Homilia do
Mons. José Maria – IV Domingo do Advento (Ano A)
A
Virgem e o Emanuel
No Quarto Domingo do Advento entra em
cena Maria. Seu Filho é o Deus conosco e já se faz presente, ainda de modo
velado, mas real, no seio da Virgem, que concebeu por obra do Espírito Santo
(cf. Mt 1, 18 – 24).
Ao descrever a genealogia de Jesus,
Mateus demonstra que é verdadeiro homem, filho de Davi, filho de Abraão; ao
narrar o Seu nascimento de Maria Virgem, que foi mãe por virtude do Espírito
Santo, afirma que é verdadeiro Deus; e, finalmente, ao citar o profeta Isaias,
declara que Ele é o Salvador prometido pelos profetas, o Emanuel, o Deus
conosco.
Nossa Senhora fomenta na alma a
alegria, porque, quando procuramos a sua intimidade, leva-nos a Cristo. Ela é
Mestra de esperança. Maria proclama que a chamarão bem-aventurada todas as
gerações (Lc. 1, 18).
Dentro de poucos dias veremos Jesus
reclinado numa manjedoura, o que é uma prova de misericórdia e do amor de Deus.
Poderemos dizer: “Nesta noite de Natal, tudo pára dentro de mim. Estar diante
dEle; não há nada mais do que Ele na branca imensidão. Não diz nada, mas está
aí… Ele é o Deus amando-me. E se Deus se faz homem e me ama, como não
procurá-Lo? Como perder a esperança de encontrá-Lo, se é Ele que me procura?
Afastemos todo o possível desalento; as dificuldades exteriores e a nossa
miséria pessoal não podem nada diante da alegria do Natal que se aproxima.
Faltam poucos dias para que vejamos
no presépio Aquele que os profetas predisseram, que a Virgem esperou com amor
de mãe, que João anunciou estar próximo e depois mostrou presente entre os
homens.
Desde o presépio de Belém até o
momento da sua Ascensão aos céus, Jesus Cristo proclama uma mensagem de
esperança. Ele é a garantia plena de que alcançaremos os bens prometidos.
Olhamos para a gruta de Belém, em vigilante espera, e compreendemos que somente
com Ele poderemos aproximar-nos confiadamente de Deus Pai.
Nas festas que celebramos por ocasião
do Natal, lutemos com todas as nossas forças, agora e sempre, contra o desânimo
na vida espiritual, o consumismo exagerado, e a preocupação quase exclusiva
pelos bens materiais. Na medida em que o mundo se cansar da sua esperança
cristã, a alternativa que lhe há de restar será o materialismo, do tipo que já
conhecemos; isso e nada mais. Por isso, nenhuma nova palavra terá atrativo para
nós se não nos devolver à gruta de Belém, para que ali possamos humilhar o
nosso orgulho, aumentar a nossa caridade e dilatar o nosso sentimento de
reverência com a visão de uma pureza deslumbrante.
O Espírito do Advento consiste em boa
parte em vivermos unidos à Virgem Maria neste tempo em que Ela traz Jesus em
seu seio.
A devoção a Nossa Senhora é a maior
garantia de que não nos faltarão os meios necessários para alcançarmos a
felicidade eterna a que fomos destinados. Maria é verdadeiramente “porto dos
que naufragam, consolo do mundo, resgate dos cativos, alegria dos enfermos”
(Santo Afonso M. de Ligório). Nestes dias que precedem o Natal e sempre,
peçamos-Lhe a graça de saber permanecer, cheios de fé, à espera do seu Filho
Jesus Cristo, o Messias anunciado pelos Profetas.
Mons.
José Maria Pereira
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