XXVI DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B
(30/09/2018)
MISSÃO DE TODOS
O Evangelho (Mc 9,38-48), relata-nos que João aproximou-se
de Jesus para dizer-lhe que tinham visto uma pessoa que expulsava os demônios
em nome d’Ele. Como não era do grupo que acompanhava o Mestre, tinham-no
proibido de fazê-lo.Jesus respondeu-lhes:”Não o proibais, pois ninguém faz
milagres em meu nome para depois falar mal de mim. Estão com ciúme! Jesus
reprova a intransigência e a mentalidade exclusivista e estreita dos
discípulos, e abri-lhes o horizonte e o coração para um
apostolado universal, variado e diversificado.
Diz Jesus: “Quem não é contra nós é a nosso favor.” E, para
testemunhar que tudo aquilo que se faz em Seu nome tem sempre algum
merecimento, acrescenta: “Se alguém vos der a beber um copo de água, porque
sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa.” A mais insignificante
obra de misericórdia feita por amor a Cristo terá a recompensa, ainda que seja
feita por alguém que ainda não pertence à comunidade. E, se é feita em favor
dos irmãos ou de quem, na Igreja, é representante do Senhor, Ele aceitará e recompensará
como se fosse feita a Si mesmo (Mt 10, 40-42).
Vale a pena destacar e refletir mais no Evangelho de hoje:
Um fulano que não era um dos seguidores de Jesus, e tinha expulso demônios no
seu nome. O apóstolo João, jovem e zeloso como era, queria impedi-lo, mas Jesus
não permitiu que João impedisse o fulano de expulsar demônios e, aliás,
inspira-se naquela ocasião para ensinar aos seus discípulos que Deus pode
realizar coisas boas e até prodigiosas, mesmo fora do seu círculo, e que se
pode colaborar para a causa do Reino de Deus de vários modos, também oferecendo
um simples copo de água a um missionário ( Mc 9, 41 ). A este propósito, Santo
Agostinho escreve: “Como na Católica --
ou seja, na Igreja – é possível encontrar o que não é católico, assim fora da
Católica pode existir algo de católico” ( Agostinho, Sobre o batismo contra os
donatistas: PL 43, Vll, 39, 77 ). Por isso, os membros da Igreja não devem ter
inveja, mas alegrar-se se alguém fora da comunidade realiza o bem em nome de
Cristo, contanto que o faça com intenção reta e com respeito. Também no
interior da própria Igreja, às vezes pode acontecer que haja dificuldade de
valorizar e apreciar, num espírito de profunda comunhão, as coisas boas
realizadas pelas várias realidades eclesiais. No entanto, todos nós devemos ser
sempre capazes de nos apreciarmos e estimarmos reciprocamente, louvando o
Senhor pela “fantasia” infinita com que Ele age na Igreja e no mundo.
Quem vos der a beber um copo de água porque sois de Cristo,
não ficará sem receber a sua recompensa, disse Jesus. O valor e o mérito das
obras boas está principalmente no amor a Deus com que se realizam: “Um pequeno
ato, feito por Amor, quanto não vale!” (Caminho, 814). Deus recompensa,
sobretudo, as ações de serviço aos outros, por pequenas que pareçam: “Vês esse
copo de água ou esse pedaço de pão que uma mão caritativa dá a um pobre por
amor de Deus? Pouca coisa é na realidade e quase não estimável para o juízo
humano; mas Deus recompensa-o e concede imediatamente por isso aumento a caridade”
(Tratado do amor de Deus, livro 3, cap. 2).
Jesus, depois de ter ensinado a obrigação de evitar o
escândalo aos outros, coloca agora as bases da doutrina moral cristã sobre a
ocasião de pecado; a doutrina do Senhor é imperiosa: o homem está obrigado a
afastar e evitar a ocasião próxima de pecado, como o próprio pecado, segundo o
que já tinha dito Deus no Antigo Testamento: “Que ama o perigo nele cairá”
(Eclo 3, 27). O bem eterno da nossa alma é superior a qualquer estima de bens
temporais. Portanto, tudo aquilo que nos põe em perigo próximo de pecado deve
ser cortado e arrancado de nós. Esta forma de falar – tão gráfica- do Senhor
deixa bem claro a gravidade dessa situação.
Nós, cristãos, não temos mentalidade de partido único, de
quem condena formas apostólicas diferentes daquelas que, por formação e modo de
ser, se sente chamado a realizar. A única condição -- dentro da grande
variedade de modos de levar Cristo às almas – é a unidade no essencial, naquilo
que pertence ao núcleo fundamental da Igreja.
Quais os critérios para discernirmos se uma determinada
associação mantém a comunhão com a Igreja? Entre os critérios, diz o São João
Paulo II, encontra-se a primazia que se deve dar à vocação de cada cristão para
a santidade, que tem como fruto principal a plenitude de vida cristã e a
perfeição da caridade. Neste sentido, as associações de leigos estão chamadas a
ser instrumento de santidade na Igreja.
Outro critério apontado pelo Papa é o apostolado, que deve
antes de mais nada proclamar a verdade sobre Cristo, sobre a Igreja e sobre o
homem, em filial obediência ao Magistério da Igreja que a interpreta
autenticamente. Trata-se de uma participação no fim sobrenatural da Igreja, que
tem como objetivo a salvação de todos os homens. Todos os cristãos participam
desse único fim missionário.
Se somos cristãos verdadeiros, embora às vezes sejamos muito
diferentes uns dos outros, nos sentiremos comprometidos a levar para Deus a
sociedade em que vivemos e da qual fazemos parte. E nos será fácil aceitar
modos de ser e de atuar bem diferentes dos nossos. Como nos alegramos de que o
Senhor seja anunciado de formas tão diversas! Isto é o que realmente importa:
que Cristo seja conhecido e amado.
O Evangelho (Boa Nova) deve chegar a todos os cantos da
terra! E para o cumprimento desta tarefa, o Senhor conta com a colaboração de
todos: homens e mulheres, sacerdotes e leigos, jovens e anciãos, solteiros e
casados, religiosos… conforme tenham sido chamados por Deus, com iniciativas
que nascem da riqueza da inteligência humana e do impulso sempre novo do
Espírito Santo.
Todo cristão é chamado a dilatar o Reino de Cristo, e
qualquer circunstância é boa para levar a cabo essa tarefa. Diz o Concílio
Vaticano II: “onde quer que o Senhor abra uma porta à palavra para proclamar o
mistério de Cristo a todos os homens, anuncie-se com confiança e sem cessar o
Deus vivo e Jesus Cristo, enviado por Ele para a salvação de todos” (Decreto Ad
Gentes,13).
“Conservemos a doce e reconfortante alegria de evangelizar,
mesmo quando temos de semear entre lágrimas” (Papa Paulo VI,
EvangeliiNuntiandi).
Nós, que recebemos o dom da fé, sentimos a necessidade de
comunicá-la aos outros, fazendo-os participar do grande achado da nossa vida.
Esta missão como se vê na vida dos primeiros cristãos, não é da competência
exclusiva dos pastores de almas, mas tarefa de todos, de cada um segundo as
suas circunstâncias particulares e a chamada que recebeu do Senhor.
É nesta direção que o Doc. de Aparecida nos aponta:
“Conhecer a Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-Lo é uma graça, e
transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos
chamar e nos escolher” (A,18).
Celebramos hoje o DIA DA BÍBLIA.
A Palavra de Deus sempre nos oferece uma luz para as mais
diversas situações de nossa vida. “Por isso, como discípulos e missionários de
Jesus, queremos e devemos proclamar o Evangelho, que é o próprio Cristo. Os
cristãos somos portadores de boas novas para a humanidade, não profetas de
desventuras” (Doc. de Aparecida,30).
Inspirados na mensagem do Evangelho, por intercessão de
Maria Santíssima, oremos para que saibamos alegrar-nos por cada gesto e
iniciativa de bem, sem inveja nem ciúmes, utilizando sabiamente os bens
terrenos na busca contínua dos bens eternos.
SCE Região Rio II
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