Pão da Vida
Eterna
Mons. José
Maria Pereira
No Evangelho (Jo
6,24-35), depois do milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus se
apresenta como o “Pão da Vida”.
Entusiasmado com o
milagre, o povo procura Jesus. Vê-se que o povo não entendeu o sentido daquele
gesto. Quando viram que não conseguiam encontrar nem a Jesus nem aos seus
discípulos, subiram às barcas e foram a Cafarnaum.
Quando o encontraram
novamente, Jesus disse-lhes: “Em verdade, em verdade, Eu vos digo: estais Me
procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes
satisfeitos”(Jo 6,26). Comenta Santo Agostinho: “Buscais-me por motivos da
carne, não do espírito. Quantos há que procuram Jesus, guiados unicamente pelos
seus interesses materiais! Só se pode procurar Jesus por Jesus”.
Com uma valentia
admirável, com um amor sem limites, Jesus expõe o dom inefável da Sagrada
Eucaristia, em que se dá como alimento. Pouco importa que, ao terminar a
revelação, muitos dos que o seguiram com fervor acabem por abandoná-Lo. O
Senhor não recua: “Trabalhai não pelo alimento que perece, mas pelo alimento
que permanece até a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará... Mas eles
perguntaram: Que devemos fazer para realizar as obras de Deus? Jesus
respondeu-lhes: A obra de Deus é que acrediteis naquele que Ele enviou” (Jo
6,27-29).
E, apesar de que muitos
dos presentes tinham visto com os seus próprios olhos o prodígio do dia
anterior, disseram-Lhe: “Que milagre fazes Tu, para que possamos ver e crer em
Ti? Nossos pais comeram o Maná no deserto, como está na Escritura: Deu-Lhes a
comer o Pão do Céu” (Jo 6, 30-31).
Jesus Cristo é o
verdadeiro alimento que nos transforma e nos dá forças para realizarmos a nossa
vocação cristã. Exorta vivamente São João Paulo II: “Só
mediante a Eucaristia é possível viver as virtudes heroicas do cristianismo: a
caridade até o perdão dos inimigos, até o amor pelos que nos fazem sofrer, até
a doação da própria vida pelo próximo; a castidade em qualquer idade e situação
de vida; a paciência, especialmente na dor e quando estranhamos o silêncio de
Deus nos dramas da história ou da nossa existência. Por isso, sede sempre almas
eucarísticas para poderdes ser cristãos autênticos”.
A igreja vive da
Eucaristia. O concílio Vaticano II afirmou que o sacrifício eucarístico é
“fonte e centro de toda a vida cristã” (LG, 11). Com efeito, “na Santíssima
Eucaristia, está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio
Cristo, a nossa Páscoa e o Pão vivo que dá aos homens a vida mediante a sua
carne vivificada e vivificadora pelo Espírito Santo” (PO, 5).
A Igreja vive de Jesus
Eucarístico, por Ele é nutrida, por Ele é iluminada. A Eucaristia é mistério de
fé e, ao mesmo tempo, mistério de luz. Sempre que a Igreja a celebra, os fiéis
podem de certo modo reviver a experiência dos dois discípulos de Emaús:
“Abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-no” (Lc 24,31).
Referindo-se à
Eucaristia, ensinava São Josemaría Escrivá: “O maior louco que já houve e
haverá é Ele (Jesus). É possível maior loucura do que entregar-se como Ele se
entrega, e àqueles a quem se entrega?
Porque, na verdade, já
teria sido loucura ficar como um Menino indefeso; mas, nesse caso até mesmo
muitos malvados se enterneceriam, sem atrever-se a maltratá-Lo. Achou que era
pouco: Quis aniquilar-se mais e dar-se mais. E fez-se comida, fez-se Pão.
Divino Louco! Como é
que te tratam os homens?... E eu mesmo?” (Forja, 824).
Da Eucaristia brotam
todas as graças e todos os frutos de vida eterna – para cada alma e para a
humanidade – porque neste sacramento “está contido todo o bem espiritual da
Igreja” (PO, 5).
Quando nos aproximamos
da mesa da Comunhão, podemos dizer: “Senhor, espero em Ti; adoro-Te, amo-Te,
aumenta-me a fé. Sê o apoio da minha debilidade, Tu, que ficaste na Eucaristia,
inerme, para remediar a fraqueza das criaturas” (Forja, 832).
Façamos nosso (no bom
sentido) o pedido do povo citado no Evangelho: “Senhor, dá-nos sempre desse
pão” (Jo 6, 34).
O primeiro domingo de
agosto é dedicado à vocação Sacerdotal.
Rezemos pelos padres!
Rezemos ao Senhor para que continue enviando sacerdotes para a Igreja. Que Ele
continue abençoando e plenificando a vida de todos os sacerdotes.