A Ascensão de Jesus!
Mons. José Maria
Pereira
A Igreja
celebra a festa da Ascensão do Senhor... Os últimos momentos de Jesus junto aos
apóstolos e a volta de Cristo ao Pai... É a sua entrada oficial na glória que
lhe correspondia como ressuscitado, depois das humilhações do Calvário; é a
volta ao Pai anunciada por Si no dia de Páscoa; “ Vou subir para Meu e vosso
Pai, Meu e vosso Deus” (Jo 20,17). E aos
discípulos de Emaús: “Não tinha o Messias de sofrer essas coisas para entrar na
sua glória?” (Lc 24,26).
A vida de
Jesus na terra não termina com a sua morte na Cruz, mas com a Ascensão aos
céus. É o último mistério da vida do Senhor aqui na terra. É um mistério
redentor, que constitui, com a Paixão, a Morte e a Ressurreição, o mistério
pascal. Convinha que os que tinham visto Cristo morrer na Cruz, entre os
insultos, desprezos e escárnios, fossem testemunhas da sua exaltação suprema.
Comentando
sobre a Ascensão, ensina São Leão Magno: ”Hoje não só fomos constituídos
possuidores do paraíso, mas com Cristo ascendemos, mística mais realmente, ao
mais alto dos céus, e conseguimos por Cristo uma graça mais inefável que a que
havíamos perdido.”
A Ascensão
fortalece e estimula a nossa esperança de alcançarmos o Céu e incita-nos
constantemente a levantar o coração a fim de procurarmos as coisas que são do
alto. Agora a nossa esperança é muito grande, pois o próprio Cristo foi
preparar-nos uma morada.
O Senhor está
já no Céu com o seu Corpo glorificado, com os sinais do seu Sacrifício
redentor, com as marcas da Paixão que Tomé pôde contemplar e que clamam pela
salvação de todos nós.
A Ascensão se
nos apresenta, assim, não tanto como uma festa da partida de Jesus deste mundo
quanto como a festa de sua permanência aqui na terra. Ele, com efeito, não
deixou este nosso universo. “Não
abandonou o céu quando de lá desceu até nós e nem se afastou de nós quando
novamente subiu ao céu. Ele é exaltado acima dos céus: todavia, sofre aqui na
terra todos os dissabores que nós, seus membros, suportamos. Disto deu
testemunho gritando: Saulo, Saulo, por que me persegues?” (Santo Agostinho).
Cristo está ainda presente e comprometido com este mundo com todo seu corpo que
é a Igreja.
Dizia São
Josemaria Escrivá: “Cristo espera-nos. Vivemos já como cidadãos do Céu (Fil
3,20), sendo plenamente cidadãos da terra, no meio das dificuldades, das
injustiças, das incompreensões, mas também no meio da alegria e da serenidade
que nos dá sabermo-nos filhos amados de Deus. E se, apesar de tudo, a subida de
Jesus aos céus nos deixar na alma um travo de tristeza, recorramos à sua Mãe,
como fizeram os apóstolos: Tornaram então a Jerusalém... e oravam unanimemente... com Maria, a Mãe de Jesus (At
1,12-14).”
A esperança do
céu encherá de alegria o nosso peregrinar diário. Imitaremos os apóstolos que,
segundo São Leão Magno, “tiraram tanto proveito da Ascensão do Senhor que tudo
quanto antes lhes causava medo, depois se converteu em alegria. A partir
daquele momento, elevaram toda a contemplação das suas almas à divindade que
está à direita do Pai; a perda da visão do corpo do Senhor não foi obstáculo
para que a inteligência, iluminada pela fé acreditasse que Cristo, mesmo
descendo até nós, não se tinha afastado do Pai e, com a sua Ascensão, não se separou dos seus discípulos.”
Com a Ascensão
termina a missão terrena de Cristo e começa a dos seus discípulos, a nossa:
“Vós sereis testemunhas de tudo isso” (Lc 24,48), diz Jesus. Portanto, a festa
de hoje, recorda-nos que o zelo pelas almas é um mandamento amoroso do Senhor.
Ao subir para a sua glória, Ele nos envia pelo mundo inteiro como suas testemunhas.
Grande é a nossa responsabilidade, porque ser testemunhas de Cristo implica,
antes de mais nada, procurar comportar-se segundo a sua doutrina, lutar para
que a nossa conduta recorde Jesus e evoque a sua figura amabilíssima.
Jesus parte,
mas permanece muito perto de cada um. Nós O encontramos na Eucaristia, no
Sacrário de nossas Igrejas .
Visitemos mais
Jesus no Sacrário, à nossa espera! Não
deixemos de procurá-lo com freqüência, ainda que na maioria das vezes só
possamos fazê-lo com o coração, para dizer-lhe que nos ajude na tarefa
apostólica, que conte conosco para estender a sua doutrina por todos os
ambientes.
Nessa semana,
que precede a Solenidade de Pentecostes, fiquemos unidos em oração, como disse
Jesus: “Permanecei na cidade até que sejais revestidos da força do alto” (Lc
24,48). Assim a vida da Igreja não começa com a ação, mas com a oração, junto
com Maria, a Mãe de Jesus.