MARIA E O NATAL
Mons. José Maria Pereira
No
tempo de preparação para o Natal (Advento), a Liturgia nos fala e nos
ensina por meio de três grandes guias: Isaías, João Batista e Maria; o
profeta, o precursor e a mãe.
Hoje é a vez de Maria; ela nos
ajuda a intensificar e a concentrar nossa espera: “Aquele que deve vir”
já chegou; o mistério escondido desde séculos em Deus (Ef 3,9) faz nove
meses se encontra no seio de Maria!
Se Advento significa espera
de Cristo, Maria é a espera em pessoa; a espera teve para ela o sentido
realista e delicado que esta palavra tem para cada mulher que espera o
nascimento de uma criança. É assim que devemos imaginar Nossa Senhora na
iminência do Natal: com aquele olhar amável, dirigido mais para dentro
do que para fora de si, que se nota numa mulher que carrega no seio uma
criatura e parece que já a contempla e com ela dialoga. Maria manteve
com seu filho uma comunhão ininterrupta de amor, como uma pessoa que
recebeu a Eucaristia.
O Evangelho (Lc 1, 39-48) narra o encontro de duas mães, que vibram de alegria com a realização das Promessas.
Quem aguarda o Salvador, não pode esquecer a sua Mãe.
Após
a Anunciação, em que deu o seu SIM a Deus, Maria se põe a caminho... e
vai às pressas à casa de Isabel. Maria nos ensina o melhor jeito de
acolher: estar atento às necessidades dos irmãos, partir ao seu
encontro, partilhar com eles a nossa amizade e ser solidário com as suas
necessidades.
Logo que Maria entrou, saudou Isabel: “Shalom” (Paz). Maria era e é a mensageira da Paz!
Dentro
de poucos dias veremos Jesus reclinado numa manjedoura, o que é uma
prova de misericórdia e do amor de Deus. Poderemos dizer: “Nesta noite
de Natal, tudo pára dentro de mim. Estar diante dEle; não há nada mais
do que Ele na branca imensidão. Não diz nada, mas está aí… Ele é o Deus
amando-me. E se Deus se faz homem e me ama, como não procurá-Lo? Como
perder a esperança de encontrá-Lo, se é Ele que me procura? Afastemos
todo o possível desalento; as dificuldades exteriores e a nossa miséria
pessoal não podem nada diante da alegria do Natal que se aproxima.
Faltam
poucos dias para que vejamos no presépio Aquele que os profetas
predisseram, que a Virgem esperou com amor de mãe, que João anunciou
estar próximo e depois mostrou presente entre os homens.
Desde o
presépio de Belém até o momento da sua Ascensão aos céus, Jesus Cristo
proclama uma mensagem de esperança. Ele é a garantia plena de que
alcançaremos os bens prometidos. Olhamos para a gruta de Belém, em
vigilante espera, e compreendemos que somente com Ele poderemos
aproximar-nos confiadamente de Deus Pai.
Nas festas que
celebramos por ocasião do Natal, lutemos com todas as nossas forças,
agora e sempre, contra o desânimo na vida espiritual, o consumismo
exagerado, e a preocupação quase exclusiva pelos bens materiais. Na
medida em que o mundo se cansar da sua esperança cristã, a alternativa
que lhe há de restar será o materialismo, do tipo que já conhecemos;
isso e nada mais. Por isso, nenhuma nova palavra terá atrativo para nós
se não nos devolver à gruta de Belém, para que ali possamos humilhar o
nosso orgulho, aumentar a nossa caridade e dilatar o nosso sentimento de
reverência com a visão de uma pureza deslumbrante.
O Espírito do Advento consiste em boa parte em vivermos unidos à Virgem Maria neste tempo em que Ela traz Jesus em seu seio.
A
devoção a Nossa Senhora é a maior garantia de que não nos faltarão os
meios necessários para alcançarmos a felicidade eterna a que fomos
destinados. Maria é verdadeiramente “porto dos que naufragam, consolo do
mundo, resgate dos cativos, alegria dos enfermos” (Santo Afonso M. de
Ligório). Nestes dias que precedem o Natal e sempre, peçamos-Lhe a graça
de saber permanecer, cheios de fé, à espera do seu Filho Jesus Cristo, o
Messias anunciado pelos Profetas.
“A Virgem Maria é ela mesma o
caminho real pelo qual veio a nós o Salvador. Devemos procurar ir ao
encontro do Salvador pelo mesmo caminho pelo qual ele veio a nós” (São
Bernardo). Haja em cada um de nós a alma de Maria para engrandecer a
Deus; esteja em cada um o espírito de Maria para exultar em Deus” (Santo
Ambrósio).
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