado a noite inteira e não haviam pescado nada. “A resposta de Simão parece razoável. Costumam pescar a essas horas e, precisamente naquela ocasião, a noite tinha sido infrutífera. Para que haviam de pescar de dia? Mas Pedro tem fé: “Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes” (Lc 5,5). Resolve proceder como Cristo lhe sugeriu; compromete-se a trabalhar, fiado na Palavra do Senhor” (São Josemaria Escrivá, Amigos de Deus, 261).
            Apesar do cansaço, apesar de a ordem de pescar ter partido de quem não era homem do mar, e ter-se dirigido a uns pescadores que sabiam da inoportunidade da hora para essa tarefa e da ausência de peixes, tomam as redes nas mãos. Agora por pura confiança no Mestre, cuja, autoridade e poder Pedro já conhecia. Pedro confia e obedece!
            Em toda a ação apostólica, há dois requisitos indispensáveis: a fé e a obediência. De nada serviriam o esforço, os meios humanos, as noites em claro, se estivessem desligados do querer divino... Sem obediência, tudo é inútil diante de Deus. De nada serviria entregarmo-nos com brio e garra a um empreendimento apostólico se não contássemos com o Senhor. Até aquilo que é mais valioso nas nossas obras se tornaria estéril se prescindíssemos do desejo de cumprir a vontade de Deus. “Deus não necessita do nosso trabalho, mas da nossa obediência”, ensina São João Crisóstomo.
            Pedro fez o que o Senhor lhe tinha mandado e recolheram tal quantidade de peixes que a rede se rompia. O fruto da tarefa que tem por norte a fé é abundantíssimo. E ,só quando se reconhece a inutilidade própria e se confia em Deus, sem deixar de empregar, ao mesmo tempo, todos os meios humanos disponíveis, é que o apostolado se torna eficaz e os frutos abundantes, pois “toda a fecundidade no apostolado depende da união vital com Cristo” (Concílio Vat. II, AA, 4).
            Hoje o Senhor dirige-se a cada um de nós para que nos sintamos urgidos a segui-Lo de perto, como discípulos fiéis, no meio das nossas tarefas, e a realizar no nosso próprio ambiente um trabalho apostólico audaz, cheio de fé na palavra de Jesus: Mar a dentro! Repele o pessimismo que te faz covarde. E lança as redes para pescar. Não vês que podes dizer, como Pedro: Jesus, em teu nome, procurarei almas?” (Caminho, 792).
            Contemplando a figura de Pedro, não há dúvida de que nós também podemos dizer a Jesus: Afasta-te de mim, Senhor, que eu sou um pobre pecador. Mas, ao mesmo tempo, pedimos-lhe que nunca nos permita separar-nos dEle, que nos ajude a entrar a fundo – mar a dentro – na sua amizade, na santidade, num apostolado aberto, sem respeitos humanos, cheio de fé, apoiados na voz do Senhor que, no silêncio da nossa oração pessoal, nos anima e nos insta a levar-lhe almas. Deus continua chamando operários para a Messe: Uns são chamados para serem profetas como Isaías, e pescadores de homens como Pedro.
            Qual é a nossa resposta? Peçamos ao Senhor a graça de acolhermos com a generosidade...
-de Isaías: “Eis-me aqui... envia-me...”
-de Paulo: “Senhor, que queres que eu faça?”
-dos primeiros Apóstolos: “Largaram tudo e O seguiram.”
            Cristo, hoje, pode contar com você?