A Volta de Cristo
Homilia do Mons. José Maria
Estamos no penúltimo domingo do Ano Litúrgico.
A Palavra de
Deus convida-nos a meditar no fim último do homem, no seu destino além
da morte. A meta final, para onde Deus nos conduz, faz nascer em nós a
esperança e a coragem para enfrentar as adversidades e lutar pelo
advento do Reino.
Nesses domingos, os últimos do final do Tempo
Comum e os dois primeiros do Advento querem levar os discípulos de
Cristo a viverem a dimensão escatológica da vida cristã.
Escatológico,
significa aquilo que se refere às últimas realidades já presentes no
aqui e agora da vida cristã, sobretudo após a ressurreição de Cristo.
Vem da palavra “escaton”, que significa o fim, as últimas coisas.
O
Profeta Daniel (Dn 12, 1-3) mostra o povo judeu oprimido sob a
dominação dos gregos. Muitos judeus, apavorados pela perseguição,
abandonavam até a fé …
O objetivo desse livro era animar o povo a
resistir diante dos opressores e lembrar que a vitória final será dos
justos que perseverarem fiéis. É a primeira profissão de fé na
Ressurreição, que se encontra na Bíblia.
Já no Evangelho (Mc 13,
24-33) no discurso escatológico, Jesus ensina como os seus discípulos
devem viver no tempo que vai de sua elevação da terra até o seu retorno
glorioso. Jesus anuncia a destruição de Jerusalém e o começo de uma nova
era, com a sua vinda gloriosa após a ressurreição.
A intenção
não era assustar, mas conduzir a comunidade a discernir os fatos
catastróficos e o futuro da comunidade cristã dentro da história.
Não
deviam ver como o fim do mundo, mas o início de um mundo novo.
Portanto, não deviam dar ouvidos a pessoas que anunciavam o fim do
mundo.
Quanto ao dia e hora, só o Pai sabe…, mais ninguém…
Para nós o mais importante não é saber quando isso irá acontecer, mas sim estar vigilantes e preparados para ele.
O cristão não pode ficar de braços cruzados, esperando que as coisas simplesmente aconteçam.
A
vida é realmente muito curta e o encontro com Jesus está próximo. Isto
ajuda-nos a despreender-nos dos bens que temos de utilizar e aproveitar o
tempo; mas não nos exime de maneira nenhuma de dedicar-nos plenamente à
nossa profissão no seio da sociedade. Mais ainda: é com os nossos
afazeres terrenos, ajudados pela graça, que temos de ganhar o Céu.
E que a humanidade não caminha para a destruição, para o nada; caminha ao encontro da vida plena, ao encontro de um mundo novo.
Cristo
que viera, pela primeira vez ao mundo em humildade e sofrimento para o
redimir do pecado, regressará no fim dos séculos, em todo o esplendor da
Sua glória para recolher os frutos da Sua obra redentora.
Compreende-se,
assim, como a Igreja primitiva, enamorada de Cristo e ansiosa por
contemplar novamente o Seu rosto glorioso, esperasse impacientemente a
Sua volta. “Vem Senhor Jesus” (Ap 21,20) era a invocação fervorosa dos
primeiros cristãos que viviam com o coração voltado para Ele, como se já
estivesse à porta. Esta mesma deve ser a atitude de quem compreendeu o
sentido profundo da vida cristã: uma espera de Cristo, um caminhar para
Ele com a lâmpada da fé e do amor bem acesa.
Agora, na intimidade
da nossa alma, dizemos a Jesus: “Procuro, Senhor a Tua face, que um
dia, com a ajuda da tua graça, terei a felicidade de ver face a face”(Sl
26,8).
Da nossa parte, devemos estar atentos aos sinais de Deus,
confiantes nas palavras de Cristo, que nos garante: “o Céu e a terra
passarão, mas as minhas palavras não passarão” (Mc 13, 31).
Mons. José Maria Pereira
Nenhum comentário:
Postar um comentário