Urgência da Pregação
Mons.
José Maria Pereira
O
Evangelho (Mc 1, 29-39) apresenta Jesus rodeado de uma multidão marcada pelo
sofrimento: “Curou muitos enfermos atormentados por diversos males e expulsou
muitos demônios” (Mc 1, 34). Mas se, por um lado, Ele se dedica a curar, por
outro retira-se para um lugar deserto. E ali orava durante a noite. Ação
apostólica e oração se completam. Pedro e seus companheiros o procuram. Quando
O encontraram, dizem-lhe: “Todos Te procuram”.
A verdadeira luz deve ser procurada em Deus, sobretudo através da oração.
Quando os apóstolos
disseram: “Todos andam à Tua Procura; o Senhor respondeu-lhes: “Vamos a outros
lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso
que eu vim” (Mc 1, 38).
A missão de Cristo é
evangelizar, levar a Boa Nova até o último recanto da terra, através dos
Apóstolos e dos cristãos de todos os tempos. Esta é a missão da Igreja, que
assim cumpre o que o Senhor lhe ordenou:
“Ide e pregai a todos os povos..., ensinando-os a observar tudo quanto vos
mandei” (Mt 28, 19-20).
São Paulo, citando o
Profeta Isaías, exclama com entusiasmo: “Como são formosos os pés dos que
anunciam a Boa Nova!” (Rm 10, 15). Continua S. Paulo: “Porque, pregar o
Evangelho não é para mim motivo de
glória, mas uma necessidade. Ai de mim se eu não pregar o Evangelho” (1 Cor 9,
16).
Com essas mesmas palavras
de S. Paulo, a Igreja tem recordado com freqüência aos fiéis a chamada que o Senhor lhes dirige
para levarem a doutrina de Cristo a todos os cantos do mundo, aproveitando
qualquer ocasião.
São João Crisóstomo vai
ao encontro das possíveis desculpas perante esta gratíssima obrigação: “Não há
nada mais frio do que um cristão que não se preocupa pela salvação dos outros.
Não digas: não posso ajudá-los, porque, se és cristão de verdade, é impossível
que não possas fazer. Não há maneira de negar as propriedades das coisas
naturais; o mesmo acontece com isto que agora afirmamos, pois está na natureza
do cristão agir dessa forma. É mais fácil o sol deixar de iluminar ou de
aquecer do que um cristão deixar de dar luz; mais fácil do que isso seria que a
luz fosse trevas. Não digas que é impossível; impossível é o contrário. Se
orientarmos bem a nossa conduta, o resto sairá como conseqüência natural. Não
se pode ocultar a luz dos cristãos, não se pode ocultar uma lâmpada que brilha
tanto”.
Perguntemo-nos
se no nosso ambiente, no lugar onde vivemos e onde trabalhamos, somos
verdadeiros transmissores da fé, se levamos os nossos amigos a uma maior
freqüência dos Sacramentos. Examinemos se encaramos a ação apostólica como algo
urgente, como exigência da nossa vocação, se sentimos a mesma responsabilidade
daqueles primeiros, pois a necessidade hoje não é menor... “Ai de mim se não
evangelizar!
O mundo precisa de
santos! A santidade não é um privilégio de poucos; é um dom oferecido a todos:
“Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1 Ts 4,3).
Na pregação não se pode
querer agradar a todos reduzindo, de acordo com as conveniências humanas, as
exigências do Evangelho:” Falamos, não como quem procura agradar aos homens,
mas somente a Deus” (1Ts 2, 4).
Não é bom caminho
pretender tornar fácil o Evangelho, silenciando ou rebaixando os mistérios que
devem ser cridos e as normas de conduta que devem ser vividas. Ninguém pregou nem
pregará o Evangelho com maior credibilidade, energia e atrativo que Jesus
Cristo, e houve quem não o seguisse fielmente. Não podemos esquecer-nos de que
pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios,
mas poder de Deus para os escolhidos, quer judeus, quer gregos” (1 Cor 1,
23-24).
Todos andam à Tua
procura... O mundo tem fome e sede de
Deus. Diz o Doc. de Aparecida, nº 29: “Conhecer a Jesus é o melhor presente que
qualquer pessoa pode receber; tê-Lo encontrado foi o melhor que ocorreu em
nossas vidas, e fazê-Lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria”.
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