Mandamento da Alegria
Mons. José Maria Pereira
Os fariseus,
em grupos, continuam preparando armadilhas para Jesus; querem provocar
afirmações polêmicas de Jesus, para poder acusá-lo e condená-lo.
Os fariseus
perguntam: “Qual é o maior dos mandamentos?” Alguns afirmavam que o maior de
todos os mandamentos era guardar o sábado. Outros diziam que todos os
mandamentos tinham o mesmo valor. Além disso, os Judeus tinham 613 mandamentos
(a maioria proibições).
Jesus
responde, buscando fundamentação em duas passagens da Bíblia: “Amarás o Senhor
teu Deus com todas...” (Dt 6,5). E, “amarás o teu próximo como a ti mesmo...”
(Lv 19,18).
(Lv 19,18).
Define o
Amor de Deus e ao próximo como o centro essencial da Lei. Esses dois
mandamentos são a expressão maior da vontade de Deus. É o resumo de toda a
Bíblia. Podemos dizer que Jesus convida à alegria, porque é um apelo ao amor. O
mandamento do amor é ao mesmo tempo o da alegria, pois esta virtude ensina São
Tomás: “não é diferente da caridade, mas um certo ato e efeito seu”. Por isso,
um dos elementos mais claros para medirmos o grau da nossa união com Deus é
verificarmos o nível de alegria e bom humor que pomos no cumprimento do dever,
no trato com os outros, à hora de enfrentarmos a dor e as contrariedades.
Quando os
fariseus se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram qual era o principal
mandamento da Lei, Jesus respondeu-lhes: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o
teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças. O segundo é
semelhante a ele: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. É disto que precisamos:
de procurar o rosto de Deus com tudo o que temos e somos, e de servir o nosso
próximo, abrindo-nos a ele e esquecendo-nos de nós mesmos, fugindo da
preocupação obsessiva pelo conforto, abandonando a nossa vaidade e orgulho,
colocando o olhar longe de nós mesmos..., amando.
Muitos
pensam que serão mais felizes quando possuírem mais coisas, quando forem mais
admirados..., e se esquecem de que só necessitamos de “um coração enamorado”. O
nosso coração foi feito por Deus para alcançar a sua plenitude, a sua completa
realização, nos bens eternos, no seu Criador! Portanto nenhum amor pode saciar
o nosso coração, se vier a faltar o Amor com maiúscula! Os outros amores limpos
–se não forem limpos, não serão amor- só adquirem o seu verdadeiro sentido
quando se procura o Senhor sobre todas as coisas. É por isso que nem o egoísta,
nem o invejoso, nem quem tem colocada a sua alma nos bens da terra... podem
saborear a alegria que Jesus prometeu aos seus discípulos, porque não saberão
amar, no sentido mais profundo e nobre da palavra. Ensina Santa Teresa: “Quando
é perfeito, o amor tem esta força: leva-nos a esquecer o nosso próprio
contentamento para contentar Aquele a quem amamos. E verdadeiramente é assim,
porque, ainda que sejam grandíssimos os trabalhos, se nos afiguram doces quando
percebemos que contentamos a Deus” (Fundações, 5,10).
Exorta S.
Paulo: “Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito, alegrai-vos!” (Fl 4,4). Quando a
alma está alegre, abre-se e ganha asas para voar para Deus e para exceder-se no
serviço aos outros; um coração alegre está mais perto de Deus, dispõe-se a
levar a cabo grandes tarefas e é estímulo para os seus irmãos.
Quando se
diz em linguagem figurada que esta ou aquela casa “parece um inferno”, vem-nos
à mente um lar sem amor, sem alegria, sem Cristo. Um lar cristão deve ser
alegre, porque nele está o Senhor que o preside, e porque ser discípulo seu
significa, entre outras coisas, viver essas virtudes humanas e sobrenaturais a
que está tão intimamente unida a alegria: generosidade, cordialidade, espírito
de sacrifício, simpatia, empenho por tornar mais amável a vida de todos...
Fujamos da
tristeza! A alma entristecida cai com facilidade no pecado e fica sem forças
para o bem; caminha com certeza para a derrota. “Assim como a traça corrói o
vestido, e o caruncho a madeira, assim a tristeza prejudica o coração do
homem.” (São Bernardo). Se alguma vez sentimos que esta doença da alma nos
ronda ou já se introduziu em nós, examinemos onde está colocado o nosso
coração.
Ensina Sto.
Agostinho: “O pecado é o motivo de tua tristeza. Deixa que a santidade seja o
motivo de tua alegria. A busca de Deus é a busca da alegria. O encontro com
Deus é a própria alegria. O que mais Deus odeia depois do pecado é a tristeza,
porque nos predispõe ao pecado”.
Diz o Doc.
De Aparecida, nº 29: “Desejamos que a alegria que recebemos no encontro com
Jesus Cristo chegue a todos os homens e mulheres feridos pelas adversidades. A
alegria do discípulo é antídoto frente a um mundo aterrorizado pelo futuro e
oprimido pela violência e pelo ódio. Conhecer a Jesus é o melhor presente que
qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em
nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria.”
Nesse Dia
Mundial das Missões, a Igreja nos lembra que todo cristão deve ser missionário.
Vivendo
intensamente os dois amores (a Deus e ao próximo), crescerá também em nós um
novo ardor missionário.
“O Dia
Mundial das Missões reavive em cada um o desejo e a alegria de ir ao encontro
da humanidade levando Cristo a todos” ( Papa Emérito Bento XVI).
“Quando a
Igreja faz apelo ao compromisso evangelizador, não faz mais do que indicar aos
cristãos o verdadeiro dinamismo da realização pessoal: “Aqui descobrimos outra
profunda lei da realidade: ‘A vida se alcança e amadurece à medida que é
entregue para dar vida aos outros’. Isto é, definitivamente, a missão”.
São João
Paulo ll convidou-nos a reconhecer que
“não se pode perder a tensão para o anúncio” àqueles que estão longe de Cristo,
“porque esta é a tarefa primária da
Igreja”
(Carta Redemptoris Missio, 34).
A atividade missionária “ainda hoje representa o máximo desafio para a Igreja e a causa missionária deve ser a primeira de todas as causas”
( R. Misssio,40 e 86 ).
(Carta Redemptoris Missio, 34).
A atividade missionária “ainda hoje representa o máximo desafio para a Igreja e a causa missionária deve ser a primeira de todas as causas”
( R. Misssio,40 e 86 ).
Nesta linha,
os Bispos latino- americanos afirmaram que “não podemos ficar tranquilos, em
espera passiva, em nossos templos,” sendo necessário passar “de uma pastoral de
mera conservação para uma pastoral decididamente missionária.” ( Doc. de
Aparecida, 548 e 370 ) e Evangelii Gaudium. 10 e 15 ).
“Cada
cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe
pede, mas todos somos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria
comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz
do Evangelho.”
( Evangelii Gaudium, 20 ).
( Evangelii Gaudium, 20 ).
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