Homilia do
Mons. José Maria – Natal
Somos convidados a formar coro com os
anjos: Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na Terra às pessoas de boa
vontade. Chegou a salvação! A luz se manifestou para iluminar os caminhos da
humanidade, que anseia por paz e fraternidade. Deus se torna presente em nosso
meio. A palavra se fez carne e veio morar junto a nós!
Alegremo-nos todos no Senhor! Hoje
nasceu o Salvador do mundo; hoje desceu do céu a verdadeira paz. “Acabamos de
ouvir uma mensagem transbordante de alegria e digna de todo o apreço: Cristo
Jesus, o Filho de Deus, nasceu em Belém de Judá. A notícia faz-me estremecer, o
meu espírito acende-se no meu interior e apressa-se, como sempre, a
comunicar-vos esta alegria e este júbilo”, anuncia São Bernardo. Coloquemo-nos
a caminho para contemplar e adorar Jesus, pois todos temos necessidade dEle; é
unicamente dEle que temos verdadeira necessidade. A verdade é que nenhum caminho
que empreendemos vale a pena se não termina no Menino-Deus.
“Hoje nasceu o nosso Salvador. Não
pode haver lugar para a tristeza, quando acaba de nascer a própria vida, a
mesma que põe fim ao temor da mortalidade e nos infunde a alegria da eternidade
prometida. Ninguém deve sentir-se incapaz de participar de tal felicidade, a
todos é comum o motivo para o júbilo; pois Nosso Senhor, destrutor do pecado e
da morte, como não encontrou ninguém livre de culpa, veio libertar-nos a todos.
Alegre-se o santo, já que se aproxima a vitória. Alegre-se o gentio, já que é
chamado à vida. Pois o Filho, ao chegar a plenitude dos tempos, assumiu a
natureza do gênero humano para reconciliá-la com o seu Criador” (São Leão
Magno). Daqui nasce para todos, como um rio que não pode ser contido, a alegria
destas festas.
Vamos à Gruta de Belém levando o
nosso presente! E talvez aquilo que mais agrade à Virgem Maria seja uma alma
mais delicada, mais limpa, mais alegre por ser mais consciente da sua filiação
divina, mais bem preparada por meio de uma confissão realmente contrita, a fim
de que o Senhor resida com mais plenitude em nós: essa confissão que talvez
Deus esteja esperando há tanto tempo…
Maria e José estão nos convidando a
entrar. E, já dentro, dizemos a Jesus com a Igreja: “Rei do universo, a quem os
pastores encontraram envolto em panos, ajudai-nos a imitar sempre a vossa
pobreza e a vossa simplicidade” (Preces das Laudes de 5 de janeiro).
No presépio contemplamos Jesus, recém
nascido, que não fala; mas é a Palavra eterna do Pai. Já se disse que o
Presépio é uma cátedra. Nós deveríamos hoje “entender as lições que Jesus nos
dá, já desde Menino, desde recém-nascido, desde que os seus olhos se abriram
para esta bendita terra dos homens” (São Josemaria Escrivá, É Cristo que passa,
nº14).
Jesus nasce pobre e ensina-nos que a
felicidade não se encontra na abundância de bens. Vem ao mundo sem, ostentação
alguma, e anima-nos a ser humildes e a não estar preocupados com o aplauso dos
homens.
Quando nos aproximarmos hoje do
Menino para beijá-lo, quando contemplarmos o presépio ou meditarmos neste
grande mistério, agradeçamos a Deus o seu desejo de descer até nós para se
fazer entender e amar, e decidamo-nos, nós também a tornar-nos crianças, para
podermos assim entrar no Reino dos Céus.
Sejamos anunciadores da Boa Nova da
Salvação que veio até nós! Na verdade, para que serviria celebrar o Natal de
Jesus se os cristãos não soubessem anunciá-Lo aos seus irmãos com a sua própria
vida? Celebra verdadeiramente o Natal todo aquele que, em si mesmo, acolhe o
Salvador, com fé e com amor cada vez mais intensos, aquele que O deixa nascer e
viver em seu coração para que possa manifestar-Se ao mundo na bondade,
benignidade e doação generosa de quantos n’Ele acreditamos.
Um Feliz e Santo Natal para todos!
Mons.
José Maria Pereira
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