O
Bom Pastor e as Vocações
Mons.
José Maria Pereira
O
Quarto Domingo da Páscoa é o domingo do BOM PASTOR.
Depois de várias aparições de Cristo ressuscitado às
mulheres, aos apóstolos, aos discípulos, hoje Jesus se apresenta como o BOM
PASTOR! É um título de Cristo muito familiar aos primeiros cristãos.
A liturgia deste domingo convida-nos a meditar na
misericordiosa ternura de nosso Salvador, para que reconheçamos os direitos que
Ele adquiriu sobre cada um de nós com a sua morte.
Na
primeira leitura (At 2,14-41) ouvimos o discurso de Pedro, no dia de
Pentecostes. Ele se dirige à multidão dos judeus que não se tinham ainda se
convertido; explica-lhes o sentido da
morte de Cristo, prepara-os para a fé e a conversão. O pescador da Galiléia
está fazendo sua primeira experiência como pescador de homens: “Naquele dia se
uniram a eles cerca de três mil pessoas...”(Cf. At 2, 41).
No
Evangelho (Jo 10, 1-10) ouvimos a palavra do próprio Cristo que nos fala em
primeira pessoa: Eu sou o bom pastor: eu sou a porta. É uma catequese sobre a
missão de Jesus: conduzir o homem às pastagens verdejantes e às fontes
cristalinas, de onde brota a vida em plenitude.
O
Bom Pastor aparece numa atitude de ternura com as ovelhas... Ele as conhece,as
chama pelo nome, caminha com elas e estas O seguem. Elas escutam a Sua voz,
porque sabem que as conduz com segurança.
Em
contraste com o pastor, aparece a figura dos ladrões e dos bandidos. São todos
os que se apresentam como Pastor, ou até falam em nome de Cristo, mas procuram
somente vantagens pessoais. Além do título de Bom Pastor, Cristo aplica-Se a Si
mesmo a imagem da porta pela qual se entra no aprisco das ovelhas que é a
Igreja. Ensina o Concílio Vaticano II:” A Igreja é o redil, cuja única porta e
necessário pastor é Cristo (LG,6). No redil entram os pastores e as ovelhas.
Tanto uns como outras hão de entrar pela porta que é Cristo. “ Eu, pregava
Santo Agostinho, querendo chegar até vós, isto é, ao vosso coração, prego-vos
Cristo: se pregasse outra coisa, quereria entrar por outro lado. Cristo é para
mim a porta para entrar em vós: por Cristo entro não nas vossas casas, mas nos
vossos corações. Por Cristo entro gozosamente e escutais-me ao falar dEle. Por
quê? Porque sois ovelhas de Cristo e fostes compradas com o Seu Sangue”.
“... e as ovelhas O seguem, porque conhecem a sua voz” (Jo 10,4). Ora, a Igreja é Cristo continuado! Diz São Josemaria Escrivá: “Cristo deu à Sua Igreja a segurança da doutrina, a corrente de graça dos sacramentos; e providenciou para que haja pessoas que nos orientem, que nos conduzam, que nos recordem constantemente o caminho. Dispomos de um tesouro infinito de ciência: a Palavra de Deus guardada pela Igreja; a graça de Cristo, que se administra nos Sacramentos; o testemunho e o exemplo dos que vivem com retidão ao nosso lado e sabem fazer das suas vidas um caminho de fidelidade a Deus” (Cristo que passa, nº 34). Jesus é a porta das ovelhas! Para as ovelhas significa que Jesus é o único lugar de acesso para que as ovelhas possam encontrar as pastagens que dão vida.
Para
os cristãos, o Pastor por excelência é Cristo: Ele recebeu do Pai a missão de
conduzir o rebanho de Deus... Portanto, Cristo deve conduzir as nossas
escolhas.
Quem
nos conduz? Qual é a voz que escutamos? A voz da política, a voz da opinião
pública, a voz do comodismo e da instalação, a voz dos nossos privilégios, a
voz do êxito e do triunfo a qualquer custo, a voz da novela? A voz da
televisão?
Cristo
é o nosso Pastor! Ele Conhece as ovelhas e as chama pelo nome, mantendo com
cada uma delas uma relação muito pessoal.
A
existência humana é bem complexa para que se possa vivê-la com segurança absoluta.
Jesus, porém, oferece a quem O segue a direção exata e a proteção eficaz para
evitar os elementos que podem prejudicar. Afirma o Sl 22(23): “ Mesmo que eu
passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei;estais comigo...”.
O
Divino Pastor é quem pode, realmente, ajudar, salvar e conservar a vida. Ele
afirmou: “Eu vim para que todos tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10,
10).
Para
distinguir a Voz do Pastor é preciso três coisas: - Uma vida de oração intensa;
um confronto permanente com a Palavra de Deus e uma participação ativa nos
sacramentos, onde recebemos a vida, que o Pastor nos oferece.
Nesse
domingo celebramos 51° Dia Mundial de Oração pelas Vocações e o Papa convida-nos
a refletir sobre o tema “As Vocações, testemunho da verdade”.
Diz
o Santo Padre, Papa Francisco: “ Narra o Evangelho que “ Jesus percorria as
cidades e as aldeias...contemplando a multidão, encheu-Se de compaixão por ela,
pois estava cansada e abatida, como ovelhas sem pastor. Disse, então, aos seus
discípulos: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai,
portanto, ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe” (
Mt 9, 35-38). Estas palavras causam-nos surpresa, porque todos sabemos que,
primeiro, é preciso lavrar, semear e cultivar, para depois, no tempo devido, se
poder ceifar uma messe grande. Jesus, ao invés, afirma que “a messe é grande”.
Quem trabalhou para que houvesse tal resultado? A resposta é uma só: Deus.
Evidentemente, o campo de que fala Jesus é a humanidade, somos nós.
Dirijo-me,
agora, àqueles que estão dispostos, justamente, a pôr-se à escuta da voz de
Cristo, que ressoa na Igreja, para compreenderem qual possa ser a sua vocação.
Convido-vos a ouvir e seguir Jesus, a deixar-vos transformar interiormente
pelas suas palavras que “são espírito e são vida” ( Jo 6,63). Maria, Mãe de
Jesus e nossa, repete também a nós: “Fazei o que Ele vos disser!” (Jo 2,5).”(
Papa Francisco, Mensagem para o 51° Dia Mundial de Oração pelas Vocações.
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