Jesus e a Samaritana
Mons. José Maria Pereira
A Quaresma é
para nós um tempo forte de conversão e renovação em preparação à PÁSCOA.
O grande tema
que marca este Domingo é a ÁGUA, símbolo da vida.
A 1ª leitura
(Ex 17, 3-7) nos fala da água que brota da rocha golpeada por Moisés para
saciar a sede do povo no deserto. Moisés dá de beber a seu povo. É imagem de
Cristo, que no futuro dará a água da vida, que é o Espírito Santo.
Em Rm 5, 1-2.
5-8 São Paulo faz uma releitura significativa: A rocha é Cristo. Do Cristo
morto e ressuscitado brota o Espírito como rio de água viva. “O amor de Deus
foi derramado em nossos corações pelo Espírito que nos foi dado” (Rm 5, 5).
No Evangelho
(Jo 4, 5-42), Jesus pede e oferece ÁGUA à Samaritana.
O Evangelho da
Samaritana é encantador! A fina psicologia de Jesus manifesta-se a cada passo.
Jesus, cansado da caminhada, sentou-se junto ao poço. Quando se aproximava a
mulher, Jesus lhe pede: “Dá-me de beber”. E estabelece-se o diálogo. Jesus
apresenta-se como água viva. Quem beber dessa água nunca mais terá sede. É a
água que jorra para a vida eterna. Quando a mulher lhe pede dessa água, para
que não mais precise buscá-la no poço, Jesus penetra mais fundo na alma dessa
mulher: “Vai, chama o teu marido e volta aqui”. Ela, por sua vez, reconhece que
não tem marido. Jesus a valoriza, louvando sua sinceridade e a mulher o
reconhece como um profeta. Jesus, a partir dessa sua fé incipiente, revela-lhe
que é o Messias. E a Samaritana abandona o “Velho balde” e corre para a cidade,
para anunciar ao povo a verdade que tinha encontrado.
Essa mulher
desprezada, após escutar Jesus como Discípula, torna-se MISSIONÁRIA de
Cristo, antes mesmo dos apóstolos...
Jesus veio
para salvar o que estava perdido.
Ensinava São
Josemaria Escrivá: “Sempre que nos cansemos – no trabalho, no estudo, na tarefa
apostólica – sempre que no horizonte haja trevas, então é preciso olhar Cristo:
Jesus bom, Jesus cansado, Jesus faminto e sedento. Como te fazes compreender
bem, Senhor! Como te fazes amar! Mostras-te igual a nós em tudo, exceto no
pecado, para que sintamos que contigo poderemos vencer as nossas más
inclinações e as nossas culpas. Efetivamente, não têm importância o cansaço, a
fome, a sede, as lágrimas... Cristo cansou-Se, passou fome, teve sede, chorou.
O que importa é a luta – uma luta amável, porque o Senhor permanece sempre a
nosso lado – para cumprir a vontade do Pai que está nos céus” (Amigos de Deus,
nº 176 e 201).
É profundo o
diálogo de Jesus com a Samaritana. “Jesus pede de beber e promete dar de beber.
Apresenta-se como necessitado que espera receber, mas possui em abundância para
saciar os outros. Se tu conhecesses o dom de Deus, diz Ele. O dom de Deus é o
Espírito Santo. Que água lhe daria Ele, senão aquela da qual está escrito: em
vós está a fonte da vida? (Sl 35, 10). Pois como podem ter sede os que vêm
saciar-se na abundância de vossa morada? (Sl 35, 9).
O Senhor
prometia à mulher um alimento forte, prometia saciá-la com o Espírito Santo.
Mas ela ainda não compreendia e disse-Lhe: “Senhor, dá-me dessa água, para que
eu não tenha mais sede e nem tenha de vir aqui para tirá-la” (Santo Agostinho).
A
transformação que a graça opera na Samaritana é maravilhosa! O pensamento dessa
mulher centra-se agora somente em Jesus e, esquecendo-se do motivo que a tinha
levado ao poço, deixa o seu cântaro e dirige-se à aldeia para comunicar a sua
descoberta! “Os Apóstolos, quando foram chamados, deixaram as redes, a
Samaritana deixa o seu cântaro e anuncia o Evangelho, e não chama somente um,
mas põe em alvoroço toda a cidade” (Hom. sobre São João, 33). Toda conversão
autêntica projeta-se necessariamente para os outros, num desejo de os tornar
participantes da alegria de se ter encontrado com Jesus.
Que a
Caminhada quaresmal nos ajude a voltar ao POÇO, lugar de ENCONTRO.
Os homens
continuam ainda hoje procurando um Poço, para saciar sua sede profunda de vida.
Só Cristo mata definitivamente a sede de vida e felicidade do homem.
Como
discípulos e missionários possamos, como a Samaritana, anunciar a todos o
Cristo, nossa vida e felicidade...
Façamos nosso
o pedido da Samaritana: “Senhor, dá-nos sempre dessa água!”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário