Queridos
equipistas e conselheiros espirituais:
Depois do Encontro de Brasília, o primeiro a ser
feito fora da Europa, numa vivência do espírito de internacionalidade do nosso
Movimento, dirigimos esta Carta a todos vós, membros das Equipas de Nossa Senhora.
Para aqueles que estiveram em Brasília e tiveram a
graça de participar e viver a grande Festa do nosso Movimento, temos a certeza
que a profunda experiência em que participaram os levará a “OUSAR O EVANGELHO”.
Para todos os que não puderam estar presentes, a
Equipa Responsável Internacional gostaria que ouvissem esta voz que ressoa no
coração de todos, e com a força do Amor
façam “jorrar rios de água viva”
neste mundo que pede com ousadia que “Partamos
e façamos o mesmo que Ele fez”.
Estas considerações que nos ocorrem no final do
Encontro Internacional de Brasília, que foi um momento de imensa felicidade, queremos partilhá-las
com todos vós, no sentido de serem inspiradoras para os próximos tempos, nos
quais, ao ritmo e no sentir com o coração da Igreja, desejamos caminhar, na obediência
e na fidelidade ao Senhor. Sabemos que é na obediência que se vive a liberdade,
e na fidelidade que se vive o amor, porque a fidelidade é a vitória do amor
sobre o tempo, transformando-nos em anunciadores da liberdade.
«No último dia de festa, que é o mais solene, Jesus
ficou de pé e gritou: “Se alguém tem
sede, venha a mim, e aquele que acredita em Mim, beba.” É como diz a
Escritura: “Do seu seio jorrarão rios de
água viva.” Jesus disse isto, referindo-se
ao Espírito que deveriam receber os que acreditassem n’Ele (Jo 7, 3739a).
Este texto do Evangelho convida-nos a contemplar o
mistério de Cristo, como a fonte onde temos sempre de ir beber a água que mata
a sede de paz e de felicidade que todos desejamos, mas que pelas nossas forças
não podemos alcançar.
A orientação geral “OUSAR O EVANGELHO” é um desafio que nos conduzirá a ser:
I.
Casais:
Ousar ter um coração pleno do Amor de Cristo
“ Se alguém
tem sede, venha a Mim, e aquele que acredita em Mim, beba”. ( Jo 7, 37b,
38a)
1.
Voltar à
Fonte
Como Casais das Equipas de Nossa Senhora, somos
convidados nos próximos anos a renovar este esforço de voltar às origens, ao
mistério de Cristo e da Igreja, pois é neste grande amor que encontramos a nossa
razão de ser.
Este convite a que os casais das Equipas de Nossa
Senhora regressem à fonte deverá concretizar-se na fidelidade à Carta Fundadora (1947), revisitando os
textos inspiradores do carisma, mística e pedagogia do nosso Movimento
-assentes em três pilares fundamentais: Orientações de Vida; Pontos Concretos
de Esforço e Vida de Equipa -e, mais recentemente, num desejo de fidelidade
criativa, bem expressa no Segundo Fôlego.
Todos somos mobilizados para este percurso de
retorno às origens, para que a vivência da
espiritualidade conjugal, eixo da nossa vida, seja
cada vez mais fecunda nestes tempos de grandes mudanças no mundo, mudanças que
representam um desafio. Ousemos, pois, o Evangelho na fidelidade e na coerência
da Fé “acolhendo os valores e as necessidades na medida em que sejam
assimiláveis e em união ao Carisma Fundador” (padre Caffarel – discurso de
Chantilly; Maio1987).
Na base de uma espiritualidade conjugal e familiar,
podemos caminhar no sentido da redescoberta sempre mais profunda do sentido da
fé, aqui entendida, como nos convida Bento XVI, como adesão a Deus, cujo amor
reconhecemos na história e nas nossas vidas, como pessoas e como casais.
2. A
relação do homem e da mulher, que nas Equipas de Nossa Senhora é iluminada e
fortalecida pela graça do sacramento,
é vivida no e com o Senhor. É
importante aceitar as diferenças entre os cônjuges, não só na sua
complementaridade psicológica e afectiva, mas também tendo em conta a
diferenciação pessoal (sexual) inscrita no pensamento de Deus, que assim criou
o homem à sua imagem e semelhança, e homem e mulher os criou (Gen 1,27), como
se lê nas Sagradas Escrituras: “E Deus viu que era tudo muito bom” (Gen 1,31).
No matrimónio cristão celebramos a redenção do
homem e da mulher no que diz respeito também à dinâmica dos afectos e das
paixões.
Pelo dom do Espírito Santo e com o auxílio da graça,
é possível passar de um amor passional para a dinâmica de um amor oblativo.
Para o casal cristão, o próximo mais próximo e
prioritário é o próprio cônjuge. Este é chamado a ser constantemente um “bom
samaritano” para o outro, vivendo a partir do outro e ao serviço das
necessidades dele, em vez de seguir espontaneamente os desejos e projectos
pessoais e a própria satisfação. Só é possível viver a santidade em qualquer
estado de vida cristã, mas muito particularmente no matrimónio, seguindo a lógica
da cruz, ou seja, o amor oblativo, de dar a vida um pelo outro.
A nossa maior ousadia será a vivência da nossa
relação conjugal -movida sempre pelo amor e pela abnegação – que deve ser
testemunho de vida do casal e da família.
Em Chantilly, o Padre Caffarel afirmava a este
respeito: “Não existe amor sem abnegação, e não se pode praticar uma abnegação
que não venha do amor”, pois só um amor abnegado e fiel é verdadeiro. E continuava:
“A vida conjugal comporta grandes
riquezas mas também grandes exigências”.
II . Casais:
Ousar acolher e tomar conta dos Homens
“Do seu seio
jorrarão rios de água viva” (Jo 7, 38b)
3. O
Movimento das Equipas de Nossa Senhora, sendo e devendo permanecer um movimento de espiritualidade, deve não
só aprofundar para dentro a espiritualidade conjugal, mas também irradiá-la
para fora, para aquelas situações problemáticas que muitos homens e mulheres
hoje vivem e que não conseguem resolver. Todos os seus dons e carismas são
suscitados e dados pelo Espírito Santo para o bem comum, para a promoção da
unidade, da caridade e da santidade, para que irradie, como sinal visível, para
o mundo.
Como afirmava o Padre Caffarel, dirigindo-se aos
casais das Equipas de Nossa Senhora e lembrando o encontro com Paulo VI (1968):
“Estou plenamente convencido de que vocês compreenderam de imediato que não são
apenas os destinatários, mas sim os mensageiros diante desses milhares de
casais … a respeito dos quais nos pedia o Papa que tivéssemos presentes em
nosso pensamento”.
4. As
Equipas de Nossa Senhora devem ser um Movimento, comunidades a caminho, dando
razões de esperança às novas gerações, para que não tenham medo de correr o
risco de celebrar o seu amor no Senhor (1Cor 7). O matrimónio é uma graça e uma missão.
Como nos dizia o Padre Caffarel, no editorial da
carta mensal nº1, intitulado “O Êxito da Caridade”: “O amor fraterno é
extraordinariamente fecundo. Ao seu redor e com seu influxo o mal retrocede e o
deserto torna-se fértil”.
É urgente ajudar, até onde a caridade fraterna nos
possa levar, os casais em dificuldade, bem como aqueles que fracassaram no amor
e tentaram uma segunda oportunidade. (cf. Familiaris Consortio, nºs 80 a 85). É
urgente testemunhar a todos que a única palavra que faz sentido é a do perdão;
por mais complexa que seja a situação do homem, por mais duro que seja o
coração humano, o coração de Deus é diferente, é maior do que o nosso (cf 1 Jo
3, 20).
Outra questão importante para todas as Equipas,
embora em momentos diferentes, é o envelhecimento dos casais. A espiritualidade do
Movimento deverá ser uma preciosa ajuda para que as pessoas e os casais possam
envelhecer com dignidade e viver a graça e o carisma próprios de cada fase da vida.
É importante que os Casais das Equipas de Nossa
Senhora sejam fecundos na irradiação de uma cultura de presença e de
solidariedade com todos aqueles que passam por grandes dificuldades. Ser óleo
da consolação, procurando viver a caridade de uma forma inventiva, ao ajudar
todos os que estão em dificuldade a viver o melhor possível as suas vidas com o
espírito do Evangelho e o sentir da Igreja.
III. Casais: Ousar partir para o Mundo ao serviço da Igreja
“Jesus disse isto, referindo-se ao Espírito que
deveriam receber os que acreditassem n’Ele”. (Jo 7, 39)
5. O
Movimento das Equipas de Nossa Senhora deverá nos tempos atuais dar sinais de
esperança, aquele olhar confiante no presente e no futuro, porque sabemos em
quem confiamos, as nossas vidas estão nas mãos de Deus; os nossos nomes, desde
o batismo, inscritos no livro da vida. O apelo à santidade em casal, como
específico da graça e do carisma das Equipas de Nossa Senhora, deve ser vivido
também como missão, que pressupõe a fidelidade aos pontos concretos de esforço, sobretudo à oração conjugal e ao dever
de se sentar.
A missão
traduzir-se-á na disponibilidade e abertura ao sentir da Igreja e às suas
urgências pastorais mais imediatas, como seja a tarefa da nova evangelização
dos casais e das famílias, do evangelho da santidade vivida na vocação e na
missão do sacramento do matrimónio.
O Movimento das Equipas de Nossa Senhora deve
formar e preparar os seus casais para partirem em missão para o mundo, dando
testemunho da sua vocação de casal cristão.
Assim, os casais das Equipas de Nossa Senhora
sentir-se-ão membros vivos e activos de uma grande comunidade, a Igreja, que ultrapassa todas
as fronteiras, porque constituída por casais cristãos de todos os continentes,
de todas as raças e culturas, nas quais se compõe e se executa a divina
sinfonia do amor.
Conclusão
Iluminados
pela luz deste Encontro de Brasília, esperamos que o Movimento cresça cada vez
mais em riquezas espirituais, recebendo a força das vossas energias e a ousadia
do vosso serviço.
As ENS
permanecerão firmes na unidade e na fidelidade ao seu Carisma, mas também
estarão abertas ao
mundo e aos sinais dos tempos, com um novo ardor, um novo vigor, um novo
fôlego.
Casais das
Equipas de Nossa Senhora, sejamos na Igreja e no mundo de hoje, sinais de
esperança e fermento de novas gerações que acreditam na Vida, dando testemunho
de que o Sacramento do Matrimónio é caminho de Amor, Felicidade e Santidade.
Confiemos em
Maria, nossa Mãe, que nos guiará para irmos e fazermos o mesmo que ELE fez.
Paris, 1 de
Setembro de 2012
A Equipa
Responsável Internacional
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