A Missão de Todos
Mons. José Maria Pereira
O
Evangelho (Mc 9,38-48) relata-nos que João aproximou-se de Jesus para dizer-lhe
que tinham visto uma pessoa que expulsava os demônios em nome d’Ele. Como não
era do grupo que acompanhava o Mestre, tinham-no proibido de fazê-lo.Jesus
respondeu-lhes:”Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para
depois falar mal de mim. Estão com ciúme! Jesus reprova a intransigência e a
mentalidade exclusivista e estreita dos discípulos, e abri-lhes o horizonte e o
coração para um apostolado universal, variado e diversificado.
Diz
Jesus: “Quem não é contra nós é a nosso favor.” E, para testemunhar que tudo
aquilo que se faz em Seu nome tem sempre algum merecimento, acrescenta: “Se
alguém vos der a beber um copo de água, porque sois de Cristo, não ficará sem
receber a sua recompensa.” A mais insignificante obra de misericórdia feita por
amor a Cristo terá a recompensa, ainda que seja feita por alguém que ainda não
pertence à comunidade. E, se é feita em favor dos irmãos ou de quem, na Igreja,
é representante do Senhor, Ele aceitará e recompensará como se fosse feita a Si
mesmo (Mt 10, 40-42).
Nós,
cristãos, não temos mentalidade de partido único, de quem condena formas
apostólicas diferentes daquelas que, por formação e modo de ser, se sente
chamado a realizar. A única condição -dentro da grande variedade de modos de
levar Cristo às almas - é a unidade no essencial, naquilo que pertence ao
núcleo fundamental da Igreja.
Quais
os critérios para discernirmos se uma determinada associação mantém a comunhão
com a Igreja? Entre os critérios, diz o Beato João Paulo II, encontra-se a
primazia que se deve dar à vocação de cada cristão para a santidade, que tem
como fruto principal a plenitude de vida cristã e a perfeição da caridade.
Neste sentido, as associações de leigos estão chamadas a ser instrumento de
santidade na Igreja.
Outro
critério apontado pelo Papa é o apostolado, que deve antes de mais nada
proclamar a verdade sobre Cristo, sobre a Igreja e sobre o homem, em filial
obediência ao Magistério da Igreja que a interpreta autenticamente. Trata-se de
uma participação no fim sobrenatural da Igreja, que tem como objetivo a
salvação de todos os homens. Todos os cristãos participam desse único fim
missionário...
Se
somos cristãos verdadeiros, embora às vezes sejamos muito diferentes uns dos
outros, nos sentiremos comprometidos a levar para Deus a sociedade em que
vivemos e da qual fazemos parte. E nos será fácil aceitar modos de ser e de
atuar bem diferentes dos nossos. Como nos alegramos de que o Senhor seja
anunciado de formas tão diversas! Isto é o que realmente importa: que Cristo
seja conhecido e amado.
O
Evangelho (Boa Nova) deve chegar a todos os cantos da terra! E para o
cumprimento desta tarefa, o Senhor conta com a colaboração de todos: homens e
mulheres, sacerdotes e leigos, jovens e anciãos, solteiros e casados,
religiosos... conforme tenham sido chamados por Deus, com iniciativas que
nascem da riqueza da inteligência humana e do impulso sempre novo do Espírito
Santo.
Todo
cristão é chamado a dilatar o Reino de Cristo, e qualquer circunstância é boa
para levar a cabo essa tarefa. Diz o Concílio Vaticano II: “onde quer que o
Senhor abra uma porta à palavra para proclamar o mistério de Cristo a todos os
homens, anuncie-se com confiança e sem cessar o Deus vivo e Jesus Cristo,
enviado por Ele para a salvação de todos” (Decreto Ad Gentes,13).
“Conservemos
a doce e reconfortante alegria de evangelizar, mesmo quando temos de semear
entre lágrimas” (Papa Paulo VI, Evangelii Nuntiandi).
Nós,
que recebemos o dom da fé, sentimos a necessidade de comunicá-la aos outros,
fazendo-os participar do grande achado da nossa vida. Esta missão como se vê na
vida dos primeiros cristãos, não é da competência exclusiva dos pastores de almas,
mas tarefa de todos, de cada um segundo as suas circunstâncias particulares e a
chamada que recebeu do Senhor.
É
nesta direção que o Doc. de Aparecida nos aponta: “Conhecer a Jesus Cristo pela
fé é nossa alegria; segui-Lo é uma graça, e transmitir este tesouro aos demais
é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher” (A,18)
Celebramos
hoje o DIA DA BÍBLIA.
A
Palavra de Deus sempre nos oferece uma luz para as mais diversas situações de
nossa vida. “Por isso, como discípulos e missionários de Jesus, queremos e
devemos proclamar o Evangelho, que é o próprio Cristo. Os cristãos somos
portadores de boas novas para a humanidade, não profetas de desventuras” (Doc.
de Aparecida,30).
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