Quem é o Padre?
Mons. José Maria Pereira
“Em Cristo, o
Senhor nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e
irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor” (Ef 1,4). Todos os batizados podem
aplicar a si próprios essas palavras de São Paulo. Graças ao Batismo e à
Confirmação (Crisma), todos os fiéis cristãos são “uma raça eleita, um
sacerdócio real, uma nação santa, o povo de sua particular propriedade” (1 Pd
2,9), “destinados a oferecer vítimas que sejam
agradáveis a Deus por Jesus Cristo” (Vat. II, LG,10).
Por vontade
divina, dentre os fiéis que possuem o sacerdócio comum, alguns são chamados-
mediante o sacramento da Ordem- a exercer o sacerdócio ministerial. Este
pressupõe o sacerdócio comum dos fiéis, mas distingue-se dele essencialmente:
pela consagração recebida no sacramento da Ordem, o sacerdote converte-se em
instrumento de Jesus Cristo, a quem empresta todo o seu ser, para levar a todos
a graça da Redenção. É um homem escolhido entre os homens, constituído em favor
dos homens no que se refere a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos
pecados (Hb 5,1). Qual é, pois, a identidade do sacerdote? “A de Cristo. Todos
os cristãos podem e devem ser não já alter Christus, mas ipse Christus: outros
Cristos, o próprio Cristo! Mas no sacerdote isto se dá imediatamente, de forma
sacramental” (S. Josemaria Escrivá, Amar a Igreja, pág. 72).
O Senhor,
presente de muitas maneiras entre nós, mostra-se muito próximo na figura do
sacerdote. Cada sacerdote é um imenso dom de Deus ao mundo; é Cristo que passa
fazendo o bem, curando doenças, dando paz e alegria às consciências; é o
instrumento vivo de Cristo no mundo, empresta a Nosso Senhor a sua voz, as
mãos, todo o seu ser. “Jesus – recordava Beato João Paulo II aos sacerdotes –
identifica- nos de tal modo consigo no exercício dos poderes que nos conferiu,
que a nossa personalidade como que desaparece diante da sua, já que é Ele quem
atua por meio de nós.”
Na celebração
da Missa, é Jesus Cristo quem muda a substância do pão e do vinho no seu Corpo e
no seu Sangue. E “é o próprio Jesus
quem, no sacramento da Penitência, pronuncia a palavra autorizada e paterna: Eu
te absolvo dos teus pecados. E é Ele quem fala quando o sacerdote, exercendo o
seu ministério em nome e no espírito da Igreja, anuncia a Palavra de Deus. É o
próprio Cristo quem cuida dos doentes, das crianças e dos pecadores, quando o
amor e a solicitude pastoral dos ministros sagrados os envolvem” (Beato João
Paulo II).
Um sacerdote é
mais valioso para a humanidade que todos os bens materiais e humanos juntos.
Daí a importância de rezarmos muito pela santidade dos sacerdotes, ajudá-los e
ampará-los com a nossa oração e a nossa estima.
Deus toma
posse daquele que chamou ao sacerdócio, consagra-o para o serviço dos outros
homens, seus irmãos, e confere-lhe uma nova personalidade. E este homem, eleito
e consagrado ao serviço de Deus e dos outros, não o é somente em algumas
ocasiões determinadas, por exemplo, quando realiza uma função sagrada, mas
sempre, em todos os momentos, tanto quando exerce o mais alto e sublime ofício
como no ato mais vulgar e humilde da vida quotidiana. Qualquer coisa que faça,
qualquer atitude que tome, quer queira, quer não, será sempre a ação e a
atitude de um sacerdote, porque ele o é sempre, em todas as horas e até à raiz
do seu ser, faça o que quiser e pense o que pensar.
O Sacerdote é
um enviado de Deus ao mundo, para que lhe fale da sua salvação, e é constituído
administrador dos tesouros de Deus: o Corpo e o Sangue de Cristo, bem como a
graça de Deus por meio dos sacramentos, a palavra de Deus mediante a pregação,
a catequese ,os conselhos da Confissão. Está confiada ao sacerdote a mais
divina das obras divinas, que é a salvação das almas; foi constituído
embaixador e medianeiro entre Deus e os homens.
Por isso temos
que rezar muito mais para que a Igreja conte sempre com os sacerdotes
necessários, com sacerdotes que lutem por ser santos. Temos que rezar e
fomentar essas vocações, se é possível, entre os membros da própria família!
Que imensa alegria para uma família se Deus a abençoa com este dom!
Enviai,
Senhor, Apóstolos Santos à vossa Igreja.
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