quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Homilía Dominical dia 28/09/2014 - Mt 21,28-32



As Aparências Enganam
Mons. José Maria Pereira



O Evangelho (Mt 21,28-32) começa com uma pergunta dirigida por Jesus aos seus amigos 
“ Que vos parece?”; para obter deles  uma resposta  que os ilumine  no seu próprio comportamento . A pergunta é muito simples: dois filhos são enviados pelo pai a trabalhar  na vinha ; o primeiro  responde  “ não”,mas depois  arrepende –se e vai ; o segundo diz “sim” mas não vai. “Qual dos dois fez a vontade do pai? Os sumos sacerdotes e anciãos do povo responderam: “O primeiro” (Mt 21,29-31). É a sua condenação que Jesus proclama a seguir  bem claramente: “os cobradores de impostos  e  as prostitutas  vos precedem no Reino  de Deus”. Mas, por que razão ? porque os que se opõem ao Senhor – membros do povo escolhido e , além disso , sumos sacerdotes e anciãos  do povo – foram os primeiros a ser  chamados à salvação, mas  deram uma resposta   mais aparente  do que  real , pois  foi  deles que Jesus afirmou : “dizem , mas não fazem” (Mt 23,3). Ouviram a pregação de João Batista , mas não lhes deram crédito porque julgavam-se excessivamente seguros da sua ciência e da não necessidade de aprender ; excessivamente seguros da sua justiça e da não necessidade de conversão : “não vos arrependestes para crer nele” (Mt. 21,32 ) não aceitaram a palavra  de João Batista nem a de Jesus. Veem-se , pois , colocados para depois , nada mais e nada menos que as pessoas de mau viver , cobradores de impostos e prostitutas ; pois estes arrependeram-se , “afastaram-se do mal que praticaram , acreditaram e praticaram “a justiça” (Ez.18,27), e , por isso foram recebidos  no Reino de Deus . Espontaneamente somos levados a pensar em Levi, Zaqueu, na adúltera ou na pecadora que, em casa de Simão, se prostra a Seus pés, cheia de dor e de amor.                                                   

Se os adversários de Jesus não acreditaram na Sua palavra e não se converteram, foi, principalmente, por orgulho, o bicho roedor de todo o bem e máximo obstáculo à salvação. Por isso, surge muito a propósito, a exortação de São Paulo à Virtude da humildade: “Tende entre vós  o mesmo sentimento  que existe em Cristo Jesus. Ele que era de condição divina...esvaziou-se a Si mesmo, assumindo  a  condição de escravo, tornando –se igual aos homens” (Fl.2,5-7). Se o Filho de Deus Se humilhou ao ponto de carregar sobre Si os pecados  dos homens ,será pedir muito que estes sejam humildes no reconhecimento do seu orgulho e dos seus pecados?
Peçamos ao Senhor a graça de progredirmos na virtude da humildade, fundamento de todas as outras; pois a humildade, ensina o Cura D’Ars, “é a porta pela qual passam as graças que Deus nos outorga; é ela que amadurece todos os nossos atos , dando –lhes valor e fazendo com que  sejam  agradáveis a Deus .Finalmente , constitui-nos donos do coração de Deus ,até fazer Dele ,por assim dizer nosso servidor , pois Deus nunca pode resistir  a um coração humilde”.  É uma virtude que não consiste essencialmente em reprimir os impulsos da soberba , da ambição , do egoísmo , da vaidade ... Trata-se de uma virtude que consiste fundamentalmente em inclinar-se diante de Deus e diante de tudo o que há  de Deus  nas criaturas , em reconhecer a nossa pequenez  e indigência em face da grandeza do Senhor .As almas santas sentem uma alegria muito grande em aniquilar-se diante de Deus , em reconhecer que só Ele é grande e que , em comparação com a d'Ele, todas as grandezas humanas estão vazias de verdade e não são  mais do que mentira. Este aniquilamento não reduz, não encurta as verdadeiras aspirações da criatura, mas enobrece-as e concede-lhes novas asas, abre-lhes horizontes mais amplos.
A humildade nos fará descobrir que todas as coisas boas que existem em nós vêm de Deus, tanto no âmbito da natureza como no da graça: “Diante de Ti,Senhor , a minha vida é como um nada”(Sl. 39(38),6). Somente a fraqueza e o erro é que são especificamente nossos.
A humildade nada tem a ver com a timidez ou a mediocridade.Os santos foram homens magnânimos, capazes de grandes empreendimentos para a glória  de Deus .O humilde é  audaz porque conta com a graça  do Senhor , que tudo pode, porque recorre com frequência à oração , convencido da absoluta necessidade da  ajuda divina.E por  ser simples e  nada arrogante ou autossuficiente , atrai as amizades , que são veículo para uma ação apostólica eficaz e de longo alcance .
A soberba e a tristeza andam frequentemente de mãos dadas, enquanto a alegria é patrimônio da alma humilde.
Hoje o Senhor nos envia a trabalhar na sua vinha. Somos o filho que diz Sim ou o que diz Não? Somos o primeiro ou o segundo? Seria melhor que fôssemos como o terceiro filho, do qual a parábola não fala: aquele que diz sim e vai mesmo!
O que importa mesmo não é parecer, mas ser realmente, realizar na vida o plano de Deus. Para tal, que tenhamos “o mesmo sentimento que existe em Cristo Jesus” (Fl. 2,5). Sejamos humildes, sinceros. As aparências enganam!                                                                                       
      
    

 

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Reunião Equipe 2 Nossa Senhora do Amor Divino

No dia 16 fizemos a nossa reunião mensal no Seminário Nossa Senhora do Amor Divino.




Monsenhor José Maria nos exortou, mais uma vez,  sobre a importância de observarmos as qualidades de nossos cônjuges e não ficar se apegando aos defeitos, pois todos temos defeitos e devemos nos entender através do dever de sentar-se.




                      Carla aproveitou o ensejo para comemorar o seu aniversário com muitas bênçãos.









   Roseli e Aguinaldo como sempre muito animados.





Janete e Marco Antônio CRS ITAIPAVA.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Homilía Dominical dia 21/09/2014 - Mt 20,1-16a



O Patrão Generoso
Mons. José Maria Pereira



“Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, e vossos caminhos não são os meus”, diz o Senhor (Is 55,8).


            O homem não pode reduzir Deus à medida dos seus pensamentos, nem condicionar o comportamento do Altíssimo às suas categorias de justiça e de bondade. Deus está muito acima do homem, muito mais do que está o céu acima da terra (Is 55,9); por isso, muitas vezes os projetos da sua providência são incompreensíveis à inteligência humana, que os deve aceitar com humildade, sem pretender adivinhá-los ou julgá-los. Quantas vezes ficamos aquém das maravilhas que Deus nos preparou!Quantas vezes os nossos planos se revelam tão estreitos!
            É este o ensinamento profundo contido na parábola dos trabalhadores da vinha (Mt 20,1-16).
            Trata-se de um patrão que saiu de manhã cedo para contratar trabalhadores para a sua vinha.Combina com eles um denário por dia.Torna a sair pelas nove,pelo meio dia, pelas três da tarde e pelas cinco da tarde. Chegado o fim do dia, manda pagar a todos o mesmo salário, a começar pelos últimos. Os primeiros murmuraram, pensando que haviam de receber mais. O patrão mostra que não é injusto para com os primeiros, e defende o direito de fazer o bem.
            Esta parábola pode aplicar-se ao povo judeu, que passou para o último lugar porque não reconheceu o dom de Deus. Depois chamou também os gentios. Todos são chamados com o mesmo direito a fazer parte do novo Povo de Deus, que é a Igreja. Para todos o convite é gratuito.Por isso, os Judeus, que foram chamados primeiro, não teriam razão ao murmurar contra Deus pela escolha dos últimos, que têm o mesmo prêmio: fazer parte do Seu Povo. À primeira vista, o protesto dos trabalhadores da primeira hora parece justo. E parece-o, porque não compreendeu que poder trabalhar na vinha do Senhor é um dom divino.Jesus deixa claro com a parábola que são diversos os caminhos pelos quais chama, mas que o prêmio é sempre o mesmo: o Céu!
            Com esta parábola o Senhor não deseja dar-nos uma lição de moral salarial ou profissional, mas sublinhar que, no mundo da Graça, tudo é um puro dom, mesmo o que parece ser um direito que nos assiste pelas nossas boas obras.
            Os que fomos chamados a diferentes horas para trabalhar na vinha do Senhor, só temos motivos de agradecimento.A chamada, em si mesma, já é uma honra.”Não há ninguém, afirma São Bernardo,que, por pouco que reflita, não encontre em si mesmo poderosos motivos que o obriguem a mostrar-se agradecido a Deus.E especialmente nós, porque o Senhor nos escolheu para si e nos guardou para o servirmos somente a Ele”.
            É imenso o trabalho na vinha do Senhor!
            O patrão insiste com mais energia no seu convite: “Ide vós também para a minha vinha”.
            Podemos ficar indiferentes diante de tantos que não conhecem a figura de Cristo? No campo do Senhor há trabalho para todos! Deus não chega nem demasiado cedo nem demasiado tarde às nossas vidas. O que Ele quer é que, a partir do momento em que nos visitou na sua misericórdia, nos sintamos verdadeiramente comprometidos a trabalhar na sua vinha, com todas as forças e com todo o entusiasmo, sem nos esquivarmos com promessas futuras, nem desanimarmos com o tempo perdido.
            Não são gratas ao Senhor as queixas estéreis, que revelam falta de fé, ou mesmo um sentido negativo e cético do ambiente que nos rodeia. Esta é a vinha e este é o campo em que o Senhor quer que estejamos, inseridos nessa sociedade que apresenta os seus valores e deficiências. É na nossa própria família, e não em outra, que devemos santificar-nos , e é essa família que devemos levar a Deus; e o trabalho que nos espera hoje, na Universidade ou no escritório, e não outro, que devemos converter em trabalho de Deus...Esta é a vinha do Senhor, onde Ele quer que trabalhemos sem falsas desculpas, sem saudosismos, sem exagerar as dificuldades, sem esperar oportunidades melhores.
            Para levarmos a cabo este apostolado, temos todas as graças necessárias. É nisto que se fundamenta todo o nosso otimismo.Deus chama-me e envia-me como trabalhador para a sua vinha; chama-me e envia-me a trabalhar para o advento do seu Reino na história: esta vocação e missão pessoal define a dignidade e a responsabilidade de cada fiel leigo e constitui o ponto forte de toda a ação formativa.
            O Senhor quer nos mostrar que no mundo da Graça não se podem fazer valer quaisquer direitos. É certo que o homem deve colaborar na sua salvação eterna, mas esta é um bem tão sublime que jamais deixa de ser um dom, até mesmo para as almas mais santas.
            Deus pode chamar a qualquer hora e o homem deve estar sempre pronto para responder ao Seu chamamento. “Buscai o Senhor, enquanto pode ser achado; invocai-o, enquanto Ele está perto” (Is 55,6).
 

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Homilía Dominical dia 14/09/2014 Jo 3,13-17




Exaltação da Santa Cruz
Mons. José Maria Pereira

A devoção e o culto à Santa Cruz, na qual Cristo deu a sua vida por nós, remonta aos começos do cristianismo. A Igreja canta com entusiasmo a Santa Cruz, pois foi o instrumento da nossa Salvação; se a árvore a cuja sombra os nossos primeiros pais pecaram foi a causa de perdição, a árvore da Cruz é origem da nossa salvação eterna.

A Palavra de Deus (Num 21,4-9) narra-nos como o Senhor castigou o Povo eleito por ter murmurado contra Moisés e contra Deus ao experimentar as dificuldades do deserto; enviou-lhe serpentes que causavam estragos entre os israelitas. Quando se arrependeram, o Senhor disse a Moisés: “Faze uma serpente de bronze e coloca-a como sinal sobre uma haste; aquele que for mordido e olhar para ela viverá. Moisés fez, pois, uma serpente de bronze e colocou-a como sinal sobre uma haste. Quando alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, ficava curado” (Num 21, 8-9).

A serpente de bronze era figura de Cristo na Cruz; quem o olha obtém a salvação. Assim o diz Jesus no diálogo mantido com Nicodemos: “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que seja levantado o Filho do Homem, a fim de que todo aquele que crer tenha nele vida eterna” ( Jo 3, 14-15).

Desde então, o caminho da santidade passa pela Cruz, e ganham sentido todas essas realidades que tanto precisam dele, como são a doença, a dor, as aflições econômicas, o fracasso..., a mortificação voluntária. Mais ainda: Deus abençoa com a Cruz quando quer conceder grandes bens a um dos seus filhos, a quem trata então com particular predileção.

Não são poucos os que fogem em debandada da Cruz de Cristo, e se afastam da verdadeira alegria, da eficácia sobrenatural, da própria santidade; fogem de Cristo. Levemos a Cruz sem rebeldia, sem queixas, com amor.

É possível que tenhamos aprendido  desde a nossa infância a fazer o sinal da Cruz sobre a nossa testa, os nossos lábios e o nosso coração, em sinal externo da fé que professamos. A Cruz é a árvore de riquíssimos frutos, arma poderosa que afasta todos os males e espanta os inimigos da nossa salvação: Pelo sinal da Santa Cruz, livrai-nos Deus Nosso Senhor dos nossos inimigos, dizemos todos os dias ao persignar-nos. A Cruz, ensina São João Damasceno, “é o escudo e o troféu contra o demônio. É o sinal para que não sejamos atingidos pelo anjo exterminador, como diz a Escritura( Ex 9,12). É o instrumento para levantar aqueles que caem, o apoio para os que se mantém em pé, o bastão dos débeis, o guia dos que se extraviam, a meta dos que avançam, a saúde da alma e do corpo. Afugenta todos os males, acolhe todos os bens, é a morte do pecado, a semente da ressurreição, a árvore da vida eterna”. O Senhor pôs a salvação da humanidade no lenho da Cruz, para que a vida ressurgisse de onde viera a morte, e aquele que vencera na árvore do Paraíso fosse vencido na árvore da Cruz ( Prefácio da Missa da Exaltação da Santa  Cruz).

A Cruz apresenta-se na nossa vida de diversas maneiras: doença, pobreza, cansaço, dor, desprezo, solidão... Hoje podemos examinar como é a nossa disposição habitual em face dessa Cruz que às vezes se mostra áspera e dura, mas que, se a levamos com amor, converte-se em fonte de purificação e de Vida, e também de alegria.

O amor à Cruz produz abundantes frutos na alma. Em primeiro lugar, leva-nos a descobrir Jesus, que sai ao nosso encontro e carrega sobre os seus ombros a parte mais pesada da contradição. A nossa dor, associada à do Mestre, deixa de ser o mal que entristece e arruína, e converte-se em meio de íntima união com Deus.

A Cruz de cada dia é uma grande oportunidade de purificação, de despreendimento, de aumento de glória.

A única dor verdadeira é afastar-se de Cristo. Os outros sofrimentos são passageiros e convertem-se em alegria e paz.

O trato e a amizade com o Mestre ensinam-nos a ver e a enfrentar as dificuldades que se apresentam com um espírito jovem e decidido, sem nenhum assomo de tristeza ou de queixa.

À semelhança dos santos, encararemos as contrariedades como um estímulo que é preciso transpor neste combate que é a vida. Essa disposição de ânimo alegre e otimista, mesmo nos momentos difíceis, não é fruto do temperamento ou da idade: nasce de uma profunda vida interior, da consciência sempre presente da nossa filiação divina. É uma atitude serena, que cria em todas as circunstâncias um bom ambiente à nossa volta na família, no trabalho, com os amigos... - e constitui uma grande arma para aproximarmos os outros de Deus.

Reza o hino: Cruz fiel, tu és a mais nobre de todas as árvores; nenhuma outra pode comparar-se a ti em folhas, em flor, em fruto”.

Ensina São Josemaría Escrivá: “É verdadeiramente suave e amável a Cruz de Jesus. Não contam aí as penas: só a alegria de nos sabermos corredentores com Ele”( Via Sacra).