A
Promessa de Jesus
Mons.
José Maria Pereira
Estamos no último domingo antes da Ascensão, que encerra
a presença humana de Cristo na terra.A Igreja celebra nos próximos dias duas
grandes festas: Ascensão e Pentecostes; convida-nos a ter os olhos postos no
Céu, a Pátria definitiva a que o Senhor nos chama.
O Evangelho (Jo 14, 23-29) apresenta o final do discurso
da despedida. Cristo promete aos seus discípulos enviar o Espírito Santo: “Ele
vos ensinará e recordará tudo o que vos tenho dito.”
O
Senhor prometera aos seus discípulos que, passado um pouco de tempo, estaria
com eles para sempre. “Ainda um pouco de tempo e o mundo já não me verá. Vós,
porém, tornareis a ver-me...” (Jo 14,19-20). O Senhor cumpriu a sua promessa
nos dias em que permaneceu junto dos seus após a Ressurreição, mas essa
presença não terminará quando subir com o seu Corpo glorioso ao Pai, pois pela
sua Paixão e Morte nos preparou um lugar na casa do Pai, “onde há muitas
moradas. Voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, estejais vós
também” (Jo 14,2-3). Os
Apóstolos, que se tinham entristecido com a predição das negações de Pedro, são
confortados com a esperança do Céu. A volta a que Jesus se refere inclui a sua
segunda vinda no fim do mundo e o encontro com cada alma quando se separar do
corpo. A nossa morte será precisamente o encontro com Cristo, a quem procuramos
servir nesta vida e que nos levará à plenitude da glória. Será o encontro com
Aquele com quem falamos na nossa oração, com quem dialogamos tantas vezes ao
longo do dia. Da
Oração, do trato habitual com Jesus Cristo, nasce o desejo de nos encontrarmos
com Ele. A fé purifica muitas das asperezas da morte. O amor ao Senhor muda
completamente o sentido desse momento final que chegará para todos. O pensamento
do Céu nos ajudará a superar os momentos difíceis. É muito agradável a Deus que
fomentemos a virtude da esperança, que está unida à fé e ao amor, e que em
muitas ocasiões nos será necessária. Ensinou São Josemaria Escrivá: “À hora da
tentação, pensa no Amor que te espera no Céu. Fomenta a virtude da esperança,
que não é falta de generosidade” (Caminho, nº 139). Devemos fomentá-la nos
momentos em que a dor e a tribulação se tornarem mais fortes, quando nos custar
ser fiéis ou perseverar no trabalho ou no apostolado. O prêmio é muito grande!
Está no dobrar da esquina, dentro de não muito tempo. A meditação sobre o Céu
deve também estimular-nos a ser mais generosos na nossa luta diária “porque a
esperança do prêmio conforta a alma para que empreenda boas obras”( S. Cirilo
de Jerusalém). O pensamento desse encontro definitivo de amor a que fomos
chamados nos ajudará a estar mais vigilantes nas nossas tarefas grandes e nas
pequenas, realizando-as de um modo acabado, como se fossem as últimas antes de
irmos para o Pai. O
pensamento do Céu, agora que estamos próximos da festa da Ascensão, deve
levar-nos a uma luta decidida e alegre por tirar os obstáculos que se interpõem
entre nós e Cristo, deve estimular-nos a procurar sobretudo os bens que
perduram e a não desejar a todo custo as consolações que acabam. Jesus
promete aos discípulos o envio de um defensor (Jo 14, 16-17), de um
intercessor, que irá animar a comunidade cristã e conduzi-la ao longo da sua
história. Trata-se do Paráclito que é o nosso Consolador enquanto caminhamos
neste mundo no meio de dificuldades e sob a tentação da tristeza. “Por maiores
que sejam as nossas limitações, nós, homens, podemos olhar com confiança para
os Céus e sentir-nos cheios de alegria: Deus ama-nos e liberta-nos dos nossos
pecados. A presença e a ação do Espírito Santo na Igreja são o penhor e a
antecipação da felicidade eterna, dessa alegria e dessa paz que Deus nos
prepara” (Cristo que passa, nº 128). Invoquemos sempre o Espírito Santo! Ele é
a força que nos anima e sustenta na caminhada cotidiana e nos revela a verdade
do Pai.
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