O Senhor da vida!
O
Evangelho do X Domingo (Lc 7, 11-17), nos apresenta Jesus que se encontra com
um cortejo fúnebre. Uma pobre viúva chora a morte do seu único filho. “Ao
vê-la, o Senhor compadeceu-se dela e disse-lhe: Não chores” (Lc 7, 13). E
movido pela compaixão, diz Jesus: “Jovem, Eu te ordeno, levanta-te” (Lc 7, 14).
Como à mãe pediu que não chorasse, ao filho morto ordena que se levante!
Somente quem é Senhor da vida pode falar desta maneira e com palavras que fazem
aquilo que exprimem! “O morto sentou-se e começou a falar. E Jesus entregou-o à
sua mãe” (Lc 7, 15).
Comentando
este fato do filho da viúva da Naim, diz São Josemaria Escrivá: “Explica o
evangelista que Jesus Se compadeceu: talvez a Sua comoção tivesse também sinais
externos, como pela morte de Lázaro. Jesus não era, nem é, insensível ao
sofrimento que nasce do amor, nem sente prazer em separar os filhos dos pais.
Supera a morte, para dar a vida, para que aqueles que se amam convivam [...].
Cristo
sabe que O rodeia uma grande multidão, a quem o milagre encherá de pasmo e que
há de ir apregoando o sucedido por toda aquela região. Mas o Senhor não age com
artificialismo, só para praticar um feito; sente-Se particularmente afetado
pelo sofrimento daquela mulher; não pode deixar de a consolar. Então,
aproximou-Se e disse-lhe: não chores (Lc 7,13). Que é como se lhe dissesse: não
te quero ver desfeita em lágrimas, pois Eu vim trazer à terra a alegria e a
paz. E imediatamente se dá o milagre, manifestação do poder de Cristo, Deus.
Mas antes já se dera a comoção da Sua alma, manifestação evidente da ternura do
coração de Cristo, Homem” (Cristo que passa, nº 166).
A
alegria da mãe ao recuperar vivo o seu filho recorda a alegria da Igreja pelos
seus filhos pecadores que retornam, pelo Sacramento da Confissão, à vida da
graça. Comenta Santo Agostinho: “A mãe viúva alegra-se com o seu filho
ressuscitado. A mãe Igreja alegra-se diariamente com os homens que ressuscitam
na sua alma. Aquele, morto quanto ao corpo, estes, quanto ao seu espírito.
Aquela morte visível chora-se visivelmente; a morte invisível destes nem chora
nem se vê. Busca estes mortos o que os conhece, o que os pode fazer regressar à
vida” (Sermo 98,2).
O
milagre que Jesus fez, ressuscitando o filho da viúva, nos dá um grande exemplo
dos sentimentos que devemos ter diante das desgraças alheias. Devemos aprender
de Jesus! E para termos um coração semelhante ao seu, devemos recorrer em
primeiro lugar à oração: “Temos de pedir ao Senhor que nos conceda um coração
bom, capaz de se compadecer das penas das criaturas, capaz de compreender que,
para remediar os tormentos que acompanham e não poucas vezes angustiam as almas
neste mundo, o verdadeiro bálsamo é o amor, a caridade: todos os outros
consolos apenas servem para distrair por um momento e deixar mais tarde um
saldo de amargura e desespero” (São Josemaria Escrivá, é Cristo que passa, nº
167).
Pois
bem, assim como o amor a Deus não se reduz a um sentimento, mas leva a obras
que o manifestem, assim também o nosso amor ao próximo deve ser um amor eficaz.
É o que nos diz S. João: “Não amemos com palavras e com a língua, mas com obras
e de verdade” (1 Jo 3,18).
Jesus
Cristo ao falar do Juízo, declarou: “Vinde benditos de meu Pai... tive fome e
me destes de comer...” (Mt 25, 31-40).
Peçamos
a Deus uma caridade vigilante, porque, para se conseguir a salvação é
necessário reconhecer Cristo que nos sai ao encontro nos nossos irmãos, os
homens. Todos os dias Ele sai ao nosso encontro: na família, no trabalho, na
rua... Ele, Jesus.
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