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Mons. José Maria Pereira
Neste Ano da Fé, proclamado pelo
Papa Bento XVI, somos convidados a revigorar a nossa fé e a testemunha-la no nosso meio.
O
atual Compêndio do Catecismo da Igreja Católica diz que “crer em Deus é aderir
ao próprio Deus, confiando nEle e assentindo a todas as verdades por Ele
reveladas, porque Deus é a própria verdade” (nº 27). E ao falar das
características da fé, diz que “a fé é um dom gratuito de Deus”... e “um ato
humano, ou seja, um ato da inteligência do homem que, sob o impulso da vontade,
movida por Deus, dá livremente o próprio consentimento à verdade divina” (nº
28).
Trata-se,
pois, de conhecer e aderir ao que Deus revela acerca de Si mesmo, bem como às
verdades que comunica sobre o ser mais íntimo do homem...
O
Compêndio, no nº 28, prossegue: “a fé está em contínuo crescimento graças em
particular à escuta da Palavra de Deus e à oração.”
Essa
escuta da Palavra de Deus é hoje realçada nas leituras bíblicas.
Na
Primeira Leitura (Ne 8, 2-10), encontramos o Povo reunido, em assembleia, lendo
e estudando a Palavra de Deus.
Já
em solo judaico, um dos sacerdotes, Esdras, explica ao povo o conteúdo da Lei
que tinham esquecido naqueles anos transcorridos em “terras estranhas”. Leu o
livro sagrado desde o amanhecer até o meio dia, e todos, de pé, seguiam a
leitura com atenção, e o povo inteiro chorava. É um pranto em que se misturam
naqueles homens a alegria de reconhecerem novamente a Lei de Deus e a tristeza
de perceberem que o seu antigo esquecimento da Lei fora a causa de que tivessem
sido desterrados.
A
Palavra interpela e provoca no povo uma atitude de conversão.
Diz
Santo Agostinho: “ Devemos ouvir o Evangelho como se o Senhor estivesse
presente e nos falasse. Não devemos dizer: “Felizes aqueles que puderam vê-Lo”.
Porque muitos dos que O viram crucificaram-no; e muitos dos que não O viram
creram nele. As mesmas palavras que saíam da boca do Senhor foram escritas, guardadas
e conservadas para nós”.
Em
todas as épocas da história, sobretudo em épocas de crise, os homens voltaram a
alimentar-se da Bíblia, procurando nela um sentido para a sua vida e o
encontraram.
S.
Paulo afirma: “Toda Escritura inspirada por Deus é útil para instruir e
refutar, para corrigir e formar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja
perfeito, qualificado para toda a espécie de boas obras”. (2Tm 15,4).
Só
se ama o que se conhece! Por isso, muitos cristãos reservam, todos os dias,
alguns minutos para lerem e meditarem o Evangelho, e assim chegam
espontaneamente a um conhecimento profundo e à contemplação de Jesus Cristo.
Seria
muito difícil amar a Cristo, conhecê-Lo de verdade, se não se escutasse
frequentemente a Palavra de Deus; se não se lesse o Evangelho com atenção,
todos os dias. Essa leitura – bastam cinco minutos diários - alimenta a nossa
piedade.
É
urgente que tenhamos, cada vez mais, mais contato com a Palavra de Deus!
O
Compêndio do Catecismo da Igreja Católica afirma: “A Sagrada Escritura dá
suporte e vigor à vida da Igreja. É para seus filhos firmeza da fé, alimento e
fonte de vida espiritual. É a alma da teologia e da pregação pastoral...
A
Igreja exorta, por isso, à frequente leitura da Sagrada Escritura, porque a
ignorância das escrituras é ignorância de Cristo” (nº 24).
Dizia
São João Crisóstomo: “Frequentemente, a ignorância é filha da preguiça.”
A
boa formação exige tempo e constância!
Nunca
devemos considerar-nos suficientemente formados, nunca devemos conformar-nos
com o conhecimento de Jesus Cristo e dos seus ensinamentos que já possuímos. O
amor pede que se conheçam mais coisas da pessoa amada. Na vida profissional, um
médico, um arquiteto, um advogado, se querem ser bons profissionais, nunca dão
por concluídos os seus estudos ao saírem da Faculdade; estão sempre em contínua
formação. Com o cristão acontece o mesmo. Pode-se aplicar-lhe também aquela
frase de S. Agostinho: “Disseste basta? Pereceste.”
Para
podermos dar a doutrina de Jesus Cristo, é preciso que a tenhamos no
entendimento e no coração: que a meditemos e a amemos.
Para
adquirirmos a doutrina busquemos, além da Palavra de Deus, um conhecimento
aprofundado do Catecismo da Igreja Católica, que neste Ano da Fé, está
celebrando os seus vinte anos que foi promulgado pelo Beato Papa João Paulo II.
A
vida de fé leva a um fluxo contínuo de aquisição e transmissão das verdades
reveladas: “Transmito-vos aquilo que recebi” (1 Cor 11,23). A fé da Igreja é fé
viva, porque é continuamente recebida e entregue. De Cristo aos Apóstolos,
destes aos seus sucessores.
Com
o salmistas repitamos: “Tua Palavra, Senhor, é lâmpada para meus pés, e luz
para meu caminho” (Sl 119, 105).
Ide
e ensinai... , diz o próprio Cristo a todos nós!
Que
bons alto-falantes não teria o Senhor se todos os cristãos se decidissem - cada
um no seu lugar - a proclamar a doutrina salvadora de Cristo, a ser elos dessa
corrente que se prolongará até o fim dos tempos!
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