PENTECOSTES - ANO B
(20/05/2018)
MISSÃO DO ESPÍRITO SANTO
Celebramos hoje a grande festa de Pentecostes, que completa
o Tempo de Páscoa, cinquenta dias depois do Domingo da Ressurreição. Esta
Solenidade faz – nos recordar e reviver a efusão do Espírito Santo sobre os
Apóstolos e os outros discípulos, reunidos em oração com a Virgem Maria no
Cenáculo ( At 2, 1-11). Jesus, tendo ressuscitado e subido ao Céu, envia à
Igreja o seu Espírito, para que cada cristão possa participar na sua mesma vida
divina e tornar – se sua testemunha válida no mundo. O Espírito santo, irrompendo
na História, derrota a sua aridez, abre os corações à esperança, estimula e
favorece em nós a maturação na relação com Deus e com o próximo.
Pentecostes era uma das grandes festas judaicas; muitos
israelitas iam nesses dias em peregrinação a Jerusalém, para adorar a Deus no
Templo. A origem da festa remontava a uma antiquíssima celebração em que se
davam graças a Deus pela safra do ano, em vésperas de ser colhida. Depois
acrescentou-se a essa comemoração, que se celebrava cinquenta dias depois da Páscoa,
a da promulgação da Lei dada por Deus no monte Sinai. Por desígnio divino, a
colheita material que os judeus festejavam com tanto júbilo converteu-se, na
Nova Aliança, numa festa de imensa alegria: a vinda do Espírito Santo com todos
os seus dons e frutos.
Hoje é a plenitude do Mistério Pascal, com o Dom do Espírito
Santo à Igreja. É o nascimento da Igreja. Pentecostes é o cumprimento da promessa de
Jesus: “… se Eu for, enviá-lo-ei” (Jo 16,7);
A vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes não foi um
acontecimento isolado na vida da Igreja. O Paráclito santifica-a continuamente,
como também santifica cada alma, através das inúmeras inspirações que se
escondem em “todos os atrativos, movimentos, censuras e remorsos interiores,
luzes e conhecimentos que Deus produz em nós, prevenindo o nosso coração com as
suas bênçãos, pelo seu cuidado e amor paternal, a fim de nos despertar, mover,
estimular para o amor celestial, para as boas resoluções, para tudo aquilo que,
numa palavra, nos conduz à nossa vida eterna. A sua ação na alma é suave e
aprazível; Ele vem salvar, curar, iluminar.” (São Francisco de Sales).
No dia de Pentecostes, os Apóstolos foram robustecidos na
sua missão de anunciarem a Boa Nova a todos os povos. Todos os cristãos têm
desde então a missão de anunciar, de cantar as maravilhas que Deus fez no seu
Filho e em todos aqueles que crêem nEle. Somos agora um povo santo para publicar
as grandezas dAquele que nos tirou das trevas para a sua luz admirável.
Ao compreendermos a grandeza da nossa missão, compreendemos
também que ela depende da nossa correspondência às moções do Espírito Santo, e
sentimo-nos necessitados de pedir-lhe frequentemente que lave o que está
manchado, regue o que está seco, cure o que está doente, acenda o que está
morno, retifique o que está torcido. Porque sabemos bem que no nosso interior
há manchas, e partes que não dão todo o fruto que deveriam porque estão secas,
e partes doentes, e tibieza e também pequenos desvios, que é necessário
retificar.
Não se pode conceber vida cristã nem Igreja sem a presença e
a ação do Espírito Santo.
Depois que Jesus completou a sua obra, constituído Senhor a
partir de sua ressurreição, envia ao mundo o seu Espírito, o Espírito do Pai.
Conforme São João (Cf. Jo 20,19-23), Jesus comunica o seu Espírito, o mesmo
Espírito que Ele entregou ao Pai no dia da ressurreição. Para isso, sopra sobre
eles, transmitindo-lhes a vida nova, a força, o Espírito Santo: “Recebei o
Espírito Santo…” e o Dom do Perdão e da Reconciliação.
O Espírito Santo nos conduz à vida de oração. A vida cristã
requer um diálogo constante com Deus Uno e Trino, e é a essa intimidade que o
Espírito Santo nos conduz. Acostumemo-nos a procurar o convívio com o Espírito
Santo, que é quem nos há de santificar; a confiar nEle, a pedir a sua ajuda, a
senti-lo perto de nós. Assim se irá dilatando o nosso pobre coração, teremos
mais ânsias de amar a Deus e, por Ele, a todas as criaturas.
A chama do Espírito Santo transformou totalmente os
apóstolos… Que essa mesma chama ilumine e aqueça a nossa vida no caminho da
Unidade, do Bem e da Verdade.
“O Espírito Santo vem em socorro à nossa fraqueza”, diz S.
Paulo (Rom. 8,26). Diz São João da Cruz que o Espírito Santo, com a sua chama
está ferindo a alma, gastando e consumindo-lhe as imperfeições dos seus maus
hábitos.
O Espírito Santo é alma da Igreja. Sem Ele, ao que se
reduziria Ela? Sem dúvida, seria um grande movimento histórico, uma instituição
social complexa e sólida, talvez uma espécie de agência humanitária. E na
verdade é assim que a julgam quantos a consideram fora de uma perspectiva de
fé. Na realidade, porém, na sua verdadeira natureza e também na sua mais
autêntica presença histórica, a Igreja é incessantemente plasmada e orientada
pelo Espírito do seu Senhor. É um Corpo vivo, cuja vitalidade é precisamente o
fruto do invisível Espírito Divino.
Para chegarmos a um convívio mais íntimo com o Espírito
Santo, aproximemo-nos da Virgem Maria, que soube secundar como ninguém as
inspirações do Espírito Santo. “Perseveravam unânimes na oração, com algumas
mulheres e com Maria, a Mãe de Jesus” (At 1,14).
Recolhida com Maria, como no seu nascer, a Igreja reza
também hoje: Vem, Espírito Santo, enche os corações dos teus filhos e acende
neles o fogo do teu amor!
Por isso, cantemos: Vem, vem, vem, vem Espírito Santo de
Amor, vem a nós, traz à Igreja em novo vigor.
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