A Intercessão de
Maria
Mons. José Maria
Pereira
O dia 12 de outubro vem lembrar a
todos os brasileiros que a devoção à Senhora Aparecida está impregnada da
certeza da proteção da Mãe de Cristo e de que Ela intercede por nós, seus
filhos.
A
Palavra de Deus (Ester 5, 1-2; 7,2-3) fala-nos da rainha Ester que se aproxima
suplicante do grande rei, e este põe à sua disposição todo o seu poder. Diz o
texto bíblico: “Então, qual o teu pedido, Ester, para que seja atendido? Que
queres que eu te faça? Repito: Mesmo se pedires a metade do meu reino, tu a
alcançarás! Ela respondeu: Se encontrei graça a teus olhos, ó rei, e se te
agrada, concede-me a vida, pela qual suplico, e a vida do meu povo, pelo qual
te peço” ( Ester 7, 2b-3). Para nós é muito fácil perceber nesta rainha do
Antigo Testamento a prefiguração da Rainha dos Céus, intercedendo junto de Deus
por nós, que somos seu povo e seus filhos. Confiamos à intercessão de Maria as
nossas necessidades, quer sejam pequenas, quer nos pareçam muito grandes, as da
nossa família, da Igreja e da sociedade. Diante de Deus, Maria se referirá a
nós dizendo que este é o meu povo, pelo qual intercedo.
No
Evangelho (Jo 2,1-11) encontramos o primeiro milagre que Jesus fez, à pedido de
sua mãe, em Caná da Galiléia. Numa festa de casamento, Maria estava presente,
como também Jesus e os seus primeiros discípulos.
Maria,
durante a festa, enquanto presta a sua ajuda, percebe o que se passa. Jesus
está no inicio de seu ministério público.
A
Mãe chega para o Filho e lhe diz: “Eles não têm mais vinho!”( Jo, 2,3). É
interessante: Maria pede sem pedir, expondo uma necessidade. E desse modo nos
ensina a pedir.
Jesus
responde-lhe: “Mulher, para que me dizes isso? A minha hora ainda não
chegou”.(Jo 2, 4). Parece que Jesus vai negar à sua Mãe o que Ela lhe pede. Mas
a Virgem, que conhece bem o coração do seu Filho, comporta-se como se tivesse
sido atendida e pede aos serventes: “Fazei tudo o que Ele vos disser!” ( Jo 2,
5).
Maria
é uma Mãe atentíssima a todas as nossas necessidades, de uma solicitude que mãe
alguma sobre a terra jamais teve ou terá. O milagre acontecerá porque Ela
intercedeu; só por isso.
Em
Caná, ninguém pede à Virgem Maria que interceda junto do seu Filho pelos
consternados esposos.
Se
a Senhora procedeu assim sem que lhe tivessem dito nada, que teria feito se lhe
tivessem pedido que interviesse? Que não fará quando- tantas vezes ao longo do
dia!- lhe dizemos “ rogai por nós”? Que não iremos conseguir se recorremos a
Ela?
O
Papa São João Paulo II, referindo-se a Maria dizia ser a Onipotência
suplicante! Assim a chamou a piedade cristã, porque o seu Filho é Deus e não
lhe pode negar nada.
Deveríamos
suplicar o seu socorro com mais frequência!
Depois
que os serventes encheram as talhas de água, disse-lhes Jesus: “Agora, tirai e
levai ao encarregado da Festa” (Jo 2, 8). E o vinho foi o melhor de todos os
que os convidados beberam. As nossas vidas, tal como a água, eram também
insípidas e sem sentido até que Jesus chegou a elas. Ele transforma o nosso
trabalho, as nossas alegrias, as nossas penas; a própria morte se torna
diferente junto de Cristo.
O
Senhor só espera que cumpramos os nossos deveres, até à borda, acabadamente,
para depois realizar o milagre.
“Enchei
as talhas de água”, diz-nos o Senhor. Não permitamos que a rotina, a
impaciência e a preguiça nos façam deixar pela metade a realização dos nossos
deveres diários.
Jesus
não nos nega nada; e concede-nos de modo particular tudo o que lhe pedimos
através de sua Mãe.
Hoje
a Mãe de Jesus e nossa continua a nos dizer: “Fazei tudo o que Ele vos disser.”
Foram as últimas palavras de Nossa Senhora registradas no Evangelho. E não
poderiam ter sido melhores.
Com
as palavras de São João Paulo II, recorremos hoje a Nossa Senhora Aparecida,
pedindo-lhe que nos ensine o caminho da esperança.
Rezou o Santo:
“Não cesseis, ó Virgem Aparecida, pela vossa mesma presença, de manifestar nesta
terra que o Amor é mais forte que a morte, mais poderoso que o pecado! Não
cesseis de mostrar-nos Deus, que amou tanto o mundo, a ponto de entregar o seu
Filho Único, para que nenhum de nós pereça, mas tenha a vida eterna! Amém!
(São João Paulo II, Dedicação da Basílica Nacional de Aparecida, 4/7/1980).
(São João Paulo II, Dedicação da Basílica Nacional de Aparecida, 4/7/1980).
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