quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
Pré-Eacre e Confraternização 2015
segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
Homilía dominical dia 03/01/2016 - Mt 2,1-12
A Festa da Fé
Mons. José Maria Pereira
A Igreja celebra hoje a manifestação de Jesus ao mundo inteiro.
Epifania significa “manifestação”; e os Magos representam os povos de
todas as línguas e nações que se põem a caminho, chamados por Deus, para
adorar Jesus.
Na vinda dos Magos a Belém, Jesus inicia a reunião de todos os povos (Ev. Mt 2, 1-12).
O
Profeta Isaías (Is 60, 1-6) descreve a glória de Jerusalém para quem se
levanta uma grande luz. Esta luz é Cristo, o Messias Salvador. Ele será
luz para Jerusalém e para a nova Jerusalém, a Igreja e toda a
humanidade.
A festa da Epifania incita todos os fiéis a
partilharem dos anseios e fadigas da Igreja que “ora e trabalha ao mesmo
tempo, para que a totalidade do mundo se incorpore ao Povo de Deus,
Corpo do Senhor e Templo do Espírito Santo” (LG. 17). Aqui temos o plano
de Deus de fazer toda a humanidade participante da salvação em Cristo!
Esta é a boa-nova, o Evangelho. Por isso, devemos hoje dar graças a Deus
por nossa vocação cristã.
Para que isso aconteça é preciso que
trilhemos o caminho dos Magos. Qual será este caminho? Primeiramente é
preciso estarmos atentos aos sinais de Deus e termos o desejo de
adorá-Lo.
“Onde está o rei dos judeus, que acaba de nascer? Nós
vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-Lo” (Mt 2,2). Em segundo
lugar, é preciso procurá-Lo, onde Ele se encontra! Depois, é preciso
partir sempre de novo, recomeçar, sair à procura! Então, a estrela há de
aparecer e pousar sobre o lugar onde se encontra o Menino. Serão
momentos de grande alegria!
Quem encontra Jesus Cristo muda de
caminho. Toma outro caminho. Um caminho novo, o caminho de Jesus Cristo
que se apresenta como o Caminho (Jo 14,6).
Importa seguir a
estrela que pousará onde está Jesus Cristo. Precisamos estar atentos à
estrela! A estrela são todos os sinais de Deus para que encontremos o
Messias Salvador. A Palavra de Deus, os Sacramentos, o Magistério da
Igreja, uma palavra do sacerdote ou de pessoas amigas, os acontecimentos
da vida. Devemos estar atentos para perceber a presença da estrela. E
mais: somos chamados a sermos estrelas, que vão indicando o caminho ao
próximo para que ele encontre o Messias Salvador. Há muitas maneiras de
sermos estas estrelas, dando testemunho de Jesus Cristo. Isso na
família, na Igreja e na sociedade.
Cada pessoa humana necessita de estrelas que iluminem o seu caminho para o bem, para Deus.
Os
Magos, ao chegarem a Belém, ajoelharam-se diante do Menino e O
adoraram. Abriram os seus cofres e lhe ofereceram presentes... Não
voltaram a Herodes, retornaram por outro caminho (Mt. 2, 11-12).
O
encontrar Deus no menino transforma a vida das pessoas (um chamado à
conversão). Já não podem voltar a Herodes (mal). Voltarão por outro
caminho à sua região (Vida nova!).
Os Magos ofereceram ouro,
incenso e mirra. O ouro quer expressar o reconhecimento do poder régio
de Jesus; o incenso, a confissão de sua divindade e a mirra, o
testemunho de que Ele se fizera homem para a redenção do mundo.
A
Epifania é a festa da fé e do apostolado da fé. “Participam desta festa
tanto os que já chegaram à fé como os que se põem a caminho para
alcançá-la. Participa desta festa a Igreja, que cada ano se torna mais
consciente da amplitude da sua missão. A quantos homens é necessário
levar ainda a fé! Quantos homens é preciso reconquistar para a fé que
perderam, numa tarefa que é às vezes mais difícil do que a primeira
conversão! No entanto, a Igreja, consciente desse grande dom, o dom da
Encarnação de Deus, não pode deter-se, não pode parar nunca. Deve
procurar continuamente o acesso a Belém para todos os homens e para
todas as épocas. A Epifania é a festa do desafio de Deus” (São João
Paulo II, Homilia 6/1/1979).
Sejamos fiéis à nossa vocação
cristã! Todo cristão autêntico está sempre a caminho no próprio e
pessoal itinerário de fé e, ao mesmo tempo, com a pequena luz que traz
dentro de si, pode e deve servir de ajuda para quem se encontra ao seu
lado e, talvez, sente dificuldade de encontrar a estrada que conduz a
Cristo.
quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
Homilía dominical dia 27/12/2015
Aprender as Lições de Nazaré
Mons. José Maria Pereira
No Domingo
após o Natal celebra-se a festa da Sagrada Família Jesus, Maria e José. Deus
quis manifestar-se aos homens integrado numa família humana. Ele quis nascer
numa família, quis transformar a família num presépio vivo. Pode-se dizer que
hoje celebramos o verdadeiro Dia da Família!
A Palavra de
Deus em (Eclo. 3, 3 – 7. 14 – 17) lembra aos filhos o dever de honrarem pai e
mãe, de socorrê-los e compadecer-se deles na velhice, ter piedade, isto é, respeito
e dedicação para com eles; isto é cumprimento da vontade de Deus.
São Paulo, em
Cl 3, 12 – 21, enumera as virtudes que devem reinar na família: sentimentos de
compaixão, de bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportar-se uns aos
outros com amor, perdoar-se mutuamente. Revestir-se de caridade e ser
agradecidos. Se a família não estiver alicerçada no amor cristão, será muito
difícil a sua perseverança em harmonia e unidade de corações. Quando esse amor
existe, tudo se supera, tudo se aceita; mas, se falta esse amor mútuo, tudo se
faz sumamente pesado. E o único amor que perdura, não obstante os possíveis
contrastes no seio da família, é aquele que tem o seu fundamento no amor de
Deus.
A Sagrada
Família é proposta pela Igreja como modelo de todas as famílias cristãs: na
casinha de Nazaré, Deus ocupa sempre o primeiro lugar e tudo Lhe está
subordinado.
Os lares
cristãos, se imitarem o da Sagrada Família de Nazaré, serão lares luminosos e
alegres, porque cada membro da família se esforçará em primeiro lugar por
aprimorar o seu relacionamento pessoal com o Senhor e, com espírito de
sacrifício, procurará ao mesmo tempo chegar a uma convivência cada dia mais
amável com todos os da casa.
A família é
escola de virtudes e o lugar habitual onde devemos encontrar a Deus.
Cada lar
cristão tem na Sagrada Família o seu exemplo mais cabal; nela, a família cristã
pode descobrir o que deve fazer e como deve comportar-se, para a santificação e
a plenitude humana de cada um dos seus membros. Diz o Papa Paulo VI: “Nazaré é
a escola onde se começa a compreender a vida de Jesus: a escola do Evangelho.
Aqui se aprende a olhar, a escutar, a meditar e a penetrar o significado, tão
profundo e tão misterioso, dessa muito simples, muito humilde e muito bela
manifestação do Filho de Deus entre os homens. Aqui se aprende até, talvez
insensivelmente, a imitar essa vida”.
A família é a
forma básica e mais simples da sociedade. É a principal escola de todas as
virtudes sociais. É a sementeira da vida social, pois é na família que se
pratica a obediência, a preocupação pelos outros, o sentido de responsabilidade,
a compreensão e a ajuda mútua, a coordenação amorosa entre os diversos modos de
ser. Está comprovado que a saúde de uma sociedade se mede pela saúde das
famílias. Esta é a razão pela qual os ataques diretos à família (como divórcio,
aborto, união de pessoas do mesmo sexo) são ataques diretos à própria
sociedade, cujos resultados não tardam a manifestar-se.
O Messias
quis começar a sua tarefa redentora no seio de uma família simples, normal. O
lar onde nasceu foi a primeira realidade humana que Jesus santificou com a sua
presença.
Hoje, de modo
muito especial, pedimos à Sagrada Família por cada um dos membros da nossa
família e pelo mais necessitado dentre eles.
Maria, Rainha
da Família, rogai por nós!
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
Homilía Dominical dia 20/12/2015 - Lc 1,39-45
MARIA E O NATAL
Mons. José Maria Pereira
No
tempo de preparação para o Natal (Advento), a Liturgia nos fala e nos
ensina por meio de três grandes guias: Isaías, João Batista e Maria; o
profeta, o precursor e a mãe.
Hoje é a vez de Maria; ela nos
ajuda a intensificar e a concentrar nossa espera: “Aquele que deve vir”
já chegou; o mistério escondido desde séculos em Deus (Ef 3,9) faz nove
meses se encontra no seio de Maria!
Se Advento significa espera
de Cristo, Maria é a espera em pessoa; a espera teve para ela o sentido
realista e delicado que esta palavra tem para cada mulher que espera o
nascimento de uma criança. É assim que devemos imaginar Nossa Senhora na
iminência do Natal: com aquele olhar amável, dirigido mais para dentro
do que para fora de si, que se nota numa mulher que carrega no seio uma
criatura e parece que já a contempla e com ela dialoga. Maria manteve
com seu filho uma comunhão ininterrupta de amor, como uma pessoa que
recebeu a Eucaristia.
O Evangelho (Lc 1, 39-48) narra o encontro de duas mães, que vibram de alegria com a realização das Promessas.
Quem aguarda o Salvador, não pode esquecer a sua Mãe.
Após
a Anunciação, em que deu o seu SIM a Deus, Maria se põe a caminho... e
vai às pressas à casa de Isabel. Maria nos ensina o melhor jeito de
acolher: estar atento às necessidades dos irmãos, partir ao seu
encontro, partilhar com eles a nossa amizade e ser solidário com as suas
necessidades.
Logo que Maria entrou, saudou Isabel: “Shalom” (Paz). Maria era e é a mensageira da Paz!
Dentro
de poucos dias veremos Jesus reclinado numa manjedoura, o que é uma
prova de misericórdia e do amor de Deus. Poderemos dizer: “Nesta noite
de Natal, tudo pára dentro de mim. Estar diante dEle; não há nada mais
do que Ele na branca imensidão. Não diz nada, mas está aí… Ele é o Deus
amando-me. E se Deus se faz homem e me ama, como não procurá-Lo? Como
perder a esperança de encontrá-Lo, se é Ele que me procura? Afastemos
todo o possível desalento; as dificuldades exteriores e a nossa miséria
pessoal não podem nada diante da alegria do Natal que se aproxima.
Faltam
poucos dias para que vejamos no presépio Aquele que os profetas
predisseram, que a Virgem esperou com amor de mãe, que João anunciou
estar próximo e depois mostrou presente entre os homens.
Desde o
presépio de Belém até o momento da sua Ascensão aos céus, Jesus Cristo
proclama uma mensagem de esperança. Ele é a garantia plena de que
alcançaremos os bens prometidos. Olhamos para a gruta de Belém, em
vigilante espera, e compreendemos que somente com Ele poderemos
aproximar-nos confiadamente de Deus Pai.
Nas festas que
celebramos por ocasião do Natal, lutemos com todas as nossas forças,
agora e sempre, contra o desânimo na vida espiritual, o consumismo
exagerado, e a preocupação quase exclusiva pelos bens materiais. Na
medida em que o mundo se cansar da sua esperança cristã, a alternativa
que lhe há de restar será o materialismo, do tipo que já conhecemos;
isso e nada mais. Por isso, nenhuma nova palavra terá atrativo para nós
se não nos devolver à gruta de Belém, para que ali possamos humilhar o
nosso orgulho, aumentar a nossa caridade e dilatar o nosso sentimento de
reverência com a visão de uma pureza deslumbrante.
O Espírito do Advento consiste em boa parte em vivermos unidos à Virgem Maria neste tempo em que Ela traz Jesus em seu seio.
A
devoção a Nossa Senhora é a maior garantia de que não nos faltarão os
meios necessários para alcançarmos a felicidade eterna a que fomos
destinados. Maria é verdadeiramente “porto dos que naufragam, consolo do
mundo, resgate dos cativos, alegria dos enfermos” (Santo Afonso M. de
Ligório). Nestes dias que precedem o Natal e sempre, peçamos-Lhe a graça
de saber permanecer, cheios de fé, à espera do seu Filho Jesus Cristo, o
Messias anunciado pelos Profetas.
“A Virgem Maria é ela mesma o
caminho real pelo qual veio a nós o Salvador. Devemos procurar ir ao
encontro do Salvador pelo mesmo caminho pelo qual ele veio a nós” (São
Bernardo). Haja em cada um de nós a alma de Maria para engrandecer a
Deus; esteja em cada um o espírito de Maria para exultar em Deus” (Santo
Ambrósio).
sábado, 12 de dezembro de 2015
Homilía Dominical dia 13/12/2015 - Lc 3,10-18
Testemunhas da Alegria
Mons. José Maria Pereira
Aproximando-se o dia de Natal, a Liturgia do Terceiro Domingo do
Advento inicia com as palavras de S. Paulo: “Alegrai-vos sempre no
Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto” (Fl
4,4ss). Não se trata de uma alegria “subjetiva”, toda íntima e
sentimental, que muitas vezes não passa de uma excitação, mas de uma
alegria “objetiva” que se fundamenta sobre realidades em si mesmas
alegres, algo que já existe e só espera vir a nós. Nem se trata de uma
alegria ‘individual” ou privada, mas de uma alegria “comunitária”; é
como comunidade cristã que nós somos hoje convidados à alegria:
Alegrai-vos!
O Profeta Sofonias recorda ao povo eleito sua
missão e procura despertar nele a esperança e a coragem: “Canta de
alegria, cidade de Sião; rejubila, povo de Israel! Alegra-te e exulta de
todo o coração, cidade de Jerusalém!” ( Sofonias 3, 14-18)
Depois
da vinda de Jesus, esse povo, que é sinal de alegria entre as nações, é
a comunidade cristã que acolheu o Evangelho, isto é, a alegre notícia
de Jesus. Por isso o Apóstolo Paulo (Fl 4, 4-7) transmite à comunidade
cristã o grande mandamento da alegria que antes os profetas tinham
dirigido à filha de Sião: Irmãos alegrai-vos!
A alegria do
cristão é feita de uma esperança viva, com base na Ressurreição de
Cristo e que tem por objeto uma herança conservada nos céus.
Porém,
além da esperança, é preciso também outra virtude teologal: a caridade,
isto é, mais existencialmente, ser amados e amar.
Escreveu Santo
Agostinho: “Todo ser tende, como força própria, para o “seu lugar”,
isto é, para aquele ponto onde sabe que vai encontrar o próprio
descanso, a própria paz”. A alegria consiste em tender para aquele
lugar”. E qual é, para nós, criaturas racionais, “o nosso lugar”? É
Deus! Qual é o impulso que nos impele para Ele? O Amor! Cada um de nós é
impelido pelo próprio desejo de amor. Somente quem é amado e quem ama
sabe, realmente, o que é a alegria. Eis porque a Escritura diz que a
alegria é fruto do Espírito Santo (Rm 14, 17), e que os primeiros
discípulos estavam cheios de alegria no Espírito Santo (At 13, 52).
Porque o Espírito Santo é o Amor!
Devemos, portanto, ser afáveis,
amáveis e bons; a este aspecto humano da caridade se refere S. Paulo
quando escreve que a caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem
inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. Nem escandalosa.
Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor.
Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a Verdade (1Cor 13,
4-6). São essas delicadezas da caridade que mais vezes faltam nas
pessoas boas.
Hoje a Palavra de Deus nos motiva a fazer diversos
propósitos. Não se pode ser feliz sozinho; “alegrai-vos” significa
também: irradiai alegria. O inimigo da alegria não é o sofrimento; é o
egoísmo, o voltar-se sobre si mesmo, a ambição. O homem voltado sobre si
mesmo é um porco-espinho que mostra somente espinhos, uma casa fechada.
Poderemos estar alegres se o Senhor estiver verdadeiramente
presente na nossa vida, se não o tivermos perdido, se não tivermos os
olhos turvados pela tibieza ou pela falta de generosidade. Quando, para
encontrar a felicidade, se experimentam outros caminhos fora daquele que
leva a Deus, no fim só se acha infelicidade e tristeza. Fora de Deus
não há alegria verdadeira. Não pode havê-la. Encontrar Cristo, ou tornar
a encontrá-Lo, é fonte de uma alegria profunda e sempre nova.
O
cristão deve ser um homem essencialmente alegre. Mas a sua alegria não é
uma alegria qualquer, é a alegria de Cristo, que traz a justiça e a
paz, e que só Ele pode dar e conservar, porque o mundo não possui o seu
segredo.
A alegria do mundo procede de coisas exteriores: nasce
precisamente quando o homem consegue escapar de si próprio, quando olha
para fora, quando consegue desviar o olhar do seu mundo interior, que
produz solidão porque é olhar para o vazio. O cristão leva a alegria
dentro de si, porque encontra a Deus na sua alma em Graça. Esta é a
fonte da sua alegria! Não nos é difícil imaginar a Virgem Maria, nestes
dias do Advento, radiante de alegria com o Filho de Deus no seu seio. A
alegria do mundo é pobre e passageira. A alegria do cristão é profunda e
capaz de subsistir no meio das dificuldades. É compatível com a dor,
com a doença, com o fracasso e as contradições. “Eu vos darei uma
alegria que ninguém vos poderá tirar” (Jo 16,22), prometeu o Senhor.
Nada nem ninguém nos arrebatará essa paz gozosa, se não nos separarmos
da sua fonte.
A nossa alegria deve ter um fundamento sólido. Não
se pode apoiar exclusivamente em coisas passageiras: notícias
agradáveis, saúde, tranqüilidade, situação econômica desafogada, etc.,
coisas que em si são boas se não estiverem desligadas de Deus,mas que
por si mesmas são insuficientes para nos proporcionarem a verdadeira
alegria.
O Senhor pede que estejamos sempre alegres! Só Ele é
capaz de sustentar tudo na nossa vida. Não há tristeza que Ele não possa
curar: “Não temas, mas apenas crê” (Lc 8,50), diz-nos o Senhor.
Fujamos
da tristeza! Uma alma triste está à mercê de muitas tentações. Quantos
pecados se têm cometido à sombra da tristeza!Por outro lado, quando a
alma está alegre, abre-se e é estímulo para os outros; quando está
triste obscurece o ambiente e faz mal aos que tem à sua volta.
A
tristeza nasce do egoísmo, de pensarmos em nós mesmos esquecendo os
outros. Quem anda excessivamente preocupado consigo próprio dificilmente
encontrará a alegria da abertura para Deus e para os outros. Em
contrapartida, com o cumprimento alegre dos nossos deveres, podemos
fazer muito bem à nossa volta, pois essa alegria leva a Deus.
“Dentro
de pouco, de muito pouco, Aquele que vem chegará e não tardará” (Hb
10,37), e com Ele chegarão a paz e a alegria; em Jesus encontraremos o
sentido da nossa vida.
Que a nossa alegria seja um testemunho muito forte de que Cristo já está no meio de nós.
sábado, 5 de dezembro de 2015
Reunião de Balanço Equipe 07 Nossa Senhora de Fátima
A reunião foi positiva, segundo Bernardo, Ana Luiza estava compenetrada.
Pe. Alexandre Brandão orientando os casais para uma reflexão.
Nossa Senhora de Fátima, rogai por nós!
Janete e Marco Antônio CRS - Itaipava
quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
Homilía Dominical dia 06/12/2015 - Lc 3,1-6
O Espírito do Batista!
Mons. José Maria Pereira
Advento! Tempo de se preparar para acolher o Senhor que vem! Por
mais escuro que esteja o horizonte à nossa frente, precisamos acreditar
que dias melhores virão, pois Deus é fiel e não abandona seu povo.
Nesse segundo domingo do Advento, João Batista aparece como uma voz no
deserto, fazendo um apelo à conversão, para preparar o caminho do
Senhor!
Na linda da pregação de João Batista (cf. Lc 3, 1-6),
acodem-me à mente as palavras do Profeta Isaías: “Uma voz exclama: abri
no deserto um caminho para o Senhor [...]. Que todo vale seja aterrado,
que toda montanha e colina sejam abaixadas... Subi a uma alta montanha,
para anunciar a boa nova a Sião. Elevai com força a voz..., dizei às
cidades de Judá: “Eis o vosso Deus!” (Is 40, 1-5.9-11).
Está na hora de retornar a boa notícia sobre Jesus
Cristo, Filho de Deus, para gritá-la com força (é o sentido do Kerigma!)
em Jerusalém e nas cidades de Judéia, isto é, na Igreja e fora da
Igreja.
João Batista nos oferece um esplêndido
exemplo de proclamação do Evangelho. O que o Batista compreendeu a
respeito de Jesus é que se trata de alguém de que ele não é sequer digno
de aproximar-se para desatar-lhe as sandálias; que é “o mais forte”,
aquele que batizará no Espírito Santo e que desafiará, por assim dizer, o
mundo a ferro e fogo!
João Batista teve a capacidade
de fazer sentir Cristo “perto”, às portas (Jo 1,26), como alguém que
está “no meio” dos homens e não como uma abstração mental; como alguém
que já tem na mão a pá (Mt 3,12) e se apresenta para atuar o juízo, por
isso não há mais tempo a perder. A força de seu anúncio estava em sua
humildade (Jo 3,30): Importa que ele cresça e eu diminua, em sua
austeridade e em sua coerência.
Hoje precisamos de
anúncios inspirados e corajosos, como os de Isaías e de João Batista;
diante deles o mundo não poderia ficar insensível, como acontece quando
se fala de Jesus Cristo só com sabedoria de palavras, com livros que não
acabam mais, mas sem a força e sem a coerência de vida.
Toda a
essência da vida de João, desde o seio materno, esteve subordinada a
essa missão! João se entrega totalmente nessa missão, dedicando-se a
ela, não por gosto pessoal, mas por ter sido concebido para isso. E vai
realizar a sua missão até o fim, até dar a vida, no cumprimento da sua
vocação.
Foram muitos os que conheceram Jesus graças ao trabalho
apostólico do Batista. Os primeiros discípulos seguiram Jesus por
indicação expressa dele e muitos outros se prepararam interiormente para
segui-Lo,, graças à sua pregação.
É bela a Vocação de João
Batista! A vocação abarca a vida inteira e leva a fazer girar tudo em
torno da missão divina. Cada homem, no seu lugar e dentro das suas
próprias circunstâncias, tem uma vocação dada por Deus; de que ela se
cumpra dependem outras coisas queridas pela vontade divina!
“Eu
sou a voz que clama no deserto!” João Batista não é mais do que a voz, a
voz que anuncia Jesus. Essa é a sua missão, a sua vida, a sua
personalidade. Todo o seu ser está definido em função de Jesus, como
teria que acontecer na nossa vida, na vida de qualquer cristão. O
importante da nossa vida é Jesus!
À medida que Cristo se vai
manifestando, João procura ficar em segundo plano, ir desaparecendo.
Dizia São Gregório: “João Batista perseverou na santidade porque se
conservou humilde no seu coração.”
Como precursor, indica-nos o
caminho que devemos seguir! Na ação apostólica pessoal- enquanto
preparamos os nossos amigos para que encontrem o Senhor-, devemos
procurar não ser o centro. O importante é que Cristo seja anunciado,
conhecido e amado.
Sem humildade, não poderíamos aproximar os nossos amigos de Deus. E então a nossa vida ficaria vazia.
Não somos apenas precursores! Somos também testemunhas de Cristo.
Recebemos, com a graça batismal e a Crisma, o honroso dever de confessar
a fé em Cristo, com as nossas ações e com a nossa palavra. Que tipo de
testemunhas nós somos? Como é o nosso testemunho cristão entre os
nossos colegas, na família?
Temos que dar testemunho e , ao
mesmo tempo, apontar aos outros o caminho. “Também conduzir-nos de tal
maneira que, ao ver-nos, os outros possam dizer: este é cristão porque
não odeia, porque sabe compreender, porque não é fanático, porque está
acima dos instintos, porque é sacrificado, porque manifesta sentimento
de paz, porque ama” (É Cristo que passa, nº 122).
Nesse tempo do
Advento, encontramos muitas pessoas olhando em outra direção, de onde
não virá ninguém; ou onde outros estão debruçados sobre os bens
materiais, como se fossem o seu último fim; mas eles jamais satisfarão o
seu coração! Cabe a nós apontar-lhes o Caminho. A todos! Diz-nos Santo
Agostinho: “Sabeis o que cada um de nós tem que fazer em casa, com o
amigo, com o vizinho, com os dependentes, com o superior com o inferior.
Não queirais, pois, viver tranquilos até conquistá-los para Cristo,
porque vós fostes conquistados por Cristo.”
A nossa família, os
amigos, os colegas de trabalho, as pessoas que vemos com frequência,
devem ser os primeiros a beneficiar-se do nosso amor por Deus. Com o
exemplo e com a oração, devemos chegar até mesmo àqueles com quem não
temos ocasião de falar habitualmente, porém, não devemos nos esquecer
que é a graça de Deus, não as nossas forças humanas, que consegue levar
as almas ao Senhor!
Que o Senhor nos ilumine para descobrirmos,
em nossa vida, quais as estradas tortuosas temos que endireitar para
chegar até Ele. E quais os vales a preencher na vida profissional, na
vida espiritual, na vida familiar, na vida de comunidade?
Possamos perceber que temos que abaixar nosso orgulho, nossa auto-suficiência!
Deus quer servir-se de nós para preparar os homens de hoje para a vinda de Cristo no Natal desse ano.
Temos o mesmo espírito de João Batista?
Para ilustrar a reflexão acrescento o texto de São Gregório
Magno, doutor da Igreja (séc. XI); Sermão no Advento 20, 1-7: “Assim
como está escrito no livro do Profeta Isaías: Esta é a voz daquele que
grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas.
Sendo perguntado ao glorioso Batista quem ele era, respondeu: eu sou a
voz que grita no deserto. Por isso o profeta lhe chamou voz, porque ia à
frente do Verbo. Todo aquele que anuncia a verdadeira fé as boas obras,
que outra coisa faz senão preparar o caminho do Senhor que vem aos
corações dos ouvintes? Porque formando com a palavra da santa pregação
pensamentos limpos nas almas dos que o ouvem, faz com que a força da
graça penetre, e a luz da verdade os ilumine, para que façam direitas as
sendas por onde o Senhor há de vir, e em conformidade a isso disse:
todo vale será aterrado, e todo desfiladeiro será humilhado.
Está muito claro nesta passagem do Evangelho que por vales não se
identificam senão os humildes, e por montanhas e colinas quer que
entendamos os soberbos. Vindo, pois, o Senhor nosso a nós, os vales
muitos baixos foram cheios, e os montes e colinas soberbos foram
humilhados; porque a voz de sua majestade assim o significou quando
disse: quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será
exaltado...
E todo o povo observando que a vida do santo
Batista era tão áspera, com tanta solidão e perfeição de penitência,
acabaram por crer que ele fosse o Cristo. E vendo a nosso Senhor, que
comia com os publicanos e conversava com os pecadores, não creram que
ele fosse o Cristo, mas um profeta. Porém, passando o tempo, Cristo que
era tido por profeta foi reconhecido como o Cristo verdadeiro, e o
glorioso João, que era tido por Cristo, foi reconhecido como verdadeiro
profeta, e assim se cumpriu o que o bem-aventurado Batista havia dito ao
falar de Cristo: convém que ele cresça e eu diminua. Porque Cristo
nosso redentor cresceu na reputação do povo, e foi conhecido pelo que
era; e o santo precursor diminuiu, porque cessou de ser tido pelo que
não era.
Vendo, pois, como o glorioso João perseverou na
santidade, porque teve constância verdadeira na humildade de seu
coração; e como muitos outros caíram, porque estavam cegos pelas
vaidades e se ensoberbeceram dentro de si mesmos, digamos com razão que
todos os vales serão cheios e todos os montes e colinas serão
rebaixados, porque desce as mãos dos humildes as graças que os corações
dos soberbos lançam para longe de si.
As passagens
tortuosas serão endireitadas e os caminhos acidentados serão aplainados.
Endireitam-se as coisas tortuosas quando os corações dos maus, torcidos
pelos pecados, endireitam-se por meio da penitência; e os
lugares acidentados se tornam planos quando as almas cheias de soberba e
de ira, recebendo a graça do Espírito Santo, tornam-se humildes e
mansas; porque não é outra coisa a alma soberba não querer receber a
palavra da verdade, senão um caminho áspero e pedregoso, que contradiz a
que quer caminhar. E quando a alma do soberbo, aplainada pela virtude
da mansidão, recebe com amor as palavras de repreensão e exortação,
então dizemos que o pregador encontra o caminho plano, por onde
primeiramente nem conseguia caminhar, impedido com a sua aspereza.
E toda a carne verá a salvação de Deus. Dizer toda a carne é o
mesmo que se dissesse todos os homens. É fato que nem todos os homens
puderam ver a Cristo na vida presente; diremos, pois, que a intenção do
profeta nestas palavras é assinalar o dia do juízo, quando se verão os
céus abertos, e virão os anjos por ministros, estarão os apóstolos
sentados juntos, e aparecerá Cristo nosso Redentor, Juiz Soberano,
sentado na sede de sua majestade, e todos os bons e maus o verão. E
desta visão resultará que os bons gozem sem fim, recebendo o galardão de
seus trabalhos; e os maus, castigados por suas próprias culpas, chorem
para sempre os tormentos do inferno.”
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