ONTEM PEDRO, HOJE FRANCISCO!
Mons. José Maria Pereira
Mons. José Maria Pereira
O Martírio de São Pedro |
O Martírio de São Paulo |
Celebramos
hoje o martírio dos Apóstolos Pedro e Paulo; mortos na perseguição de Nero pelo
ano de 64. Através destes dois apóstolos a Igreja celebra sua apostolicidade:
Creio na Igreja uma, santa, católica, apostólica.
São Pedro e São Paulo são os
últimos dois anéis de uma corrente que nos une ao próprio Cristo. Em certo
sentido, nossa comunhão com Jesus passa através deles. Nós celebramos, por
isso, a festa dos “fundadores” de nossa fé, dos antepassados do povo cristão.
Disse Jesus: “Tu és Pedro, e
sobre esta pedra construirei a minha Igreja” (Mt 16,18).
A Igreja, portanto, não é uma
sociedade de livres pensadores, mas é a sociedade, ou melhor, a comunidade
daqueles que se unem a Pedro em proclamar a fé em Jesus Cristo. Quem edifica a
Igreja é Cristo. É ele que escolhe livremente um homem e o põe na base do
edifício.
Pedro
é apenas um instrumento, a primeira pedra do edifício, enquanto Cristo é aquele
que põe a primeira pedra. Todavia, doravante, não se poderá estar verdadeira e
plenamente na Igreja, como pedra viva, se não se está em comunhão com a fé de
Pedro e sua autoridade ou, ao menos, se não se procura estar. Santo Ambrósio
escreveu uma palavra forte: “onde está Pedro, ali está a Igreja.” Isto não
significa que Pedro seja, sozinho, toda a Igreja, mas que não pode haver Igreja
sem Pedro.
O primado de Pedro e de
seus sucessores está claro no Evangelho (cf. tb. Jo 21, 15). Pedro exerceu este
primado, como encontramos nos Atos dos Apóstolos (At. 1, 15; 2, 14; 3, 6; 10,
1; 9, 32; 15, 7-2). Pedro foi bispo de Roma, onde foi sepultado. Santo Inácio
de Antioquia refere-se à Igreja de Roma como a “que preside a aliança do amor.”
O Papa é o
representante de Cristo na terra (seu vigário), o fundamento da unidade da
Igreja.
A ordem de Jesus foi:
“Apascenta os meus cordeiros... apascenta as minhas ovelhas!” (Jo. 21, 15-17).
Era a investidura no supremo poder! A Igreja sem o Papa seria um barco sem
timoneiro!
Jesus quis fundar a sua
Igreja tendo Pedro e seus sucessores à frente dela. Em dois mil anos de Cristianismo,
até hoje, Pedro teve 266 sucessores! Pedro, Lino, Cleto, Clemente... João Paulo
II, Bento XVI, Francisco. Podemos dizer, ontem Pedro, hoje Francisco.
Agradeçamos a Deus por pertencermos à Igreja fundada por Cristo que é “Una,
Santa, Católica e Apostólica, edificada por Jesus Cristo, sociedade visível
instituída com órgãos hierárquicos e comunidade espiritual simultaneamente
(...); fundada sobre os Apóstolos e transmitindo de geração em geração a sua
palavra sempre viva e os seus poderes de Pastores no Sucessor de Pedro e nos
Bispos em comunhão com ele; perpetuamente assistida pelo Espírito Santo” (Paulo
VI, Credo do Povo de Deus).
Dizia São Josemaria
Escrivá: “O amor ao Romano Pontífice há de ser em nós uma bela paixão, porque
nele vemos Cristo.”
Também S. Paulo é hoje
apresentado na cadeia (2 Tm. 4, 6-8. 17-18), na sua última prisão que terminará
com o seu martírio. O Apóstolo está consciente da sua situação; porém, as suas
palavras não revelam amargura, mas a serena satisfação de ter gasto a sua vida
pelo Evangelho: “aproxima-se o momento de minha partida. Combati o bom combate,
completei a corrida, guardei a fé. Agora está reservada para mim a coroa da
justiça...” (2 Tm. 4, 6-8).
Paulo disse: “Escolheu-nos
antes da constituição do mundo” (Ef 1, 4). E continua: “chamou-nos com vocação
santa, não em virtude das nossas obras, mas em virtude do seu desígnio” (2 Tm. 1,
9).
A vocação é um dom que
Deus preparou desde toda a eternidade. Todos nós recebemos, de diversas
maneiras, uma chamada concreta para servir o Senhor. E ao longo da vida
chegam-nos novos convites para segui-Lo, e temos de ser generosos com Ele em
cada encontro. Temos de saber perguntar a Jesus na intimidade da oração, como
São Paulo: Que devo fazer, Senhor?, que queres que eu deixe por Ti?, em que
desejas que eu melhore? Neste momento da minha vida, que posso fazer por Ti?
O Senhor chama todos os
cristãos à santidade; e é uma vocação exigente, muitas vezes heróica, pois Ele
não quer seguidores tíbios, discípulos de segunda classe; se quiser ser
discípulo do Mestre, deve imprimir um sentido apostólico à sua vida: um sentido
que o levará a não deixar passar nenhuma oportunidade de aproximar os outros de
Cristo, que é aproximá-los da fonte de alegria, da paz e da plenitude.
Temos de pedir hoje a
São Paulo que saibamos converter em oportuna qualquer situação que se nos
apresente. Quem verdadeiramente ama a Cristo sentirá a necessidade de O dar a
conhecer, pois, como diz São Tomás de Aquino, aquilo que os homens muito
admiram divulgam-no logo, porque da abundância do coração fala a boca”.
Relembrando o ardor
missionário de São Pedro e São Paulo, que o Senhor nos conceda o mesmo
entusiasmo para sermos discípulos e missionários de Cristo.
A exemplo da Igreja
primitiva que rezava por Pedro, enquanto estava na prisão (At 12, 5), rezemos,
antes de tudo, para que Deus faça de nós cristãos verdadeiramente apostólicos,
solidamente ancorados à fé dos apóstolos Pedro e Paulo. Rezemos, também, pelo
sucessor de Pedro, hoje Francisco, para que Ele que o colocou em tal posição o
ilumine e o torne capaz de “confirmar os irmãos.”
Mons. José Maria Pereira
Paróquia São José de Itaipava
Diocese de Petrópolis, Rio de Janeiro
Tel: 55-24-2222-1224.
Nenhum comentário:
Postar um comentário