A FESTA DA FÉ
Mons. José Maria Pereira
A Igreja celebra hoje a manifestação
de Jesus ao mundo inteiro. Epifania significa “manifestação”; e os Magos
representam os povos de todas as línguas e nações que se põem a caminho,
chamados por Deus, para adorar Jesus.
Na Vinda dos Magos a Belém, Jesus
inicia a reunião de todos os povos (Ev. Mt 2, 1-12).
O Profeta Isaías (Is 60, 1-6) descreve
a glória de Jerusalém para quem se levanta uma grande luz. Esta luz é Cristo, o
Messias Salvador. Ele será luz para Jerusalém e para a nova Jerusalém, a Igreja
e toda a humanidade.
A festa da Epifania incita todos os
fiéis a partilharem dos anseios e fadigas da Igreja que “ora e trabalha ao
mesmo tempo, para que a totalidade do mundo se incorpore ao Povo de Deus, Corpo
do Senhor e Templo do Espírito Santo” (LG. 17). Aqui temos o plano de Deus de
fazer toda a humanidade participante da salvação em Cristo! Esta é a boa-nova,
o Evangelho. Por isso, devemos hoje dar graças a Deus por nossa vocação cristã.
Para que isso aconteça é preciso que
trilhemos o caminho dos Magos. Qual será este caminho? Primeiramente é preciso
estarmos atentos aos sinais de Deus e termos o desejo de adorá-Lo.
“Onde está o rei dos judeus, que acaba
de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-Lo” (Mt 2,2). Em
segundo lugar, é preciso procurá-Lo, onde Ele se encontra! Depois, é preciso
partir sempre de novo, recomeçar, sair à procura! Então, a estrela há de
aparecer e pousar sobre o lugar onde se encontra o Menino. Serão momentos de
grande alegria!
Quem encontra Jesus Cristo muda de
caminho. Toma outro caminho. Um caminho novo, o caminho de Jesus Cristo que se apresenta como o Caminho (Jo 14,6).
Importa seguir a estrela que pousará
onde está Jesus Cristo. Precisamos estar atentos à estrela! A estrela são todos
os sinais de Deus para que encontremos o Messias Salvador. A Palavra de Deus,
os Sacramentos, o Magistério da Igreja, uma palavra do sacerdote ou de pessoas
amigas, os acontecimentos da vida. Devemos estar atentos para perceber a presença
da estrela. E mais: somos chamados a sermos estrelas, que vão indicando o
caminho ao próximo para que ele encontre o Messias Salvador. Há muitas maneiras
de sermos estas estrelas, dando testemunho de Jesus Cristo. Isso na família, na
Igreja e na sociedade.
Cada pessoa humana necessita de
estrelas que iluminem o seu caminho para o bem, para Deus.
Os Magos, ao chegarem a Belém,
ajoelharam-se diante do Menino e O adoraram. Abriram os seus cofres e lhe
ofereceram presentes... Não voltaram a Herodes, retornaram por outro caminho (Mt.
2, 11-12).
O encontrar Deus no menino transforma
a vida das pessoas (um chamado à conversão). Já não podem voltar a Herodes
(mal). Voltarão por outro caminho à sua região (Vida nova!).
Os Magos ofereceram ouro, incenso e
mirra. O ouro quer expressar o reconhecimento do poder régio de Jesus; o
incenso, a confissão de sua divindade e a mirra, o testemunho de que Ele se
fizera homem para a redenção do mundo.
A Epifania é a festa da fé e do
apostolado da fé. “Participam desta festa tanto os que já chegaram à fé como os
que se põem a caminho para alcançá-la. Participa desta festa a Igreja, que cada
ano se torna mais consciente da amplitude da sua missão. A quantos homens é
necessário levar ainda a fé! Quantos homens é preciso reconquistar para a fé
que perderam, numa tarefa que é às vezes mais difícil do que a primeira
conversão! No entanto, a Igreja, consciente desse grande dom, o dom da
Encarnação de Deus, não pode deter-se, não pode parar nunca. Deve procurar
continuamente o acesso a Belém para todos os homens e para todas as épocas. A
Epifania é a festa do desafio de Deus” (Beato João Paulo II, Homilia 6/1/1979).
Sejamos fiéis à nossa vocação cristã!
Todo cristão autêntico está sempre a caminho no próprio e pessoal itinerário de
fé e, ao mesmo tempo, com a pequena luz que traz dentro de si, pode e deve
servir de ajuda para quem se encontra ao seu lado e, talvez, sente dificuldade
de encontrar a estrada que conduz a Cristo.
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