Festa do Batismo do Senhor
Homilia do Mons. José Maria
Homilia do Mons. José Maria
O Batismo de Jesus
A Festa do Batismo do Senhor, celebrada no Domingo
depois da Epifania encerra o ciclo das Festas da Manifestação do Senhor, o
ciclo de Natal. Comemoramos o Batismo de Jesus por São João Batista nas águas
do rio Jordão. Sem ter mancha alguma que purificar, Jesus quis submeter-se a
esse rito tal como se submetera às demais observâncias legais que também não o
obrigavam.
O Senhor desejou ser batizado, diz Santo Agostinho,
“para proclamar com a sua humildade o que para nós era uma necessidade”. Com o
batismo de Jesus, ficou preparado o Batismo cristão, diretamente instituído por
Jesus Cristo e imposto por Ele como lei universal no dia da sua Ascensão: Todo
poder me foi dado no céu e na terra, dirá o Senhor; ide, pois, ensinai a todos
os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28,
18-19).
O dia em que fomos batizados foi o mais importante
da nossa vida, pois nele recebemos a fé e a graça. Antes de recebermos o
batismo, todos nós nos encontrávamos com a porta do Céu fechada e sem nenhuma
possibilidade de dar o menor fruto sobrenatural.
Devemos agradecer a Deus a Graça do Batismo.
Agradecer que nos tenha purificado a alma da mancha do pecado original, bem
como de qualquer outro pecado que tivéssemos naquele momento. A água batismal
significa e atualiza de um modo real o que é evocado pela água natural: a
limpeza e a purificação de toda a mancha e impureza.
“Graças ao sacramento do Batismo tu te converteste
em templo do Espírito Santo: não te passe pela cabeça – exorta São Leão Magno –
afugentar com as tuas más ações um hóspede tão nobre, nem voltar a submeter-te
à servidão do demônio, porque o teu preço é o sangue de Cristo.”
Na Igreja, ninguém é um cristão isolado. A partir
do Batismo, o cristão passa a fazer parte de um povo, e a Igreja apresenta-se
como a verdadeira família dos filhos de Deus. O batismo é a porta por onde se
entra na Igreja.
“E na Igreja, precisamente pelo Batismo, somo todos
chamados à santidade” (LG 11 e 42), cada um no seu próprio estado e condição. A
chamada à santidade e a conseqüente exigência de santificação pessoal são
universais: todos, sacerdotes e leigos, estamos chamados à santidade; e todos
recebemos, com o batismo as primícias dessa vida espiritual que, por sua
própria natureza, tende à plenitude. É importante lembrar o caráter sacramental
do Batismo “um certo sinal espiritual e indelével” impresso na alma no momento
(Dz, 852). É como um selo que exprime o domínio de Cristo sobre a alma do
batizado. Cristo tomou posse da nossa alma no momento em que fomos batizados.
Ele nos resgatou do pecado com a sua Paixão e Morte.
Com estas considerações é fácil compreender porque
é de desejar que as crianças recebam logo o batismo. Desde cedo a Igreja pediu
aos pais que batizassem os seus filhos quanto antes. É uma demonstração prática
de fé. Não é um atentado contra a liberdade da criança, da mesma forma que não
foi uma ofensa dar-lhe a vida natural, nem alimentá-la, limpá-la, curá-la,
quando ela própria não podia pedir esses bens. Pelo contrário, a criança tem
direito a receber essa graça. No Batismo está em jogo um bem infinitamente
maior do que qualquer outro: a graça e a fé; talvez a salvação eterna. Só por
ignorância e por uma fé adormecida se pode explicar que muitas crianças sejam
privadas pelos seus próprios pais, já cristãos, do maior dom da sua vida.
Também nós fomos marcados pelo Espírito Santo. No
batismo ele, derramou-se sobre nós. Fomos chamados a viver seguindo o Espírito.
Isto significa um ato de fé na presença atuante do Espírito Santo em nós.
Implica uma disponibilidade para deixar-se conduzir por ele a fim de realizar
uma missão como a de Cristo.
Em virtude do batismo somos chamados a ser
discípulos e missionários de Jesus Cristo. Como diz o Doc. de Aparecida nº 209:
“Os fiéis leigos são os cristãos que estão incorporados a Cristo pelo batismo
que formam o povo de Deus e participam das funções de Cristo: sacerdote,
profeta e rei. Realizam, segundo a sua condição, a missão de todo o povo
cristão na Igreja e no mundo. São homens da Igreja no coração do mundo e homens
do mundo no coração da Igreja.”
“Enquanto batizado, o homem deve sentir-se enviado
pela Igreja a todos os campos de atividade que constituem sua vocação e missão,
para dar testemunho como discípulo e missionário de Jesus Cristo…” (nº 460 do
Doc. de Aparecida).
Mons. José Maria Pereira
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