sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Homilía - Solenidade de Todos os Santos





Homilia do Mons. José Maria – Solenidade de Todos os Santos
Vocação: Ser Santo!
A nossa vocação é para a Santidade! É o que nos atesta São Paulo: “Foi assim que nEle nos escolheu antes da constituição do mundo, para sermos santos e imaculados diante dos seus olhos” (Ef 1, 4). “Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Tes. 4, 3).
A Igreja convida-nos hoje a pensar naqueles que, como nós, passaram por este mundo lutando com dificuldades e tentações parecidas às nossas, e venceram. É essa grande multidão que ninguém poderia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, como nos fala São João em Ap. 7, 2 -14. Todos estão marcados na fronte, revestidos de vestes brancas, lavados no Sangue do Cordeiro (Ap 7, 4) A marca e as vestes são símbolo do Batismo, que imprime no homem, para sempre, o caráter da pertença a Cristo, e a graça renovada e aumentada pelos sacramentos e pelas boas obras.
Hoje festejamos e pedimos ajuda à multidão incontável que alcançou o Céu depois de ter passado por este mundo semeando amor e alegria quase sem terem consciência disso; recordamos aqueles que, enquanto estiveram entre nós, se ocuparam talvez num trabalho semelhante ao nosso: empregados de escritório, comerciantes, empregadas domésticas, professores, secretárias, trabalhadores da cidade e do campo… Lutaram com dificuldades parecidas às nossas e tiveram que recomeçar muitas vezes, como nós procuramos fazer.
Todos fomos chamados a alcançar a plenitude do Amor, a luta contra as nossas paixões e tendências desordenadas, a recomeçar sempre que preciso, porque “a santidade não depende do estado – solteiro, casado, viúvo, sacerdote – mas da correspondência pessoal à graça que a todos nos é concedida” (São JosemariaEscrivá). A Igreja recorda-nos que o trabalhador que todos as manhãs empunha a sua ferramenta ou caneta, ou a mãe de família que se ocupa em seus trabalhos domésticos, no lugar que Deus lhes designou, devem santificar-se cumprindo fielmente os seus deveres.
Hoje, fazemos nossa a oração de Santa Teresa, que ela mesma escutará: “Ó almas bem-aventuradas, que tão bem soubestes aproveitar e comprar herança tão deleitosa…! Ajudai-nos, pois estais tão perto da fonte; obtei água para os que aqui perecemos de sede”.
Nós somos ainda a Igreja peregrina que se dirige para o Céu; e, enquanto caminhamos, temos de reunir esse tesouro de boas obras com que um dia nos apresentaremos a Deus. Ouvimos o convite do Senhor: “Se alguém quer vir após Mim…” Todos fomos chamados à plenitude da vida em Cristo. O Senhor chama-nos numa ocupação profissional, para que ali o encontremos, realizando as nossas tarefas com perfeição humana e, ao mesmo tempo, com sentido sobrenatural: oferecendo a Deus, vivendo a caridade com os nossos colegas, praticando a mortificação de um trabalho perfeitamente terminado, procurando já aqui na terra o rosto de Deus, a quem um dia veremos face a face.
“Para amar a Deus e servi-Lo, não é necessário fazer coisas estranhas. Cristo pede a todos os homens, sem exceção, que sejam perfeitos como o seu Pai celestial é perfeito (Mt. 5, 48). Para a grande maioria dos homens, ser santo significa santificar o seu trabalho, santificar-se no seu trabalho e santificar os outros com o seu trabalho, e assim encontrar a Deus no caminho da vida” (São JosemariaEscrivá).
O que fizeram essas mães de família, esses intelectuais ou operários…, para estarem no Céu? Pois bem, procuraram santificar as pequenas realidades diárias! E é isso o que temos de fazer: ganhar o Céu todos os dias com as coisas que temos entre mãos, entre as pessoas que Deus colocou ao nosso lado.
Quando terminou o Jubilei do Ano 2000, São João Paulo II escreveu a Carta ApostólicaNovoMillennioIneunte e disse: “Espera-nos uma entusiasmante obra de retomada pastoral; uma obra que toca a todos. Entretanto, como estímulo e orientação comum, desejo apontar algumas prioridades pastorais que a experiência do Grande Jubileu me fez ver com particular intensidade.
Em primeiro lugar, não hesito em dizer que o horizonte para o qual deve tender todo caminho pastoral é a santidade.
Na verdade, colocar a programação pastoral sob o signo da santidade é uma opção carregada de consequências. Significa exprimir a convicção de que, se o Batismo é um verdadeiro ingresso na santidade de Deus mediante a inserção em Cristo e a habitação de seu Espírito, seria um contrassenso contentar-se com uma vida medíocre, pautada por uma ética minimalista e uma religiosidade superficial. Perguntar a um catecúmeno: “Queres receber o Batismo?” significa ao mesmo tempo pedir-lhe: “Queres fazer-te santo?” Significa colocar em sua estrada o radicalismo do Sermão da Montanha: “Sede perfeitos, como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48).
Os caminhos da santidade são variados e apropriados à vocação de cada um. Os itinerários da santidade são pessoais e exigem uma verdadeira pedagogia da santidade, capaz de se adaptar ao ritmo dos indivíduos.
Para esta pedagogia da santidade, necessita-se um cristianismo que se destaque principalmente pela arte da oração. “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós.” (Jo 15,4) (NMI,30 e 31).
Encontramo-nos a Caminho do Céu e muito necessitados da misericórdia do Senhor!
No Céu espera-nos a Virgem Maria, para estender-nos a mão e levar-nos à presença do seu Filho e de tantos seres queridos que ali nos aguardam.
Mons. José Maria Pereira

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