Três Vocações
Mons. José Maria Pereira
Deus tem um plano para cada um de nós! Ao longo da história,
Deus sempre chama pessoas e as envia para realizar o seu plano de amor.
A Isaías,
Deus se revelou quando ele estava em oração no templo (cf. Is 6, 1-8). Inicialmente,
Isaias se sente pequeno e indigno. Deus então pergunta: “Quem vou enviar?”
Isaías, sensível ao apelo de Deus, aceita: “Eis-me aqui, envia-me.”
Vemos aqui
os passos da vocação: A iniciativa é sempre de Deus.
A primeira
reação é sempre a mesma: “não sou capaz.” “Não sou digno.”
Mas, quando
confiamos em Deus e nos colocamos numa atitude de disponibilidade, Deus nos
purifica e fortalece, e acabamos, com a graça de Deus, dando conta do recado.
Outra
vocação é a de São Paulo.
Em 1cor 15,
1-11, Paulo conta a sua vocação (seu chamado).
Ele se
considera o “último” dos apóstolos... como um “abortivo.”
Mas no
encontro com Cristo, a caminho de Damasco, responde: “Senhor, que queres que eu
faça?”
No
Evangelho (Lc 5, 1-11) temos o chamado dos primeiros apóstolos.
Jesus entra
na barca de Pedro e fala ao povo.
Pedro se
sente indigno... e Jesus: “Não tenhas medo!” Jesus convida: “De hoje em diante
tu serás pescador de homens.”
Pedro,
Tiago e João largam tudo e O seguem.
Pedro diz a
Jesus que tinham trabalhado a noite inteira e não haviam pescado nada. “A
resposta de Simão parece razoável. Costumam pescar a essas horas e,
precisamente naquela ocasião, a noite tinha sido infrutífera. Para que haviam
de pescar de dia? Mas Pedro tem fé: “Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar
as redes” (Lc 5,5). Resolve proceder como Cristo lhe sugeriu; compromete-se a
trabalhar, fiado na Palavra do Senhor” (São Josemaria Escrivá, Amigos de Deus,
261).
Apesar do
cansaço, apesar de a ordem de pescar ter partido de quem não era homem do mar,
e ter-se dirigido a uns pescadores que sabiam da inoportunidade da hora para
essa tarefa e da ausência de peixes, tomam as redes nas mãos. Agora por pura
confiança no Mestre, cuja, autoridade e poder Pedro já conhecia. Pedro confia e
obedece!
Em toda a
ação apostólica, há dois requisitos indispensáveis: a fé e a obediência. De
nada serviriam o esforço, os meios humanos, as noites em claro, se estivessem
desligados do querer divino... Sem obediência, tudo é inútil diante de Deus. De
nada serviria entregarmo-nos com brio e garra a um empreendimento apostólico se
não contássemos com o Senhor. Até aquilo que é mais valioso nas nossas obras se
tornaria estéril se prescindíssemos do desejo de cumprir a vontade de Deus.
“Deus não necessita do nosso trabalho, mas da nossa obediência”, ensina São
João Crisóstomo.
Pedro fez o
que o Senhor lhe tinha mandado e recolheram tal quantidade de peixes que a rede
se rompia. O fruto da tarefa que tem por norte a fé é abundantíssimo. E ,só
quando se reconhece a inutilidade própria e se confia em Deus, sem deixar de
empregar, ao mesmo tempo, todos os meios humanos disponíveis, é que o
apostolado se torna eficaz e os frutos abundantes, pois “toda a fecundidade no
apostolado depende da união vital com Cristo” (Concílio Vat. II, AA, 4).
Hoje o
Senhor dirige-se a cada um de nós para que nos sintamos urgidos a segui-Lo de
perto, como discípulos fiéis, no meio das nossas tarefas, e a realizar no nosso
próprio ambiente um trabalho apostólico audaz, cheio de fé na palavra de Jesus:
Mar a dentro! Repele o pessimismo que te faz covarde. E lança as redes para
pescar. Não vês que podes dizer, como Pedro: Jesus, em teu nome, procurarei
almas?” (Caminho, 792).
Contemplando
a figura de Pedro, não há dúvida de que nós também podemos dizer a Jesus:
Afasta-te de mim, Senhor, que eu sou um pobre pecador. Mas, ao mesmo tempo,
pedimos-lhe que nunca nos permita separar-nos dEle, que nos ajude a entrar a
fundo – mar a dentro – na sua amizade, na santidade, num apostolado aberto, sem
respeitos humanos, cheio de fé, apoiados na voz do Senhor que, no silêncio da
nossa oração pessoal, nos anima e nos insta a levar-lhe almas. Deus continua
chamando operários para a Messe: Uns são chamados para serem profetas como
Isaías, e pescadores de homens como Pedro.
Qual é a
nossa resposta? Peçamos ao Senhor a graça de acolhermos com a generosidade...
-de Isaías: “Eis-me aqui... envia-me...”
-de Paulo: “Senhor, que queres que eu faça?”
-dos primeiros Apóstolos: “Largaram tudo e O seguiram.”
Cristo,
hoje, pode contar com você?
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