sexta-feira, 5 de junho de 2015

Homilía Dominical dia 07/06/2015 - Mc 3,20-35




Fazer a vontade de Deus
Mons. José Maria Pereira





Jesus foi por toda a Galiléia pregando o Evangelho nas sinagogas e expulsando os demônios. O fato despertava tanto entusiasmo entre o povo, que os escribas- incrédulos e perversos-, sem poder negar tal evidência e não querendo reconhecer em Jesus o Messias, atribuem o Seu poder à influência de Belzebu. E o Mestre reage a esta insinuação: “Se, portanto, satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, mas será destruído” (Mc 3, 26).
            Jesus coloca as coisas no seu lugar! Nele trava-se o grande combate entre o bem e o mal, entre Deus e satanás, o adversário da humanidade. Jesus é mais forte do que o príncipe dos demônios. Veio a este mundo para combatê-lo. Vence-o no deserto após o seu batismo; vence-o expulsando os demônios. É Ele o homem forte que guarda a casa. Tudo isso Ele o faz pelo Espírito Santo e não por algum espírito imundo.
            O Senhor convida os fariseus, obcecados e endurecidos, a fazer uma consideração simples: se alguém expulsa o demônio, isto quer dizer que é mais forte do que ele. É uma exortação a mais a reconhecer em Jesus o Deus “forte”, o Deus que com o Seu poder liberta o homem da escravidão do demônio. Terminou o domínio de satanás: o príncipe deste mundo está a ponto de ser expulso. A vitória de Jesus sobre o poder das trevas, que culmina como na Sua Morte e Ressurreição, demonstra que a luz está já no mundo. Disse-o o próprio Senhor: “Agora é o julgamento deste mundo. Agora que o príncipe deste mundo vai ser lançado fora (cf. Jo 12, 31-32).
            Por isso, acreditar no poder de Cristo Jesus é confiar na misericórdia e no perdão de Deus. Ele tem o poder de perdoar pecados, pois por sua morte e ressurreição há de vencer definitivamente a satanás e o pecado. Este é, na verdade, o maior adversário do ser humano, pois o afasta da comunhão com Deus.
            “Saíram para agarrá-Lo, porque diziam que estava fora de si” (Mc 3 , 21). Alguns de seus parentes, deixando-se levar por pensamentos meramente humanos, interpretavam a absorvente dedicação de Jesus ao apostolado como um exagero, explicável- na sua opinião- apenas por uma perda de juízo. Ao ler estas palavras do Evangelho pensemos no que Jesus se submeteu por nosso amor: disseram que Ele tinha “perdido o juízo”. Muitos santos, a exemplo de Cristo, passarão também por loucos, mas serão loucos de amor, loucos de amor a Jesus Cristo!
            Comunicam a Jesus que a Sua Mãe e alguns parentes vieram à sua procura. Jesus respondeu-lhes: “Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mc 3 , 35). Todos aqueles que, seguindo o Seu exemplo, abraçam a vontade do Pai e a cumprem, ficam unidos a Ele com vínculos tão íntimos, só comparáveis aos mais estreitos laços familiares. E desta união a Cristo, na mesma vontade do Pai, é que se tiram forças para vencer satanás.
            Por isso, a Igreja recorda-nos que a Santíssima Virgem “acolheu as palavras com que o Filho, pondo o reino acima de todas as relações de parentesco, proclamou bem-aventurados todos os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática; coisa que Ela fazia fielmente” (Lumen Gentium, 58).
            O Senhor, pois, nos ensina também que segui-Lo nos leva a compartilhar a Sua vida até tal ponto de intimidade que consistiu um vínculo mais forte que o familiar.
            A verdadeira família de Jesus é formada pelos que estão ao redor dele e que fazem a vontade de Deus.
            Maria era mãe duplamente: porque gerou Jesus e porque mais do que ninguém soube fazer sempre a vontade de Deus.






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