O Grão de Mostarda
Mons. José Maria
Pereira
As
duas Parábolas de Jesus, a Semente e o Grão de Mostarda (Mc 4, 26-34), mostram
que o Reino de Deus não é obra dos homens, é obra de Deus e que a comunidade
cristã deve ter confiança total na ação de Deus.
“O
Reino de Deus é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a
menor de todas as sementes da terra, mas depois brota e torna-se maior do que
todas as hortaliças, e estende ramos tão grandes, que os pássaros do céu podem
abrigar-se à sua sombra” (Mc 4, 31-32).
Importa,
pois, que o ser humano seja a terra boa, colaborando com a graça de Deus.
O
Senhor escolheu um punhado de homens para instaurar o seu reinado no mundo. A
maioria deles eram humildes pescadores, de pouca cultura, cheios de defeitos e
sem meios materiais: “o que é fraco no mundo, Deus o escolheu para confundir os
fortes” (1 Cor 1, 27). Considerando humanamente, é incompreensível que esses
homens tivessem chegado a difundir a doutrina de Cristo por toda a terra, em
tempo tão curto e tendo que enfrentar tantos obstáculos e contradições.
Com
a parábola do grão de mostarda -comenta São João Crisóstomo-, o Senhor moveu-os
à fé e fez-lhe ver que a pregação do Evangelho se propagaria apesar de todas as
dificuldades.
Nós
também somos esse grão de mostarda em relação à tarefa que o Senhor nos confia
no meio do mundo. Não devemos esquecer a desproporção entre os meios ao nosso
alcance- os nossos poucos talentos- e a vastidão do apostolado que devemos
realizar; mas também não podemos esquecer que sempre teremos a ajuda do Senhor.
Surgirão dificuldades, e então seremos mais conscientes da nossa
insignificância e não teremos outro remédio senão confiar mais no Mestre e no
caráter sobrenatural da obra que nos encomenda.
Ensina
São Josemaria Escrivá: “Nas horas de luta e contradição, quando talvez “os
bons” encham de obstáculos o teu caminho, levanta o teu coração de apóstolo;
ouve Jesus que fala do grão de mostarda e do fermento. E sentirás a alegria de
contemplar a vitória futura: aves do céu à sombra do teu apostolado, agora
incipiente; e toda a massa fermentada” (Caminho, 695).
Se
não perdermos de vista a nossa pouca valia e a ajuda da graça, permaneceremos
sempre firmes às expectativas do Senhor em relação a cada um de nós. Com Ele,
podemos tudo.
As
parábolas da semente e do grão de mostarda, ainda que sejam um apelo à
humanidade, único terreno apto para o desenvolvimento do Reino de Deus, são
também um convite a um são otimismo, baseado na eficácia infalível da ação
divina.
Mesmo
quando os homens estão pervertidos, ao ponto de negar a Deus e de O considerar
“morto”, vivendo como se não existisse, Ele está sempre presente e atuante na
história humana e continua a espalhar a semente do Seu Reino.
A
própria Igreja, que colabora nesta sementeira, não vê, a maior parte das vezes,
os seus frutos; mas é certo que um dia amadurecerão as espigas. Porém, é
preciso esperar com paciência a hora marcada por Deus, como o lavrador, sem
inquietação, espera que passe o inverno e que o grão germine. E se isto serve
para a Igreja, deve servir também para cada um em particular, porque no coração
do homem se desenvolve, ocultamente, o Reino de Deus e a santidade. Por isso,
não deve haver lugar para desânimos, se, depois de esmerados esforços, um se
encontra fraco e defeituoso. É preciso perseverar no esforço, mas confiando
apenas em Deus, porque somente Ele pode tornar eficaz a ação do homem.
O
anúncio do Evangelho, feito na maioria das vezes entre os companheiros de
trabalho ou entre os vizinhos, significou nos primeiros tempos uma mudança
radical de vida e a salvação eterna para famílias inteiras.
Que
o Senhor nos dê forças para sermos cristãos autênticos vivendo a fé que
professamos, em todos os momentos e situações da vida. Serão ocasiões para
mostrarmos o nosso amor a Deus, deixando de lado os respeitos humanos, a
opinião do ambiente, etc; “pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de
fortaleza, de amor e de sabedoria. Não te envergonhes, portanto, do testemunho
de nosso Senhor...”(2 Tm 1 ,7-8).
Somos
convidados a continuar semeando com fé e confiança. A força vital de Deus age,
garantindo o sucesso da colheita, da Missão. Os frutos não dependem de quem
semeou, mas da força da semente. O crescimento do Reino depende da ação
gratuita de Deus.
Deus
vale-se do pouco para as suas obras.
Nunca
nos faltará também a sua ajuda.
E
também nós encontraremos na Cruz o poder e a valentia de que necessitamos.
(Contribuição do casal Carla e Paulinho - Equipe 04 - Nossa Senhora Rainha da Paz)
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