O Caminho e a Oração
Mons. José Maria Pereira
Hoje e sempre encontramos
multidões que têm fome e sede de
Deus.Continuam a ser atuais as palavras de Santo Agostinho no início de suas Confissões:
“Criaste-nos,Senhor, para Ti e o nosso coração está inquieto enquanto não
descansar em Ti.”O coração da pessoa humana foi feito para procurar e amar a
Deus. E o senhor facilita esse encontro, pois ele também procura cada pessoa
através de inúmeras graças, de atenções cheias de delicadeza e de amor. A sua
sede de salvar os homens é tal que declara: “ Eu sou o caminho, a verdade e a
vida” (Jo 14,6). Tal declaração tem a sua origem na pergunta de Tomé o qual, ao
não compreender tudo o que Jesus afirmara acerca de Seu regresso ao Pai, lhe
perguntara: “Senhor, não sabemos para onde vais. Como é que sabemos o caminho?”
(Jo 14,5). O apóstolo pensava num caminho material, mas Jesus indica-lhe um
espiritual, tão sublime que se identifica com a Sua Pessoa: “Eu sou o caminho”;
e não lhe mostra apenas o caminho, mas também a meta- “ a verdade e a vida”- à
qual conduz e que é também Ele mesmo. Jesus é o caminho que conduz ao Pai:
“Ninguém vai ao Pai senão por Mim” (Jo 14,6); é a verdade que O revela: “Quem
Me viu, viu o Pai” (Jo 14,9); é a vida que comunica aos homens a vida divina:
“Assim como o Pai tem a vida em Si
mesmo” , assim a tem o Filho e dá-a “àquele que quer” (Jo 5, 26. 21). “Eu estou
no Pai e o Pai está em Mim”(Jo 14,11). Sobre esta fé em Cristo, verdadeiro
homem e verdadeiro Deus, caminho que conduz ao Pai e igual em tudo ao Pai,
fundamenta-se a vida do cristão e a de toda a Igreja.
Jesus, com a
sua resposta, está “como que a dizer: Por onde queres ir? Eu sou o caminho.
Para onde queres ir? Eu sou a Verdade. Onde queres permanecer? Eu sou a Vida.
Todo o homem consegue compreender a Verdade e a Vida; mas nem todos encontram o
Caminho. Os sábios do mundo compreendem que Deus é vida eterna e verdade
cognoscível; mas o Verbo de Deus, que é Verdade e Vida junto ao Pai, fez-Se
caminho ao assumir a natureza humana.Caminha contemplando a Sua humildade e
chegarás até Deus” (Santo Agostinho).
Em At 6, 1-7
temos a escolha dos diáconos para ajudarem os Apóstolos no atendimento da
comunidade que crescia cada dia, pois a Palavra de Deus ia se espalhando cada
vez mais. Disseram os Apóstolos: “Quanto a nós entregar-nos-emos assiduamente à
oração e ao serviço da Palavra” (At 6,4).
Assim como o Mestre
passava longas horas em oração individual, também o apóstolo reconhece a
necessidade de alcançar forças novas na oração pessoal, feita em íntima união
com Cristo, pois só assim será eficaz o seu ministério e poderá levar ao mundo
a palavra e o amor do Senhor.
Já
dizia São João Paulo II: “A oração é para mim a primeira tarefa e como o
primeiro anúncio; é a primeira condição de meu serviço à Igreja e ao mundo.”
São
Josemaria Escrivá ensinou: “... a nossa vida de apóstolo vale o que valer a
nossa oração” (caminho, nº 108). E, continua São Josemaria: “ Se não és homem
de oração, não acredito na retidão de tuas intenções quando dizes que trabalhas
por Cristo” (Caminho, nº 109)
O
apostolado é fruto do amor a Cristo. Ele é a luz com que iluminamos, a verdade
que devemos ensinar, a Vida que comunicamos. E isto só será possível se formos
homens e mulheres unidos a Deus pela oração.
A oração nunca
deixa de dar os seus frutos. Dela tiraremos a coragem necessária para enfrentar
as dificuldades com a dignidade dos filhos de Deus, bem como para perseverar no
convívio com os amigos que desejamos levar a Deus. Por isso a nossa amizade com
Cristo há de ser cada dia mais profunda e sincera. Sem oração, o cristão seria
como uma planta sem raízes; acabaria por secar, e não teria assim a menor possibilidade de dar
fruto. A oração é o suporte de toda a nossa vida e a condição de todo o
apostolado.
“Persevera na oração.- Persevera, ainda que o teu esforço pareça estéril.- A oração é sempre fecunda” (Caminho, nº 101)
“Persevera na oração.- Persevera, ainda que o teu esforço pareça estéril.- A oração é sempre fecunda” (Caminho, nº 101)
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