domingo, 23 de março de 2014

Homilía Dominical dia 23/04/2014 Jo 4, 5-42




Jesus e a  Samaritana
Mons. José Maria Pereira

A Quaresma é para nós um tempo forte de conversão e renovação em preparação à PÁSCOA.
O grande tema que marca este Domingo é a ÁGUA, símbolo da vida.
A 1ª leitura (Ex 17, 3-7) nos fala da água que brota da rocha golpeada por Moisés para saciar a sede do povo no deserto. Moisés dá de beber a seu povo. É imagem de Cristo, que no futuro dará a água da vida, que é o Espírito Santo.
Em Rm 5, 1-2. 5-8 São Paulo faz uma releitura significativa: A rocha é Cristo. Do Cristo morto e ressuscitado brota o Espírito como rio de água viva. “O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito que nos foi dado” (Rm 5, 5).
No Evangelho (Jo 4, 5-42), Jesus pede e oferece ÁGUA à Samaritana.
O Evangelho da Samaritana é encantador! A fina psicologia de Jesus manifesta-se a cada passo. Jesus, cansado da caminhada, sentou-se junto ao poço. Quando se aproximava a mulher, Jesus lhe pede: “Dá-me de beber”. E estabelece-se o diálogo. Jesus apresenta-se como água viva. Quem beber dessa água nunca mais terá sede. É a água que jorra para a vida eterna. Quando a mulher lhe pede dessa água, para que não mais precise buscá-la no poço, Jesus penetra mais fundo na alma dessa mulher: “Vai, chama o teu marido e volta aqui”. Ela, por sua vez, reconhece que não tem marido. Jesus a valoriza, louvando sua sinceridade e a mulher o reconhece como um profeta. Jesus, a partir dessa sua fé incipiente, revela-lhe que é o Messias. E a Samaritana abandona o “Velho balde” e corre para a cidade, para anunciar ao povo a verdade que tinha encontrado.
Essa mulher desprezada, após escutar Jesus como Discípula, torna-se MISSIONÁRIA de Cristo, antes mesmo dos apóstolos...
Jesus veio para salvar o que estava perdido.
Ensinava São Josemaria Escrivá: “Sempre que nos cansemos – no trabalho, no estudo, na tarefa apostólica – sempre que no horizonte haja trevas, então é preciso olhar Cristo: Jesus bom, Jesus cansado, Jesus faminto e sedento. Como te fazes compreender bem, Senhor! Como te fazes amar! Mostras-te igual a nós em tudo, exceto no pecado, para que sintamos que contigo poderemos vencer as nossas más inclinações e as nossas culpas. Efetivamente, não têm importância o cansaço, a fome, a sede, as lágrimas... Cristo cansou-Se, passou fome, teve sede, chorou. O que importa é a luta – uma luta amável, porque o Senhor permanece sempre a nosso lado – para cumprir a vontade do Pai que está nos céus” (Amigos de Deus, nº 176 e 201).
É profundo o diálogo de Jesus com a Samaritana. “Jesus pede de beber e promete dar de beber. Apresenta-se como necessitado que espera receber, mas possui em abundância para saciar os outros. Se tu conhecesses o dom de Deus, diz Ele. O dom de Deus é o Espírito Santo. Que água lhe daria Ele, senão aquela da qual está escrito: em vós está a fonte da vida? (Sl 35, 10). Pois como podem ter sede os que vêm saciar-se na abundância de vossa morada? (Sl 35, 9).
O Senhor prometia à mulher um alimento forte, prometia saciá-la com o Espírito Santo. Mas ela ainda não compreendia e disse-Lhe: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede e nem tenha de vir aqui para tirá-la” (Santo Agostinho).
A transformação que a graça opera na Samaritana é maravilhosa! O pensamento dessa mulher centra-se agora somente em Jesus e, esquecendo-se do motivo que a tinha levado ao poço, deixa o seu cântaro e dirige-se à aldeia para comunicar a sua descoberta! “Os Apóstolos, quando foram chamados, deixaram as redes, a Samaritana deixa o seu cântaro e anuncia o Evangelho, e não chama somente um, mas põe em alvoroço toda a cidade” (Hom. sobre São João, 33). Toda conversão autêntica projeta-se necessariamente para os outros, num desejo de os tornar participantes da alegria de se ter encontrado com Jesus.
Que a Caminhada quaresmal nos ajude a voltar ao POÇO, lugar de ENCONTRO.
Os homens continuam ainda hoje procurando um Poço, para saciar sua sede profunda de vida. Só Cristo mata definitivamente a sede de vida e felicidade do homem.
Como discípulos e missionários possamos, como a Samaritana, anunciar a todos o Cristo, nossa vida e felicidade...
Façamos nosso o pedido da Samaritana: “Senhor, dá-nos sempre dessa água!”.

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