Missão do Espírito Santo
Mons. José Maria Pereira
Com a
Solenidade de Pentecostes encerramos o Tempo Pascal.
Pentecostes
era uma das grandes festas judaicas; muitos israelitas iam nesses dias em
peregrinação a Jerusalém, para adorar a Deus no Templo. A origem da festa
remontava a uma antiqüíssima celebração em que se davam graças a Deus pela
safra do ano, em vésperas de ser colhida. Depois acrescentou-se a essa
comemoração, que se celebrava cinqüenta dias depois da Páscoa, a da promulgação
da Lei dada por Deus no monte Sinai. Por desígnio divino, a colheita material
que os judeus festejavam com tanto júbilo converteu-se, na Nova Aliança, numa
festa de imensa alegria: a vinda do Espírito Santo com todos os seus dons e
frutos.
Hoje é a
plenitude do Mistério Pascal, com o Dom do Espírito Santo à Igreja. É o
nascimento da Igreja. O Pentecostes é o cumprimento da promessa de Jesus: “...
se Eu for, enviá-lo-ei” (Jo 16,7);
A vinda do
Espírito Santo no dia de Pentecostes não foi um acontecimento isolado na vida
da Igreja. O Paráclito santifica-a continuamente, como também santifica cada
alma, através das inúmeras inspirações que se escondem em “todos os atrativos,
movimentos, censuras e remorsos interiores, luzes e conhecimentos que Deus
produz em nós, prevenindo o nosso coração com as suas bênçãos, pelo seu cuidado
e amor paternal, a fim de nos despertar, mover, estimular para o amor
celestial, para as boas resoluções, para tudo aquilo que, numa palavra, nos
conduz à nossa vida eterna. A sua ação na alma é suave e aprazível; Ele vem
salvar, curar, iluminar,” (São Francisco de Sales).
No dia de
Pentecostes, os Apóstolos foram robustecidos na sua missão de anunciarem a Boa
Nova a todos os povos. Todos os cristãos têm desde então a missão de anunciar,
de cantaras maravilhas que Deus fez no seu Filho e em todos aqueles que crêem
nEle. Somos agora um povo santo para publicar as grandezas dAquele que nos
tirou das trevas para a sua luz admirável.
Ao
compreendermos a grandeza da nossa missão, compreendemos também que ela depende
da nossa correspondência às moções do Espírito Santo, e sentimo-nos
necessitados de pedir-lhe freqüentemente que lave o que está manchado, regue o
que está seco, cure o que está doente, acenda o que está morno, retifique o que
está torcido. Porque sabemos bem que no nosso interior há manchas, e partes que
não dão todo o fruto que deveriam porque estão secas, e partes doentes, e
tibieza e também pequenos desvios, que é necessário retificar.
Não se pode
conceber vida cristã nem Igreja sem a presença e a ação do Espírito Santo.
Depois que
Jesus completou a sua obra, constituído Senhor a partir de sua ressurreição,
envia ao mundo o seu Espírito, o Espírito do Pai. Conforme São João (Cf. Jo
20,19-23), Jesus comunica o seu Espírito, o mesmo Espírito que Ele entregou ao
Pai no dia da ressurreição. Para isso, sopra sobre eles, transmitindo-lhes a
vida nova, a força, o Espírito Santo: “Recebi o Espírito Santo...” e o Dom do
Perdão e da Reconciliação.
O Espírito
Santo nos conduz à vida de oração. A vida cristã requer um diálogo constante
com Deus Uno e Trino, e é a essa intimidade que o Espírito Santo nos conduz.
Acostumemo-nos a procurar o convívio com o Espírito Santo, que é quem nos há de
santificar; a confiar nEle, a pedir a sua ajuda, a senti-lo perto de nós. Assim
se irá dilatando o nosso pobre coração, teremos mais ânsias de amar a Deus e,
por Ele, a todas as criaturas.
A chama do
Espírito Santo transformou totalmente os apóstolos... Que essa mesma chama
ilumine e aqueça a nossa vida no caminho da Unidade, do Bem e da Verdade...
“O Espírito Santo vem em socorro à nossa
fraqueza”, diz S. Paulo (Rom. 8,26). Diz São João da Cruz que o Espírito Santo,
com a sua chama está ferindo a alma, gastando e consumindo-lhe as imperfeições
dos seus maus hábitos.
Para chegarmos
a um convívio mais íntimo com o Espírito Santo, aproximemo-nos da Virgem Maria,
que soube secundar como ninguém as inspirações do Espírito Santo. “Perseveravam
unânimes na oração, com algumas mulheres e com Maria, a Mãe de Jesus” (At
1,14).
Rezemos hoje
com a Igreja: Deus eterno e todo-poderoso, quisestes que o mistério pascal se
completasse durante cinquenta dias, até a vinda do Espírito Santo. Fazei que
todas as nações dispersas pela terra, na diversidade de suas línguas, se unam
no louvor do vosso nome.
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