III DOMINGO DA PÁSCOA – ANO B
(15/04/2018)
TESTEMUNHAS DE CRISTO
TESTEMUNHAS DE CRISTO
No Tempo Pascal a liturgia oferece – nos numerosos
estímulos para fortalecer a nossa fé em Cristo ressuscitado.
No Evangelho (Lc 24, 35-48), São Lucas narra como os dois discípulos de Emaús, depois de O
terem reconhecido “ao partir o pão”, se dirigiram cheios de alegria a Jerusalém
para informar os outros de quanto tinha acontecido. E precisamente quando
estavam a falar, o próprio Senhor fez – se presente mostrando as mãos e os pés
com os sinais da Paixão. Diante da admiração incrédula dos Apóstolos, Jesus
pediu peixe assado e comeu – o diante deles. Cristo vai ao encontro deles para
fortalecer-lhes a fé e dizer-lhes: “Vós sereis testemunhas de tudo isso” (Lc 24,48).
A seguir passa a interpretar as Escrituras: “Era preciso que
se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e
nos Salmos”. Então abriu-se-lhes a mente para que entendessem as Escrituras, e
disse-lhes: “Assim está escrito que o Messias devia sofrer e ressuscitar dos
mortos ao terceiro dia, e que, em seu nome, fosse proclamada a conversão para a
remissão dos pecados a todas as nações, a começar por Jerusalém. Vós sois
testemunhas disso”.
O Salvador garante – nos a sua Presença Real entre nós, por
meio da Palavra e da Eucaristia. Por conseguinte, assim como os discípulos de
Emaús reconheceram Jesus ao partir o Pão ( Lc 24, 35 ), também nós encontramos
o Senhor na Celebração Eucarística. Explica São Tomás de Aquino que “é necessário
reconhecer segundo a fé católica, que Cristo está inteiramente Presente neste
Sacramento, (...) porque a divindade deixou o corpo que adquiriu” ( S. Tomás,
lll, q. 76, a. 1).
A Eucaristia, o lugar privilegiado no qual a Igreja
reconhece “o Autor da Vida” ( At 3, 15 ), é “a Fração do Pão”, como é chamada
nos Atos dos Apóstolos. Nela, mediante a fé, entramos em comunhão com Cristo, que é “altar, vítima e
sacerdote” e está no meio de nós. Reunimo–nos em volta d’Ele para fazer memória de suas palavras e
dos acontecimentos contidos na Escritura; revivemos a sua Paixão, Morte e
Ressurreição. Celebrando a Eucaristia comunicamos com Cristo, vítima de
expiação, e d’Ele obtemos perdão e vida. O que seria a nossa vida de cristãos
sem a Eucaristia? A Eucaristia é a herança perpétua e viva que o Senhor nos
deixou no Sacramento do seu Corpo e do
seu Sague, que devemos constantemente reconsiderar e aprofundar para que, como
afirmava o Papa, agora São Paulo Vl, possa “imprimir a sua inexaurível eficácia
sobre todos os dias da nossa vida mortal”.
Jesus aponta a MISSÃO: “Sereis minhas testemunhas”.
Esta missão impossível é aquilo que vemos realizar-se no
trecho bíblico de At 3, 13-19. Na manhã de Pentecostes, Pedro diz ao povo de
Jerusalém: Matastes o Príncipe da Vida, mas Deus o ressuscitou dentre os
mortos: disso nós somos testemunhas […].
Arrependei-vos, portanto,
convertei-vos, para que vossos pecados sejam apagados. Embora tendo ficado
poucos e sozinhos, com o encargo de pregar o Evangelho em todo o mundo (Mc
16,15), os apóstolos não desanimam; sabiam que sua missão era uma só: dar
testemunho do que tinham ouvido e visto cumprir-se em Jesus de Nazaré; o resto
o teria feito Ele mesmo agindo junto com eles e confirmando Sua Palavra com os
prodígios (At 1,22). A este Jesus, Deus o ressuscitou: do que todos nós somos
testemunhas é o resumo de sua pregação (At 2,32; 5,15; 10, 40). Nós vimos a
Vida e lhe damos testemunho ( 1Jo 1,2).
Esse testemunho levou a todos, um depois do outro, ao
martírio; no entanto, porém, em poucos decênios se cumpriu aquilo que antes
parecia uma missão impossível aos homens a divulgação do Evangelho em todo o
mundo, fazendo discípulos todos os povos.
Os apóstolos não demoraram a descobrir que não estavam
sozinhos para dar testemunho de Jesus; outra testemunha, silenciosa, mas
irresistível, se unia a eles toda vez que falavam de Jesus, o Espírito Santo:
Deste fato nós somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus deu a todos
aqueles que lhe obedecem (At 5,32). O Espírito da Verdade, que procede do Pai-
tinha predito Jesus -, ele dará testemunho de mim. Também vós dareis testemunho
(Jo 15,26).
Ser testemunha é conhecer, viver e anunciar a mensagem de
amor, que Cristo trouxe.
A Ressurreição de Jesus, no Evangelho, aparece como um fato
real, mas assim mesmo os apóstolos não conseguiam acreditar facilmente. O
caminho foi longo, difícil, penoso, carregado de dúvidas e incertezas.
O caminho espiritual para chegar à fé continua o mesmo. “Tocai em mim”, diz Jesus. O gesto de tocar nos ensina que o
encontro dos discípulos com Jesus ressuscitado foi um fato real e palpável.
Também o Ressuscitado revela o sentido profundo das
Escrituras.
Cada um de nós, a comunidade, deve reunir-se com Jesus
ressuscitado para escutar a Palavra, que sempre ilumina a nossa vida e nos
ajuda a descobrir os caminhos de Deus na história…
Os discípulos recebem a MISSÃO de serem testemunhas de tudo
isso. A raiz da Missão é o Encontro com o Ressuscitado e a
compreensão das Escrituras. Cristo continua precisando, ainda hoje, de testemunhas.
O Concílio Vaticano II fala dos bispos e sacerdotes como
“testemunhas de Cristo e do Evangelho” (LG, 21.25).
Porém, quando refere-se aos leigos diz que eles também são
testemunhas da ressurreição de Cristo. “Cada leigo deve ser diante do mundo uma
testemunha da ressurreição e da vida de Jesus, um sinal do Deus vivo” (LG 38).
Todos somos chamados a ser testemunhas da presença do
Ressuscitado, através de nossas palavras e ações.
Cristo, ainda hoje, continua nos lembrando: “Vocês também
devem ser minhas testemunhas!”
Nos dias seguintes
à Ressurreição do Senhor, os Apóstolos permaneceram reunidos entre si,
confortados pela presença de Maria, e depois da Ascensão perseveraram
juntamente com Ela em orante expectativa do Pentecostes. Nossa Senhora foi para
eles mãe e mestra, papel que continua a desempenhar para os cristãos de todos
os tempos.
Que a Mãe de Deus nos ajude a escutar com atenção a Palavra
do Senhor e a participar dignamente da Mesa do Sacrifício Eucarístico, para nos
tornarmos testemunhas da humanidade nova.
Confiemos a Maria as necessidades da Igreja e do mundo
inteiro, especialmente neste momento marcado por não poucas sombras.
Que Maria, Rainha do Céu, interceda a Deus Pai por nosso
país, pelo mundo inteiro!
Rainha da Paz: Rogai por nós!
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