Homilia do Mons. José Maria
– Solenidade de Cristo Rei (Ano C)
Um Rei na Cruz
Com a Solenidade de Cristo, Rei do Universo,
encerramos o Ano Litúrgico. No próximo domingo, dia 27 de novembro, será o
primeiro domingo do Advento, um novo Ano Litúrgico, início da preparação para o
Natal. Ainda que as festas da Epifania, Páscoa e Ascensão sejam também festas
de Cristo Rei e Senhor de todas as coisas criadas, a festa de hoje foi
especialmente instituída para nos mostrar Jesus como único soberano de uma sociedade
que parece querer viver de costas para Deus.
Jesus veio ao mundo para buscar e
salvar o que estava perdido; veio em busca dos homens dispersos e afastados de
Deus pelo pecado. E como estavam feridos e doentes, curou-os e vendou-lhes as
feridas. Tanto os amou que deu a vida por eles. Como Rei, vem para revelar o
amor de Deus, para ser o Mediador da Nova Aliança, o Redentor do homem. No
Prefácio da Missa fala-se de Jesus que ofereceu ao Pai “um reino de verdade e
de vida, de santidade e de graça, de justiça, de amor e de paz”.
Assim é o Reino de Cristo, do qual
somos chamados a participar e que somos convidados a dilatar mediante um
apostolado fecundo. O Senhor deve estar presente nos nossos familiares, amigos,
vizinhos companheiros de trabalho… “Perante os que reduzem a religião a um
cúmulo de negações, ou se conformam com um catolicismo de meias-tintas; perante
os que querem por o Senhor de cara contra a parede, ou colocá-Lo num canto da
alma…, temos de afirmar, com as nossas palavras e com as nossas obras, que
aspiramos a fazer de Cristo um autêntico Rei de todos os corações…, também dos
deles” (São JosemariaEscrivá, Sulco, nº 608).
Disse o Papa São João Paulo II: “A
Igreja tem necessidade sobretudo de grandes correntes, movimentos e testemunhos
de santidade entre os fiéis, porque é da santidade que nasce toda a autêntica
renovação da Igreja, todo o enriquecimento da fé e do seguimento cristão, uma
re-atualização vital e fecunda do cristianismo com as necessidades dos homens,
uma renovada forma de presença no coração da existência humana e da cultura das
nações”.
A atitude do cristão não pode ser de
mera passividade em relação ai reinado de Cristo no mundo. Nós desejamos
ardentemente esse reinado. É necessário que Cristo reine em primeiro lugar na
nossa inteligência, mediante o conhecimento da sua doutrina e o acatamento
amoroso dessas verdades reveladas. É necessário que reine na nossa vontade,
para que se identifique cada vez mais plenamente com a vontade divina. É
necessário que reine no nosso coração, para que nenhum amor se anteponha ao
amor de Deus. É necessário que reine no nosso corpo, templo do Espírito Santo;
no nosso trabalho profissional, caminho de santidade… Convém que Ele
reine!”(Papa Pio XI).
Cristo é um Rei que recebeu todo o
poder no Céu e na terra, e governa sendo manso e humilde de coração, servindo a
todos, porque não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para
a redenção de muitos.
O Evangelho (Lc 23, 35-43) apresenta
o Rei no trono da Cruz; Cristo não aparece sentado num trono de ouro, mas
pregado numa cruz, com uma coroa de espinhos na cabeça, com uma irônica
inscrição pregada na cruz: “Jesus Nazareno Rei dos Judeus”.
A cruz é o trono, em que se manifesta plenamente a
realeza de Jesus, que é perdão e vida plena para todos. A cruz é a expressão
máxima de uma vida feita Amor e entrega.
Na oração do Pai Nosso Jesus nos
ensina a pedir: “Venha a nós o vosso Reino”.
Jesus nos convida a fazer parte desse Reino e a
trabalhar para que esse Reino chegue ao coração de todos.
Um ladrão foi o primeiro a reconhecer
a sua realeza:“ Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino” ( Lc 23,
42).
Hoje ouvimos o Senhor dizer-nos na
intimidade do nosso coração: “Eu tenho sobre ti desígnios de paz e não de
aflição” ( Jr 29, 11). E fazemos o propósito de corrigir no nosso coração o que
não estiver de acordo com o querer de Cristo.
Ao mesmo tempo, pedimos-lhe que nos
reforce a vontade de colaborar na tarefa de estender o seu reinado ao nosso
redor e em tantos lugares em que ainda não o conhecem.
“Venha a nós o vosso Reino”.
Que esse Reino venha de fato ao nosso
coração e ao coração de todos os homens: Reino de Verdade e de Vida; Reino de
Santidade e de Graça; Reino de Justiça, de Amor e de Paz…
Sejamos mensageiros desse Reino, na
família, na rua, na sociedade, no ambiente de trabalho… E, que Maria, a Mãe
Santa do nosso rei, Rainha da Paz, Rainha do nosso coração, cuide de nós como
só Ela o sabe fazer!
Mons. José Maria Pereira
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